No ar como Vitor em Topíssima, o ator Vitor Novello comemora levar reflexão sobre o poder do dinheiro ao público de casa.
Sabe aquela ideia de que os vilões são mais interessantes para o ator do que os mocinhos? Ela vale direitinho para Vitor Novello, ator que vive o xará Vitor na novela Topíssima, da Record.
“Eles (os vilões) são ótimos! Eu acho o Vitor muito prazeroso de fazer por essa coisa de dividir os segredos e as armações com o público. E o bacana dele também é esse arco, dessa primeira fase de vilania e depois do sofrimento e culpa muito grande”, avalia o ator, em entrevista ao Próximo Capítulo.
As maldades aprontadas pelo personagem Vitor acabam trazendo, na opinião do ator, uma reflexão sobre ganância. “Podemos e, na minha opinião, devemos discutir as consequências de se ter o dinheiro como a mola que move os interesses do mundo. O Vitor se desespera quando vê não só a possibilidade da sua condição financeira ruir, mas o futuro de poder que ele imaginou para si, como um famoso cirurgião”, explica.
Além de atuar e de estar começando a se aventurar na direção, Vitor Novello se dedica a escrever peças de teatro. “Eu adoro escrever. Mármore foi a primeira peça que escrevi, junto com Gabriel Rochlin, Fernanda Alice e Pedro Botafogo, que compõem a Cia de Bolso. Foi um aprendizado muito rico, e se trata de um universo distópico de felicidade e alegria, onde os bebês nascem sorrindo e coisas estranhas acontecem por detrás das aparências. Tenho desenvolvido algumas ideias aqui comigo e muitas delas flertam com esses outros universos, com o absurdo do nosso mundo”, afirma o ator.
Entrevista// Vitor Novello
O personagem Vitor coloca o dinheiro acima de tudo. Isso é uma característica de nossa sociedade?
Penso que dar importância ao dinheiro é uma coisa intrínseca ao mundo que a gente vive. Podemos e, na minha opinião, devemos discutir as consequências de se ter o dinheiro como a mola que move os interesses do mundo. O Vitor se desespera quando vê não só a possibilidade da sua condição financeira ruir, mas o futuro de poder que ele imaginou para si também, como um famoso cirurgião. Esse desejo de um sucesso pronto e de felicidade atrelada aos bens, acredito que seja um dos grandes males que surgem com isso.
Estamos deixando a empatia e o amor de lado?
Eu sinto que o amor, o rancor, o ódio, a raiva, a alegria, o bom e o mau humor… tudo isso é humano. Hoje infelizmente a gente está passando por um momento de muito rancor, muita raiva, muito mau humor. O desejo desse sucesso que a gente falou e que se estampa na capa das suas redes, essa coisa mais superficial de a imagem ou o discurso serem mais importantes do que o que se fala, isso tudo vai minando com a verdade e criando um escudo nas pessoas, uma defesa geral. Nessa conta a empatia e o amor não entram… Mas essa resposta está muito pessimista, o amor está aí também, e acredito muito que, para cada atitude de rancor e ódio há, nessa mesma pessoa, um desejo de uma atitude de amor e empatia.
O seu personagem em Topíssima é um vilão. Eles são realmente mais interessantes de se viver do que os mocinhos?
Ah, eles são ótimos! Eu acho o Vitor muito prazeroso de fazer, essa coisa de dividir os segredos e as armações com o público. E o bacana dele também é esse arco, dessa primeira fase de vilania e depois do sofrimento e culpa muito grande.
Uma curiosidade: ter o mesmo nome do personagem é confuso?
É prático! No set, ninguém erra o meu nome. Na rua quando alguém pergunta meu nome às vezes é mais confuso de explicar…
Você foi assistente de direção em Natal no teatro. A direção é um caminho natural para você?
Foi uma experiência bem proveitosa junto da Rose Abdallah. Já dirigi algumas cenas curtas em festivais. É algo que quero estudar mais e experienciar mais em um futuro próximo.
Você estudou 10 anos em uma escola de musicais. Como é sua relação com o gênero?
Foi nessa escola, a Catsapá, que tive meu primeiro contato com a atuação. Lá cresci fazendo aulas de canto e teatro, e realizando os musicais de fim de ano que eram lindos! Sou muito grato às maravilhosas Gisela Fiuza e Mabel Tude, donas da escola. Tudo começou ali. Profissionalmente ainda não fiz muitos, recentemente estávamos em cartaz com Arraial das lobas, uma comédia musical do Leandro Castilho na qual tocamos e cantamos. É muito divertido de fazer, com certeza tenho um carinho especial por esses momentos de encontro entre a música e o teatro.
Além de atuar você escreve, como na peça Mármore. Quais são os assuntos que mais te tocam ao pensar num texto para o teatro?
Eu adoro escrever. Mármore foi a primeira peça que escrevi, junto com Gabriel Rochlin, Fernanda Alice e Pedro Botafogo, que compõem a Cia de Bolso. Foi um aprendizado muito rico, e se trata de um universo distópico de felicidade e alegria, onde os bebês nascem sorrindo e coisas estranhas acontecem por detrás das aparências. Tenho desenvolvido algumas ideias aqui comigo e muitas delas flertam com esses outros universos, com o absurdo do nosso mundo.