Cerca de 250 servidores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e de outros órgãos públicos federais do país fizeram um protesto, no Rio de Janeiro, para impedir o corte orçamentário de 25% (do total de R$ 3,4 bilhões), do número de recenseadores e da quantidade de perguntas (atualmente 149) do questionário do Censo 2020
Gulnar Azevedo, presidente da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), garante que a economia desejada pela equipe econômica do presidente Jair Bolsonaro não se concretizará dessa forma e a qualidade do trabalho técnico ficará comprometida. Anúncios de cortes de despesas mal-feitos muitas vezes conquistam os menos informados. Mas botam em risco a saúde do brasileiro. São responsáveis pela queda da cobertura vacinal no país (para ricos e pobres), falta de vacinas e de servidores nos postos de saúde, para atender a população mais pobre.
Os remédios sumiram no SUS nos últimos anos. Entre 2015 e 2017, a vacinação contra a poliomielite caiu de 98,3% da população para 79,5%; contra rotavírus, de 95,4% para 77,8%; pentavalente de 96,3% para 79,2%; vacinas contra Hepatite B despencaram de 90,9% para 82,5%; meningococo C, de 98,2% para 81,3%; e pneumocócica, de 94,2% para 86,3%. “O Censo tem que cobrir todas as cidades brasileiras. Não é possível fazer pesquisa por amostragem, como a PNAD-Contínua, por exemplo, ou como outras do Ibope ou da FGV. O Brasil é diverso, com características específicas. Não dá para substituir uma cidade por outra, ou achar que Roraima e Rondônia são iguais”, destacou.
Quem aplaude cortes no Censo não imagina o quanto é elevado o risco de ressurgimento da poliomielite e da temida paralisia infantil, há mais de 30 anos sem registro. A Abrasco teme, ainda, que a quebra em qualquer das etapas do Censo – reduzindo o tamanho do questionário ou a equipe de coletadores – leve a erros importantes e comprometa a vigilância em saúde e a necessidade de recursos à atenção e à prevenção de doenças.
5.570 municípios dependem do Censo
A associação do pessoal do IBGE (AssIBGE) se indignou com a proposta da presidente do órgão, Susana Cordeiro Guerra, de “censo misto” – dados de registros administrativo e pesquisas amostrais em substituição ao censo. “A nossa maior pesquisa amostral dá resultados para municípios de capitais e regiões metropolitanas e no Brasil há 5.570 municípios”, destaca a AssIBGE. O investimento em registros e o aprimoramento das bases de dados são considerados fundamentais.
“No entanto, no estágio atual, não há como abrir mão de dados no censo 2020. Isso vai significar privar a sociedade de informações fundamentais para o conhecimento do país e para políticas públicas”, disse Dione de Oliveira, diretora da AssIbGE. Com o lema “Queremos o Censo 2020, sem Cortes”, a manifestação atraiu várias entidades de pesquisa, que repudiaram a intervenção federal e a escolha do economista Ricardo Paes e Barros para retalhar o orçamento do IBGE.
José Benito Yarritu, da Associação dos Servidores do CNPq (Ascon-Rio), afirmou que “a intervenção técnica e o esvaziamento do Censo não são ataques pontuais ao IBGE”. “É um ataque exemplar de vários outros ataques por que passam os mais diferentes órgãos do Estado brasileiro, da área de Ciência e Tecnologia, da saúde, da educação”. Alexander Noronha, diretor do Sindicato dos Servidores Públicos no Rio de Janeiro (Sindisep-RJ), destacou que retratar a realidade do país não interessa ao governo. “Porque as informações privilegiadas que o Censo produz indicam exatamente o oposto do que ele quer. Ou seja: onde o estado deve agir para corrigir falhas de atendimento à população mais carente seja no campo da saúde, da educação, segurança, entre outros. Impedir o Censo 2020 é, em última análise, impedir que o país tenha diagnósticos qualificados para enfrentar os problemas reais da vida cotidiana de todos nós”, disse Noronha.
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