JULIA CHAIB
Como parte da ofensiva para angariar votos, o presidente Michel Temer disse, em discurso a deputados da base aliada, que é uma “mentira” a tese de que a reforma da Previdência prejudicará os mais pobres, e justificou as flexibilizações feitas no texto. Segundo o presidente, “ninguém quer fazer mal ao país” e afirmou que os mais resistentes às mudanças propostas são os “mais poderosos”. As falas de Temer ocorreram em um café da manhã no Palácio da Alvorada, oferecido a deputados da base aliada e ministros para explicar os pontos alterados na reforma.
Temer rebateu críticas recorrentes ao projeto. “Muitas vezes, dizem assim, ‘mas essa reforma da Previdência vai pegar os pobres’. Vou usar uma palavra forte: mentira. Mentira, porque 63% do povo brasileiro ganha salário mínimo, portanto, não vai atingir os pobres”, afirmou. “Os que resistem e fazem campanha são os mais poderosos. São aqueles que ganham mais. Temos que dar uma resposta a isso”, continuou.
Segundo o presidente, a reforma foi pensada para ter impacto nos próximos 40 anos, e, desde que foi proposta, sabia-se que o “diálogo com o Congresso seria indispensável”. Temer ressaltou que as mudanças no texto foram feitas após serem ouvidas todas as bancadas, justamente para considerar a opinião dos parlamentares. De acordo com ele, aceitou-se negociar os pontos que não alterassem a idade mínima de 65 anos, que seria o ponto principal da proposta. O presidente, porém, não comentou a redução da idade mínima das mulheres para 62 anos. “Essa (a idade mínima) é a espinha dorsal, o núcleo da reforma da Previdência. O mais pode ser negociado. E foi negociado”, disse.
Temer buscou reforçar a importância do Legislativo no trabalho conjunto com o Executivo para aprovação das principais reformas. Além de explicar à base os pontos da reforma, o governo veiculará duas peças publicitárias na tevê e nas redes sociais com dois vídeos defendendo a proposta.
Em um dos vídeos, a reforma é comparada a outras medidas que sofreram resistência inicial, mas depois passaram a ser consideradas boas., como o uso obrigatório do cinto de segurança, a revolta da vacina, em 1994, a privatização da telefonia, em 1998, ao Plano Real. “Sem ela, o Brasil pode quebrar”, diz a peça publicitária.
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