A cada ano, a Netflix se esforça mais para produzir conteúdos com temática natalina. Em geral, as produções são internacionais. Pela primeira vez, o streaming lança no catálogo uma obra original natalina feita no Brasil. É o longa-metragem Tudo bem no Natal que vem, de Roberto Santucci (conhecido pela direção de comédias blockbusters brasileiras), com protagonismo de Leandro Hassum. A dupla já havia trabalho em produções como O candidato honesto e Até que a sorte nos separe e, agora, retoma a parceira. O filme estreia nesta quinta-feira (3/12) no serviço.
A história de Tudo bem no Natal que vem acompanha o protagonista Jorge, um homem que nasceu no mesmo dia que Jesus Cristo, mas viu o próprio aniversário ser ofuscado ano a ano com a festividade de fim de ano. Adulto, ele decreta que odeia a data e costuma passar a festa sempre reclamando dos parentes. Numa das celebrações, algo estranho acontece, ele sofre um acidente e “acorda” apenas no Natal seguinte. A questão é que Jorge não esteve dormindo, nem em coma, ou algo parecido. Ele vive uma condição que, a cada ano, com a chegada do Natal lembra-se apenas do que vivenciou na noite festiva.
O filme, então, mostra as várias ceias natalinas vividas por Jorge. Ele sempre acorda na véspera do Natal encontrando situações completamente diferentes e descobrindo que, a cada ano, muda mais e se distancia de quem foi. O que o faz se afastar da esposa Laura (Elisa Pinheiro) e dos filhos Aninha e Leo, vividos na fase da adolescência e adulta pelos atores Arianne Botelho e Miguel Rômulo, respectivamente. É como se a essência de Jorge só durasse naquela noite de Natal. Depois, nos outros 364 dias ele fosse uma pessoa completamente diferente.
Por ter Santucci e Hassum no projeto, era natural que Tudo bem no Natal que vem fosse uma comédia. E é. É divertido assistir ao Natal dessa família completamente brasileira, repleto de suor, piadas clássicas como “é pavê ou pacumê”, familiares que a cada fim de ano se reencontram após um ano inteiro separados e a eterna briga pela colocação da uva passa em todos os pratos da ceia. Mais do que ser engraçado, é interessante finalmente ver o Natal brasileiro representado no audiovisual, algo que ainda vem acontecendo timidamente se comparado com o número de produções cinematográficas voltadas ao tema produzidas em países como os Estados Unidos.
Outro ponto de celebração, tanto da equipe de produção, quanto do elenco, é o acerto na construção dos personagens no passar de anos. Como o espectador vê várias celebrações de Natal, a cada ano, os personagens estão diferentes. A passagem de tempo foi bem muito representada na maquiagem, no figurino e até no trabalho corporal dos atores.
Como de costume, Leandro Hassum puxa o filme pra si. Jorge é um personagem empático exatamente pelas nuances dadas pelo ator. É fácil se ver no protagonista, que acaba se envolvendo tanto com o trabalho e com outras prioridades que se afasta cada vez mais da família. Quem também aproveita muito bem o espaço é a atriz Arianne Botelho, com uma certa ajuda do roteiro que entrega para a personagem dela uma trama com uma dramaticidade que surpreende o espectador. Quando o público está ali rindo, de repente o filme muda de tom, para conseguir trazer uma fórmula clássica das produções natalinas: uma mensagem, uma lição.
Tudo bem no Natal que vem tem uma das mais bonitas, revelando a importância da família. Num ano em que se viveu mais tempo dentro de casa e longe daqueles que se ama, a mensagem bate ainda mais forte. É um filme para assistir em família, rir e também se emocionar. Ouse não chorar!
Antes da estreia, o elenco do filme conversou com o Próximo Capítulo. Veja trechos do que o quarteto de protagonistas disse sobre a produção!
Clássico natalino brasileiro
“A gente espera que sim e torce pra isso. É uma carência que eu não tinha me dado conta de que existia. Eu percebi que realmente as nossas referências cinematográficas eram muito distantes da gente quando minha filha de 4 anos perguntou se ia nevar no Natal. Falei que não e ela achou estranhíssimo. Nessa hora, pensei que realmente o nosso filme ia ter uma função de representar o nosso Natal pra gente e levar um pouco das nossas referências para outros países. É uma alegria poder participar disso, que vai ser uma novidade, um natal brasileiro representado”
Elisa PinheiroCaracterização do elenco
“No meu caso e no Leandro era mais visível, porque usamos peruca. O meu personagem começa criança e eu entro na fase mais adolescente. Queria muito destacar o trabalho do Martín (Macías Trujillo, maquiador e artista plástico mexicano), nosso chefe de caracterização, que fez um trabalho lindo. A nossa composição de personagem deve muito a ele. Foi um trabalho lindo, ficou muito real. É muito cansativo fazer qualquer processo de caracterização, mas o resultado final nos faz valorizar muito”.
Miguel RômuloHumor e drama
“A identificação do público vai ser a grande arma. O público vai se ver na tela, vai ver esse Natal, num ano em que a gente teve que parar para pensar no próximo, na família. É um filme que vai além da comédia, ele chama o espectador: “para, respira, pensa no coleguinha, se abracem mais, se beijem mais”. O personagem do Daniel Filho, que faz meu pai, diz “a vida é um sopro”. Por isso que a gente tem que aproveitar mesmo. O filme traz essa mensagem, esse carinho no final do ano”
Leandro HassumPara chorar
“O público vai se surpreender. A grande ousadia do filme é justamente misturar o drama e trazer essa mensagem tão importante nesses tempos tão difíceis. O filme vem como um respiro no meio da pandemia e vem reforçando essa mensagem que a própria pandemia passou pra gente, questionando as nossas relações”
Arianne Botelho
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