Yasmin Gomlevsky é Thaissa em Bom Sucesso
yasmin2 Foto: Matheus Muraca. Yasmin Gomlevsky é Thaissa em Bom Sucesso Yasmin Gomlevsky é Thaissa em Bom Sucesso

Yasmin Gomlevsky une as paixões por atuação e literatura em Bom Sucesso

Publicado em Entrevista

Assim como a personagem Thaissa de Bom Sucesso, a atriz Yasmin Gomlevsky tem forte ligação com a literatura. Confira entrevista com ela!

“Acredito que o alcance massivo da televisão tem o poder de revolucionar o pensamento de todo um país”. É assim que a atriz Yasmin Gomlevsky pretende dar sua contribuição ao Brasil de 2019 enquanto vive a Thaissa em Bom Sucesso, novela das 19h escrita por Rosane Svartman e o Paulo Halm que tem a literatura como um dos panos de fundo.

Um dos cenários de Bom Sucesso é a editora Prado Monteiro, onde Thaissa trabalha como editora. Esse é um elo entre Thaissa e Yasmin, que é escritora e autora de Fogo frio: Poemas de trás da geladeira. “Está sendo maravilhoso “trabalhar”, como Thaissa, no universo da editora, porque sempre fui apaixonada pelo ambiente literário. Desde adolescente, um dos meus programas preferidos é passar a tarde nos corredores de livrarias, folheando, sentindo o cheiro dos livros”, afirma a atriz em entrevista ao Próximo Capítulo.

Yasmin comemora a possibilidade de incentivar a leitura por meio do trabalho em Bom Sucesso: “Volta e meia, ao final de alguma peça minha, escuto de alguém que é a primeira vez que a pessoa foi ao teatro. Espero ter também feedbacks de pessoas que nunca leram um livro antes dizendo que a novela abriu esse canal. Imagine o poder disso.”

A seguir, Yasmin Gomlevsky fala sobre atuação, literatura, música e ainda adianta um pouquinho do destino de Thaissa. Confira!

Leia entrevista com Yasmin Gomlevsky

A Thaissa trabalha na Prado Monteiro como editora e você, além de atriz, é escritora. Como está sendo esse encontro de interesses para você?
Está sendo maravilhoso “trabalhar”, como Thaissa, no universo da editora, porque sempre fui apaixonada pelo ambiente literário. Desde adolescente, um dos meus programas preferidos é passar a tarde nos corredores de livrarias, folheando, sentindo o cheiro dos livros. Uma época até cheguei a colocar currículo na Livraria da Travessa — acho que teria sido feliz trabalhando por lá um tempo. A literatura sempre esteve presente na minha vida, meu pai lê muito e, em toda oportunidade de me educar através dos livros, ele me presenteava com um. Escrever foi um processo muito natural de expurgação, que acho que é a função mais comum da arte no indivíduo. Tudo o que não pude falar para os outros, e às vezes para mim mesma, escrevi. E fui tomando gosto por organizar e cortar as palavras pra ter um entendimento lúdico e poético do que estava sentindo.

Bom Sucesso é uma novela das 19h que tem a literatura como um grande pano de fundo — os personagens conversam sobre livros e citam falas de obras literárias. Você acha que isso pode ajudar no incentivo à leitura?
Certamente. Acredito que o alcance massivo da televisão tem o poder de revolucionar o pensamento de todo um país. Tudo o que se expõe para milhões de pessoas traz consigo grande responsabilidade. Por isso é tão enriquecedor que a Rosane Svartman e o Paulo Halm (autores de Bom Sucesso) tenham escolhido falar de literatura. Volta e meia, ao final de alguma peça minha, escuto de alguém que é a primeira vez que a pessoa foi ao teatro. Espero ter também feedbacks de pessoas que nunca leram um livro antes dizendo que a novela abriu esse canal. Imagine o poder disso.

A Thaissa vai acabar se envolvendo num triângulo amoroso com a Evelyn (Mariana Molina) e o Felipe (Arthur Sales). O que pode adiantar sobre isso? Vocês já começaram a gravar essas cenas?
Como a novela é uma obra aberta, escrita conforme vai sendo sentida junto com o público, existem muitas possibilidades para essa história. A princípio, o que sei é que a Thaissa é uma pessoa bastante fechada emocionalmente, portanto não vai ser fácil vê-la se entregando loucamente a uma paixão sem alguma resistência. Mas algumas janelas estão se abrindo… Já gravamos cenas muito legais, bastante coisa vai acontecer.

