Gravação inédita de Copo vazio feita por Gilberto Gil e Chico Buarque de 2014 é lançada agora em vídeo. A canção havia sido composta pelo eterno tropicalista, à época da ditadura militar, para o disco Sinal fechado, do artista carioca, que era o alvo preferencial da censura federal.
Durante os anos de chumbo, época da ditadura militar, havia uma forte censura sobre a obra de Chico Buarque. Ao gravar o álbum Sinal fechado, ele solicitou que alguns companheiros de ofício criassem músicas para aquele trabalho. Gil compareceu com Copo vazio. Em 2014, a pedido de Andrucha Waddington, que filmava Rio, eu te amo, e precisava na trilha de uma canção para a personagem Dona Fulana, interpretada por Fernanda Montenegro, Gil e Chico gravaram Copo vazio, e foram filmados no estúdio do cantor e compositor baiano no bairro da Gávea, no Rio de Janeiro.
Gil e Chico lançaram, nesta sexta-feira (24/7), a versão de Copo vazio, acompanhada de um clipe, com imagens inéditas em estúdio. Sobre a faixa, Gil fala: “A letra faz uma viagem ao mundo das coisas sutis, transcendentes, mas suas primeiras frases são muito significativas em termos do que estava acontecendo: regime de exceção, censura, o Chico privado de sua liberdade artística plena!”
Copo vazio
É sempre bom lembrar
Que um copo vazio
Está cheio de ar
É sempre bom lembrar
Que o ar sombrio de um rosto
Está cheio de um ar vazio
Vazio daquilo que no ar do copo
Ocupa um lugar
É sempre bom lembrar
Guardar de cor
Que o ar vazio de um rosto sombrio
Está cheio de dor
É sempre bom lembrar
Que um copo vazio
Está cheio de ar
Que o ar no copo ocupa o lugar do vinho
Que o vinho busca ocupar o lugar da dor
Que a dor ocupa a metade da verdade
A verdadeira natureza interior
Uma metade cheia, uma metade vazia
Uma metade tristeza, uma metade alegria
A magia da verdade inteira, todo poderoso amor
A magia da verdade inteira, todo poderoso amor
É sempre bom lembrar
Que um copo vazio
Está cheio de ar