Reality da MTV Catfish chega à terceira temporada, com 10 episódios inéditos. Confira entrevista com os apresentadores Ricardo Gadelha e Ciro Sales!
Você já foi enganado por alguém na internet? Pode ser pela compra de uma geladeira ou num site de relacionamentos. Saiba que você não está sozinho. E a terceira temporada do reality show Catfish está aí para mostrar isso. Os episódios inéditos vão ao ar às quartas-feiras, às 22h.
Assim como nas outras temporada, os apresentadores Ciro Sales e Ricardo Gadelha atacam de detetives e tentam ajudar pessoas que conhecem outra pessoa na internet, se envolvem, mas, na verdade, está sendo enganadas.
“A gente descobre como é o caso junto com o público, assistindo ao vídeo no hotel e vai contando a história como ela vai acontecendo”, explica Ricardo, em entrevista ao Próximo Capítulo.
Ciro complementa: “A gente vai seguindo nosso feeling nas investigações. Confesso que às vezes dá vontade de socar a cara de alguém, mas aí a gente respira e lembra que conduzir a história do participante é muita responsabilidade.”
Ciro e Ricardo concordam que os 10 episódios da temporada estão “especiais” e que cada um deles “tem uma história particular”. Eles adiantam que, entre os casos, tem um homem que põe a foto de outro que mora fora do país no perfil e que tem um em que as pessoas se perdoam e terminam juntas. “É bonito de se ver porque nosso programa não é sobre o que não deu certo. No fundo, é sobre amor, sobre toda maneira de amor valer a pena”, afirma Ciro.
No episódio de estreia, Diúlia se apaixona pelo perfil de Johnny, também conhecido por Dinho. Ciro e Ricardo logo percebem que tem algo estranho no ar: a foto do perfil do rapaz é, na verdade, de André Coelho, participante habitué dos realities da MTV, como De férias com o ex Brasil.
Os apresentadores descobrem o paradeiro do homem, em Vila Velha (ES), colocam Diúlia em contato com o verdadeiro André Coelho e ainda provam para Diúlia que ela era vítima de uma grande armação.
Tem muita gente que diz que os casos mostrados em Catfish são inventados, que não existe mais quem caia nesse tipo de golpe. Ciro Sales garante que ele e Ricardo se surpreendem e conheceram gente que não tem intimidade com as ferramentas virtuais e com os sites de relacionamentos.
O Próximo Capítulo procurou a psicóloga Rosângela Mormillo, especialista em relacionamentos, para conversar saber: será que é possível que alguém ainda caia em golpes como os mostrados em Catfish? Confira!
Três perguntas// Rosângela Mormillo
Com as facilidades de internet ficou mais comum aparecerem casos de catfish. O que acha que causa uma situação como essa?
Quando conhecemos uma pessoa, seja por internet, seja pessoalmente, não formamos uma visão realista. O que acontece primeiro são as fantasias que se tem do outro. À medida em que o relacionamento prossegue, com o convívio, podemos ser capazes de ir formando uma ideia mais verdadeira de quem é esse outro. Mas acontece que pessoas têm suas carências e suas dificuldades. A internet possibilita que se veja o outro a partir de suas fantasias, pois a relação se estabelece numa distância muito maior do que numa relação ao vivo.
O que leva uma pessoa a enganar outra em um caso de catfish e o que leva uma pessoa a acreditar nisso mesmo com algumas pistas de algo está errado?
Isso pode acontecer devido a inúmeros fatores. As relações interpessoais são exigentes. Muitas vezes a pessoa se dá conta que não consegue satisfazer o outro. Pode construir uma imagem falsa a fim de agradar o que imagina ser a expectativa do outro. Muitas vezes também a pessoa tem uma autoimagem muito pobre e uma vida social precária e falta de coragem de mostrar quem é. Além disso, muitas pessoas têm transtornos psiquiátricos e a internet possibilita que essas pessoas atuem de forma protegida (casos de pedofilia, por exemplo, ou casos de sequestro). A pessoa que engana não considera que existe uma pessoa do outro lado que tem sentimentos e que pode causar um enorme sofrimento no outro. Acreditar na mentira acontece na maior parte das vezes porque existem mecanismos de negação. São mecanismos inconscientes que ocorrem para que a pessoa possa continuar acreditando nessas fantasias, pois do contrário sofreria uma grande desilusão. Acreditando ou continuar a acreditar adia esse sofrimento. Essas pessoas são muitas vezes muito frágeis, têm uma rede de apoio social pequena e tornam-se mais vulneráveis a sofrer esse tipo de engano. As pessoas mais fortes emocionalmente e com uma vida social variada, além de laços de amizade, acabam não permanecendo nesta situação de vítima.
Para o caso de pessoas que acabaram caindo nessa fraude, o que elas podem fazer para se recuperar na vida após a descoberta do catfish?
As pessoas quando procuram o programa já estão de alguma forma se dando conta da fraude e iniciando um processo de resolução da situação. Estão buscando ajuda, e este é o início. A descoberta pode trazer vários sentimentos: revolta, raiva, desilusão, culpa, enfim, é um momento de muita dor, de um vazio, um luto. E como em qualquer luto, cada um terá um tempo necessário para se construir novamente. Será necessária uma reconstrução para poder acreditar em si mesmo e isso não é tarefa simples. Isso leva tempo e muitas vezes faz-se necessário um trabalho psicoterápico ou até medicamentoso.