Atores de Bom Sucesso
Foto: Globo/João Cotta. Triângulo amoroso à vista em Bom Sucesso

Você lançou o livro Fogo frio: Poemas de trás da geladeira e participou de mesa redonda na Bienal. A Prado Monteiro vive uma crise, mas o Alberto (Antonio Fagundes) não abre mão de publicar o que considera de qualidade. É possível uma editora sobreviver hoje no Brasil editando apenas livros de arte ou poesia, por exemplo?

Não conheço a fundo o mercado editorial, mas acredito que a situação não deva estar muito diferente dos demais segmentos da cultura no Brasil de 2019. Estamos realmente num momento onde o comercial é mais vendável do que o artístico, o profundo, o “difícil”. A poesia nunca vendeu muito, na realidade, pelo menos no mundo moderno. Também está sendo um desafio para muitos colegas de profissão sobreviver apenas de teatro, porque os patrocínios, editais e fomentos até então estão escassos ou contemplando a poucos. O mercado da arte no geral vem passando por uma crise, se tornando impopular.

Quais são seus livros de cabeceira?
Minha paixão mais recente é a trilogia do Yuval Noah Harari: Sapiens – Uma breve história da humanidade; Homo Deus – Uma breve história do amanhã; e 21 lições para o século 21. Me encheram de conhecimentos gerais acerca do mundo em que vivemos, interligando aspectos históricos, sociais, políticos, econômicos e até muito banais e cotidianos de uma forma dinâmica, completa e inteligentíssima.

E seus autores preferidos?
Charles Bukowski é minha grande inspiração estilística, assim como outros nomes da geração beatnik: Allen Ginsberg, Jack Kerouac. Em dramaturgia, destacaria Tenessee Williams e Harold Pinter. Aqui no Brasil, gosto muito do estilo do Mario Bortolotto. Hoje em dia, me identifico com conteúdos de cura e autoconhecimento, como a obra de Osho.

Você se sente mais representada enquanto atriz ou escritora?
Sou ambas as coisas intrinsecamente, sinto-as em mim de forma inata e natural. Enquanto profissão, atualmente, atriz.

Você foi premiada por uma montagem musical de O beijo no asfalto. Como foi passar uma obra de Nelson Rodrigues para o gênero?
Quem teve a coragem, a ousadia e a mestria de transformar O beijo no asfalto em musical foi o brilhante Claudio Lins, com direção do meu amado João Fonseca. Esta foi uma das montagens pelas quais eu mais fui apaixonada na vida. Particularmente, sempre senti falta de boa dramaturgia nos musicais daqui, ainda existindo um forte traço de importação de histórias prontas da Broadway. Achei genial o movimento do Claudinho de adaptar um dos maiores autores brasileiros, Nelson Rodrigues, para musical. Assim, além de músicas de uma delicadeza, de uma sensibilidade ímpar, contamos com um texto nacional primoroso e clássico. Só tenho elogios a esse trabalho, sinto muita saudade de fazer a Dália e espero que voltemos em cartaz em algum momento.

Além de Bom Sucesso, você está em cartaz no teatro e tem a parceria musical no Trio Frito. Como dá conta de tudo isso?
Conciliar a novela com a peça Um tartufo tem sido uma missão desafiadora, que me coloca em atividade profissional praticamente sete dias por semana. Apesar do cansaço e da pressão naturais, é delicioso me desenvolver cada vez mais em diferentes frentes dentro do meu trabalho. Tenho acompanhado menos o Trio Frito ultimamente por conta da minha agenda.

Como é seu trabalho no Trio Frito?
O Trio Frito formado por amigos queridos que já tocaram comigo na Sirigaita, uma banda que tínhamos antes. Agora estamos gravando as nossas composições e preparando clipes. O vocalista e guitarrista da banda é o Roger Martins, o baixista é o Chico Vaz e o baterista é o Ian Sá. Eu, quando posso, canto com eles nos shows.