A real de Portugal: brasileiros mandam R$ 1,1 bi para o Brasil em nove meses

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Os brasileiros que moram e trabalham em Portugal têm enviado, sistematicamente, parte do que ganham para o Brasil. Dados do Banco Central apontam que, somente nos nove primeiros meses deste ano, as remessas totalizaram 229 milhões de euros, o correspondente a R$ 1,12 bilhão.

 

O BC mostra, por meio das transferências unilaterais, que esse valor é inferior ao observado no mesmo período do ano passado, mas foi suficiente para que Portugal superasse o Reino Unido e se tornasse o segundo polo emissor de recursos para o Brasil, atrás apenas dos Estados Unidos, onde a comunidade brasileira é maior e mais consolidada.

 

A maior parte do dinheiro remetido para o Brasil por trabalhadores brasileiros que vivem em Portugal vai para a ajuda de familiares que continuam vivendo no país natal. Os recursos ajudam não só nas despesas básicas, como servem para bancar planos de saúde e até a compra de imóveis. Os brasileiros que emigraram para Portugal querem formar patrimônio para o caso de, um dia, retornarem ao Brasil.

 

Número de brasileiros em Portugal só cresce

 

O volume consistente de remessas para o Brasil, de 25,4 milhões de euros (R$ 139,9 milhões), em média, por mês, tem a ver com o forte aumento da presença de brasileiros em território luso. Segundo o governo português, há cerca de 400 mil cidadãos do Brasil legalizados no país e mais de 150 mil esperando pela documentação.

 

Nesses números não estão contabilizados os brasileiros com dupla cidadania. Desde 2010, segundo o Ministério da Justiça de Portugal, foram concedidas quase 500 mil nacionalidade portuguesa a cidadãos nascidos no Brasil, seja por descendência, seja por outros requisitos, como casamentos e tempo de vivência em terras lusitanas. Depois de cinco anos morando em Portugal, os estrangeiros podem requerer a cidadania.

 

O governo português tem facilidade muito as regras para aqueles que querem viver, trabalhar e estudar em Portugal. Há uma enorme escassez de mão de obra no país, sobretudo, por causa do envelhecimento da população e da evasão de jovens nacionais, que preferem trabalhar em outros países da União Europeia, onde os salários são maiores.

 

Mas é preciso seguir um manual para que a mudança para Portugal não se transforme em decepção. Parte daqueles que saem do Brasil com destino ao outro lado do Atlântico não se prepara o suficiente financeiramente e acaba enfrentando dificuldades poucos meses depois de desembarcar em território luso. Ser imigrante não é fácil, há todo tipo de percalço pela frente, inclusive, xenofobia.