Profissionais pedem saída do ministro e do secretário executivo do Mapa. Durante o evento serão distribuídas 6 toneladas de frangos e 2 toneladas de arroz para a população, como exemplos de produtos cuja qualidade é aferida pelos auditores agropecuários. A expectativa é de participação de entre 250 e 300 Affas
O Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical) faz nesta quinta-feira (5) ato em frente ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). O objetivo é pedir a saída do ministro Blairo Maggi e do secretário da pasta Eumar Novacki e para protestar contra a tentativa de privatização e terceirização de atividades relacionadas à defesa agropecuária. Durante o evento serão distribuídas 6 toneladas de frangos e 2 toneladas de arroz para a população, como exemplos de produtos cuja qualidade é aferida pelos auditores agropecuários.
Desde a Operação Carne Fraca o Mapa vem se aproveitando politicamente da situação e tomando uma série de medidas com objetivo de terceirizar a defesa agropecuária, na análise do Sindicato. “A terceirização da inspeção agropecuária já era um assunto corrente; há projetos de lei tramitando no Congresso que tratam desse assunto, mas o governo viu na Operação Carne Fraca uma brecha para pressionar e impor a terceirização de maneira autoritária, sem diálogo com os servidores e com a sociedade”, denuncia o presidente do Anffa Sindical, Maurício Porto. Ele lembra que a denúncia que originou a operação foi feita por um auditor fiscal federal agropecuário (Affa), e o principal problema constatado pela investigação é a ingerência política em cargos eminentemente técnicos, o que vem sendo há anos apontado pela categoria.
O Mapa encomendou uma consultoria para fazer o diagnóstico e propor alterações na estrutura do ministério, especialmente na Secretaria de Defesa Agropecuária. O termo de referência de contratação dessa consultoria não foi divulgado, os servidores não foram convidados a participar do processo e o resultado já apresentado pela empresa vazou para os servidores, que reclamaram publicamente. Somente depois disso eles foram convidados a conhecer formalmente o diagnóstico. “Nós sabemos que é preciso aperfeiçoar processos e a gestão. Nós, aliás, já apresentamos uma proposta de mudança ao ministério, que a ignorou. E, embora não tenhamos participado do processo, temos concordância em diversos pontos do diagnóstico apresentado pela empresa. Mas não concordamos, por exemplo, com a proposta de criação de uma entidade colaborativa idealizada para gerir os recursos financeiros destinados a essa atividade de Estado que está sendo sugerida”, afirma Porto.
O sindicato cobra, ainda, concurso para preenchimento de 1.611 vagas e protesta contra a realização de processo seletivo temporário para médicos veterinários e para somente 300 auditores fiscais federais médicos veterinários. “Para proteger a produção agropecuária, o auditor fiscal federal agropecuário atua em muitos outros setores além da inspeção de produtos de origem animal, e para isso é composta de cinco profissões. Além de médicos veterinários há zootecnistas, engenheiros agrônomos, farmacêuticos e químicos. E estamos com deficiência em todas as áreas. Esse concurso e o processo seletivo para temporários são paliativos para um problema que não é pontual, e o ministério sabe disso”, disse o presidente da entidade.
Porto lembra que várias iniciativas de terceirização se mostraram desastrosas. “O ministério credenciava empresas para trabalhar no Sistema Brasileiro de Bovinos e Bubalinos. Essas empresas certificavam fazendas para exportação. Em 2007, a União Europeia enviou uma auditoria ao Brasil. Ela encontrou diversas irregularidades e afirmou que não seria possível importar carne de fazendas que não fossem certificadas por servidores oficiais, que somos nós, os Affas. Naquele momento havia mais de 3 mil fazendas certificadas no Estado de Goiás, para dar um exemplo. Quando passamos a fazer a fiscalização, apenas duas fazendas continuaram podendo exportar naquele Estado”, conta.
A manifestação reunirá entre 250 e 300 Affas na porta do Ministério. Além de doação de alimentos, haverá uma atração teatral e a Affa Lúcia Motta, servidora do Laboratório Nacional Agropecuário da Paraíba, apresentará o cordel A raposa toma conta do galinheiro: tentativa de privatização da defesa agropecuária. O ato começará às 14 h.
Sobre os Auditores Fiscais Federais Agropecuários
O Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais Federais Agropecuários (Anffa Sindical) é a entidade representativa dos integrantes da carreira de Auditor Fiscal Federal Agropecuário. Os profissionais são engenheiros agrônomos, farmacêuticos, químicos, médicos veterinários e zootecnistas que exercem suas funções para garantir qualidade de vida, saúde e segurança alimentar para as famílias brasileiras. Atualmente existem 2,7 mil fiscais na ativa, que atuam nas áreas de auditoria e fiscalização, desde a fabricação de insumos, como vacinas, rações, sementes, fertilizantes, agrotóxicos etc., até o produto final, como sucos, refrigerantes, bebidas alcoólicas, produtos vegetais (arroz, feijão, óleos, azeites etc.), laticínios, ovos, méis e carnes. Os profissionais também estão nos campos, nas agroindústrias, nas instituições de pesquisa, nos laboratórios nacionais agropecuários, nos supermercados, nos portos, aeroportos e postos de fronteira, no acompanhamento dos programas agropecuários e nas negociações e relações internacionais do agronegócio. Do campo à mesa, dos pastos aos portos, do agronegócio para o Brasil e para o mundo.
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