Espetáculo com Laila Garin celebra o centenário de Clarice Lispector
O musical de A hora da estrela, que tem por base o último livro de Clarice Lispector, celebra o centenário da escritora, protagonizado pela cantora e atriz Laila Garin, e participação de Cláudia Ventura e Cláudio Gabriel, será encenado hoje (20/12), às 18h. A adaptação foi feita por André Paes Leme, responsável também pela direção, enquanto Marcelo Caldi assina a direção musical. Autor da trilha sonora, Chico César fez um conjunto de canções inéditas, com trechos musicados do livro e criações livres, com base na obra da autora. Haverá transmissão ao vivo pelo Canal Arte 1 e YouTube da Sarau Agência, responsável pela produção.
A hora da estrela narra a saga de Macabéa, imigrante nordestina cuja vida no Rio de Janeiro é marcada pela ausência de afeto. Ela passa a ser vista como uma mulher desprovida de qualquer atrativo, que não chama a atenção de ninguém. Para esta nova versão teatral, André Paes Leme fez uma adaptação, que segundo ele, não é o trabalho de reescrever o texto. “É o trabalho de transportar o universo sem estar aprisionado a qualquer palavra, através da edição e deslocamentos de episódios. Houve também a recondução dos textos da escritora para a atriz”, explica o diretor. “Ele não fez somente o uso de diálogos, mas coloca os atores como narradores enquanto contracenam”, explica.
Macabéa dessa nova montagem de A hora da estrela, Laila Garin se tornou conhecida ao dar vida a Elis Regina em Elis — A Musical, espetáculo que lhe valeu prêmios e elogios. Ela protagonizou também Gota d’´Agua (À seco), que há dois anos esteve em cartaz no Teatro da Unip, aqui na cidade. “Interpretar Macabéa, as canções de Chico César e ser dirigida por André Paes Leme seriam motivos mais que especiais para estar em cena. Mas fazer A hora da estrela vai além. É um espetáculo que diz o que queríamos falar neste momento. É um grito de indignação com muita poesia, a luta com as armas que temos”, ressalta a atriz, “O conto de Macabéa fala das pessoas supostamente invisíveis, de solidariedade, de olhar para o outro com afeto”, ressalta Garin.