Nem tudo é obscurantismo nestes tempos sombrios que vivemos. Ainda bem que temos Caetano Veloso para nos trazer um sopro de esperança com seu canto e suas mensagens em defesa dos povos indígenas e do meio ambiente. Durante 1h30, na noite de ontem (7/8), ele nos emocionou com a aguardada live caseira que apresentou ao lado dos filhos Moreno, Zeca e Tom. Foi um privilégio assistir ao eterno tropicalista a passear por precioso repertório em que boa parte de sua obra esteve representada.
Voltar a ouvir — ao vivo — clássicos da importância de Tigresa, Sampa, Luz do sol, Cajuína, Reconvexo, Desde que o samba, Podres poderes e Um índio, foi tão estimulante quanto ver Caetano ir ao fundo do baú e trazer de lá canções que, quase nunca fazem parte do set list dos seus shows, mas que são marcantes em sua trajetória, entre elas Queixa, Diamante verdadeiro, Odara, Nu com minha música e Tá combinado.
Embora os filhos estivessem em cena para acompanhá-lo ele abriu espaço para Zeca cantar — com o elogiado falsete — a belíssima Todo homem, um dos maiores sucessos do show Ofertório, visto pelo brasiliense, em 2018. Com o caçula Tom dividiu a interpretação a inédita Talvez; e com o primogênito Moreno juntou a voz na pouco conhecida Sertão.
Generoso e atento, Caetano fez referência elogiosa às lives de Gilberto Gil, Tom Zé e Milton Nascimento; e homenageou o saudoso Moraes Moreira ao reler Coisa acesa, que o eterno novo baiano compôs com Fausto Nilo; e Augusto de Campos com Pulsar — poema do poeta concretista que musicou. No cenário da live, além da biblioteca pôde-se observar fotos de Maria Bethânia e Chico Buarque, E ele ainda chamou atenção para o Balé Folclorico da Bahia, valioso representante da cultura popular baiana.