No momento em que toda a sociedade brasileira volta os olhos para a despedida pouco honrosa do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, e sua substituição imediata – e previsível – pelo seu colega do Planejamento, Nelson Barbosa, a Secretaria de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, sorrateiramente, convoca para negociação de reajuste salarial as carreiras típicas de Estado. Classes que demonstraram insatisfação com a proposta linear de 21,3%, em quatro anos até 2019. Principalmente depois que o governo abriu o cofre do Tesouro e concedeu, unicamente para as carreiras jurídicas, o honorário de sucumbência (percentual ganho pela parte que vence uma ação) de cerca de R$ 3 mil mensais, em 2016.
As demais categorias do topo da pirâmide do serviço público federal exigem, então, uma compensação para evitar que se abra um fosse entre os seus salários e o dos advogados. As reuniões com o secretário Sérgio Mendonça começaram às 16 horas com o pessoal do ciclo de gestão – que ainda não saiu do gabinete. Às 18 horas, deveriam entrar na sala os analistas e técnicos do Tesouro. E às 19h30, os analistas do Banco Central. Amanhã, a partir das 9 da manhã, Mendonça recebe os auditores fiscais da Receita Federal e do Trabalho e depois os analistas tributários.
O governo está correndo contra o tempo. Depois que a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) foi aprovada pelo Congresso Nacional e publicada, ontem, no Diário Oficial da União (DOU), o Planalto tem 15 dias corridos (aproximadamente até 12 de fevereiro) para enviar ao Parlamento os projetos de lei com a autorização dos aumentos salariais dos servidores. Fontes ligadas ao governo garantem que, diante da crise econômica e política atual, a presidente Dilma Rousseff, que teve uma vitória recente com o adiamento do pedido de impeachment, quer resolver todas as pendência com o funcionalismo ainda esse ano.
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