Há, segundo o levantamento mais recente, publicado pelo Diário de Notícias, 45 mil postos vagos de Norte a Sul de Portugal. A escassez de trabalhadores é tamanha, que várias empresas, como a rede de hotéis Vila Galé, estão pagando acima do salário mínimo de 760 euros (R$ 4,1 mil), oferecendo seguro saúde e oportunidade de empregados e familiares se hospedarem nos estabelecimentos para desfrutar de alguns dias de descanso.
A falta de mão de obra no setor de turismo de Portugal tornou-se um problema crônico e vem se agudizando desde 2019, antes, portanto, da pandemia do novo coronavírus. Os portugueses mais jovens não querem trabalhar no ramo, porque se consideram qualificados demais para os trabalhos oferecidos. A opção tem sido os imigrantes que chegam de várias partes do mundo.
A preferência dos empresários é por brasileiros, por falarem a mesma língua e serem mais flexíveis para se encaixar nas vagas disponíveis. As empresas esperavam, inclusive, que as facilidades dadas pelo governo português para a concessão de autorização de residência a cidadãos da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa /CPLP) fossem incrementar a oferta de trabalhadores, mas não é o que se vê.
Mais de 120 mil pessoas conseguiram obter o direito de morar legalmente em Portugal desde 13 de março, quando entrou no ar o sistema on-line para a obtenção de autorização de residência. Desse total, cerca de 100 mil são brasileiros. O problema é que eles já estavam em Portugal e, na maioria das vezes, empregados.
É importante ressaltar, ainda, que, mesmo com os bônus pagos pelas empresas para preencher as vagas disponíveis, os salários não conseguem fazer frente à carestia em Portugal. Dependendo das regiões de Lisboa e do Porto, as duas maiores cidades do país, o aluguel de um quarto custa entre 700 e 800 euros (R$ 3,9 mil e R$ 4,3 mil). As despesas básicas incluem alimentação e transporte.
Portanto, é importante que os interessados em se mudar para Portugal para tentar uma vaga no mercado de trabalho pensem muito bem antes de tomar qualquer decisão. Foi-se o tempo em que o país europeu oferecia uma ótima qualidade de vida a um custo baixo. Nem os portugueses estão dando conta de arcar com os fortes aumentos de preços.