Os profissionais brasileiros da área da saúde — médicos, enfermeiros e assistentes — são maioria entre os estrangeiros que atuam no Sistema Nacional de Saúde (SNS) de Portugal.
Segundo relatório do Observatório das Migrações, os brasileiros representavam, em 2022, 24,9% dos trabalhadores imigrantes contratados pelo SUS português. Em 2011, essa participação era de 13,5%.
Os médicos e enfermeiros brasileiros superaram os espanhóis, que chegaram a representar 33% dos profissionais estrangeiros contratados pelo SNS. Agora, eles são 19,6%.
No total, segundo o Ministério da Saúde, há 4.055 imigrantes trabalhando no sistema público de saúde de Portugal, que representam apenas 2,7% do total da mão de obra empregada.
Corporativismo pune população
A presença de trabalhadores estrangeiros no SUS português vem aumentando ano após ano, na última década. Portugal não consegue formar profissionais suficientes para suprir as demandas tanto do sistema público quanto do privado.
Há, porém, enorme resistência das ordens profissionais para validar os diplomas de médicos e enfermeiros brasileiros, apesar de várias unidades de saúde terem de reduzir a prestação de serviços por falta de profissionais.
A situação é tão grave, que emergências de vários hospitais não funcionam na parte da noite nem aos finais de semana. Faltam, sobretudo, obstetras e pediatras. Foram vários os casos recentes de grávidas que morreram por falta de atendimento adequado.
O governo tem procurado convencer as ordens profissionais a facilitarem o acesso de profissionais estrangeiros da área da saúde, principalmente os brasileiros, para o bem da população portuguesa. Mas o corporativismo tem falado mais alto.