Tida como a mais popular das manifestações culturais brasileiras, a música vem tendo presença marcante em Brasília desde os primórdios. Nos primeiros anos da nova capital era ouvida no piano bar do Brasília Palace Hotel, onde se apresentava a cantora pioneira Glória Maria; nos programas de auditório da Rádio Nacional, que tinha o cantor Fernando Lopes — um raro remanescente daquela época — como a maior atração; e ainda em boates da W3 Sul e da Cidade Livre (atual Núcleo Bandeirante).
Nos anos 1970 começaram a surgir os primeiros talentos que iniciaram carreira na cidade. Para que o público viesse a tomar conhecimento de, entre outros, os cantores e compositores Oswaldo Montenegro e Renato Matos, o grupo mambembe Liga Tripa, a banda pop Mel da Terra, foi determinante projetos como o Concerto Cabeças, no gramado da 311 Sul; o Panelão da Arte, na 312 Sul; e o Canta Gavião, no Cruzeiro Velho; e também o palco do Teatro do Sesc, na 913 Sul, palco em que o brasiliense apreciou pela primeira vez a voz bossanovista de Rosa Passos, que viria a seguir carreira internacional.
Um dos períodos mais importantes musicalmente no DF foi o dos anos 1980, quando Brasília se tornou conhecida como capital do rock. O que levou a isso foi o surgimento da Legião Urbana e do Capital Inicial (originárias da Aborto Elétrico) e da Plebe Rude, que colocaram Brasília no mapa da música brasileira. Teatro Galpão(508 Sul), ginásio de esportes do Colégio Marista, Auditório Associação Brasileira de Odontologia (916 Sul) e Teatro Rolla Pedra, em Taguatinga, foram alguns dos locais que abriram espaço para estas bandas, antes de se tornarem famosas. Detrito Federal, Escola de Escândalos, Finis Africae, Elite Sofisticada e Peter Perfeito, forma outras bandas que não chegaram a prosperar.
O rock continuou dando o tom na década de 1990, com Raimundos, Little Quail, Low Dream, que tinham o Gate´s Pub (403 Sul) e Teatro Garagem (913 Sul) como principais palcos para mostrar o som que faziam. O reggae do Nativus (que depois passou a se chamar Natiruts) e do Maskavo Roots também apareceram com destaque. Foi ainda no começo daquela década, que Cassia Eller e Zélia Duncan — depois de brilharem no circuito noturno brasiliense — deixaram Brasília e se radicaram no Rio de Janeiro e se tornarem estrelas da MPB.
Brasília se tornaria, entre as décadas de 2000 e 2010, uma autêntica babel sonora, com o crescimento da cena fortalecimento da cena musical candanga, para a qual muito contribuíram espaços como Clube do Choro (Eixo Monumental), Feitiço Mineiro (306 Norte), Outro Calaf (Setor Bancário Sul), que passaram a acolher grupos de choro, samba, jazz, pop, rock, além de projetos solos de criadores e intérpretes de estilos diversos. A geração dessas duas últimas décadas teve como maior representante o bandolinista Hamilton de Holanda, hoje um dos músicos brasileiros com maiores presença e destaque no país e no exterior.
Léo e Bia de Oswaldo Montenegro
Eduardo e Mônica da Legião Urbana