A real de Portugal: socialistas e centro-direita se unem e isolam a ultradireita

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Depois de dois dias de impasse, finalmente a Assembleia da República de Portugal elegeu um novo presidente: José Pedro Aguiar-Branco, do Partido Social Democrata (PSD). O resultado só foi possível depois de um acordo entre o centro-direita e os socialistas. O acerto prevê que o PSD lidere o Parlamento nos próximos dois anos e o Partido Socialista (PS), nos dois anos seguintes, com Francisco Assis.

Com essa aliança inédita, o centro-direita e os socialistas isolaram o Chega, da ultradireita, que vinha atrapalhando a escolha do novo presidente da Assembleia da República. Foram necessárias quatro eleições para que o comando do Parlamento fosse definido. A estratégia, dizem os líderes do PSD e do PS, é reforçar a democracia em Portugal.

O próximo governo, que tomará posse em 2 de abril, será liderado por Luís Montenegro, do PSD. Com minoria no Parlamento, ele precisará dos votos da oposição para aprovar projetos de interesse do país. Mas ele não queria se unir à extrema-direita, que fez 50 deputados, consolidando-se como a terceira bancada da Assembleia da República.

Durante a campanha eleitoral, Montenegro havia deixado claro que, em hipótese alguma, se aliaria ao Chega. Tanto que repetiu, inúmera vezes, que “não é não”, quando questionado sobre o assunto. O líder do PSD sabe que uma união com a ultradireita seria o primeiro passo para a implosão de seu partido.

Agora, com o acordo fechado com o PS para a definição do comando da Assembleia da República, Montenegro afasta de vez as especulações em torno de um casamento com os radicais de direita e garante uma estabilidade política em Portugal, em que os dois maiores partidos do país continuarão a dar as cartas, sem a ameaça de a ultradireita fazer valer a radicalização.

Vicente Nunes