Todas as novelas inéditas da Globo têm protagonistas negros

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As novelas da Globo vivem um momento histórico. Repare e me diga: o que Amor perfeito, Vai na fé e Travessia têm em comum, além de serem escritas por mulheres (Duca Rachid, Rosane Svartman e Glória Perez)? Acertou quem chamou a atenção para as três tramas terem protagonistas negros. Às 18h, Diogo Almeida vive o médico Orlando; às 19h, Sheron Menezzes brilha como Sol; e às 20h, é a vez de Lucy Alves dar vida a Brisa.

Amor perfeito ainda tem vários atores negros no elenco e em papéis importantes, com tramas próprias. Gigantes da nossa arte, Toni Tornado e Antônio Pitanga estão no elenco. Em se tratando de uma novela de época, isso fica ainda mais raro. Na entrevista coletiva de lançamento do folhetim, a autora Duca Rachid revelou que fez questão de incluir na trama uma elite negra no Brasil dos anos 1940 apagada dos livros de história. Ao defender o médico Orlando, Diogo se emocionou com a oportunidade desse resgate.

Quem também foi às lágrimas, há uma semana, foi Sheron Menezzes ao falar no Domingão com Huck sobre a importância de estar vivendo a primeira protagonista depois de mais de 20 anos de carreira. Vale a pena ressaltar que a questão racial não guia os conflitos e ações da protagonista de Vai na fé, o que não quer dizer que é ignorada pela autora Rosane Svartman. Não é. Pelo contrário, rende cenas lindas num grupo de estudos na faculdade da novela.

Até a equivocada Travessia deu seu passo nesse sentido. Brisa é a mocinha clássica, que sofre tudo o que pode durante a novela para sorrir na semana final. Mesmo à frente de uma personagem de escrita frágil, Lucy dá conta do recado e mostra que estava, sim, preparada para o desafio.

Isso nem sempre foi assim. Basta olhar as duas novelas atualmente reapresentadas na Globo. Chocolate com pimenta (2003) ilustra bem o fato. O elenco tem à frente Mariana Ximenes, Murilo Benício, Ary Fontoura, Priscila Fantin, Elizabeth Savalla e Lilia Cabral. Ainda mais antiga, O rei do gado (1996) traz os créditos encabeçados por Antônio Fagundes, Raul Cortez, Patrícia Pillar e Gloria Pires. Nenhuma das duas novelas traz negros entre os principais personagens.

O melhor é ver que esse avanço tem tudo para ser sem volta, mesmo que ainda haja muito o que se caminhar, claro. A próxima novela das 20h, Terra e paixão, já está sendo gravada tendo Bárbara Reis como Aline, uma das protagonistas.

Liga

A segunda temporada de Cidade invisível levou mais brasilidade à Netflix. A aventura de Eric (Marco Pigossi) continua e tem boas novidades, como Letícia Spiller, ótima no papel de Matinta Pereira, e mais presença de povos originários da Amazônia. Pena que são apenas cinco episódios.

Desliga

Thiago Lacerda precisa achar o tom de seu Gaspar em Amor perfeito. Afastado das telas desde 2018, ele parece enferrujado. Pior é que ele contracena com os ótimos Paulo Betti e Zezé Polessa e com Mariana Ximenes, destaque do início da trama.

Vinícius Nader

Boas histórias são a paixão de qualquer jornalista. As bem desenvolvidas conquistam, seja em novelas, seja na vida real. Os programas de auditório também são um fraco. Tem uma queda por Malhação, adorou Por amor e sabe quem matou Odete Roitman.

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