Tainá Müller se destaca ao protagonizar a série Bom dia, Verônica

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“Essa é uma experiência inédita para mim”, define a atriz Tainá Müller sobre a repercussão de Bom dia, Verônica

Ao 38 anos, a atriz e apresentadora Tainá Müller vive um dos melhores momentos da carreira. Neste ano, ela ganhou projeção mundial ao protagonizar Bom dia, Verônica, adaptação seriada do livro homônimo de Raphael Montes e Ilana Casoy. O drama policial tem a artista como protagonista, uma escrivã que passa a investigar crimes de violência contra a mulher.

A série, lançada pela Netflix, fez tanto sucesso que ocupou o top 10 de mais assistida de vários países. Com boa repercussão com público e crítica, a atração garantiu, na última semana, uma sequência que deve se inspirar no segundo livro da saga, Boa tarde, Verônica. A previsão de lançamento é para 2021. “Tenho tido pensamentos sobre uma possível temporada”, admitiu Tainá.

Ao Correio, a atriz fala sobre o seriado, relembra a fase em Flor do Caribe (novela que está sendo reprisada na Globo e em que interpretou Ludmilla Villalba) e comenta sobre os futuros projetos em meio à pandemia.

Entrevista // Tainá Müller

A que atribui a boa repercussão de Bom dia, Verônica?
A resposta da crítica e do público tem sido ótima e estou muito feliz com a repercussão. Entramos no “Top 10” de vários países e essa é uma experiência inédita para mim, em termos de alcance do trabalho. A mensagem que a série passa é importante e, infelizmente, uma realidade mundial, não só do nosso país. Espero que a gente espalhe o debate sobre a violência contra a mulher.

Você chegou a ler o livro para se inspirar ou preferiu buscar a sua versão de Verônica?
Pirei com a Verônica já na leitura do livro, assim como a maioria dos leitores. É uma personagem multifacetada, surpreendente e bastante dona de si, fiquei fascinada. O desafio de dar vida a uma personagem literária é entendê-la com profundidade e, ao mesmo tempo, acrescentar algo de pessoal. Então, quando iniciei o processo de preparação com o Sérgio Penna, entendi que teria que criar a minha Verônica, entregar-me por inteira para alcançar a verdade dela. Escrevi muito durante esse processo, acordava e ia dormir tentando pensar como Verônica, sentir como ela, criar esse laço sensorial com sua dor e suas angústias. Fiz preparação de luta e defesa pessoal com Chico Salgado, laboratório com vários policiais da Delegacia de Homicídios do Rio, associado a esse processo de atriz também muito interno, como o Penna sempre propõe. Aos poucos, foi surgindo a Verônica da tela, que é o resultado do trabalho de muita gente nessa adaptação.

Crédito: Suzanna Tierie/Divulgação. Bom dia, Veronica, série brasileira.

Você tem trabalhado em outros projetos: um livro e um curta de ficção. O que pode contar sobre cada um deles?
O livro surgiu do convite da Companhia das Letras para eu escrever sobre o tema depois de um texto que publiquei no jornal O Globo. Ele é o resultado do diálogo com Marcos Piangers sobre a parentalidade nesse mundo em transformação, sobre como foi para a gente ser filho e, agora, como é ser mãe de menino e pai de meninas. É um bate-papo meio filosófico, meio despretensioso, mas com momentos bastante confessionais de troca. Amores pandêmicos foi dirigido por Fabiana Winits e com roteiro de Renan Flumian. Bem caseiro, eu com meu celular, contracenando com o Milhem Cortaz remotamente. A obra conta três histórias de casais em meio à pandemia da covid-19.

No isolamento, você tem feito lives em que aborda horizontes pós-pandemia. Como tem sido essa experiência? E como você mesma vislumbra o mundo após tudo isso?
Estou gravando entrevistas, neste momento, via Zoom, com direção do Maurício Arruda. Ainda estamos encontrando o formato, mas, em breve, devo lançar o canal que pretende justamente isso, trocar ideias. Vivemos em um tempo difícil, talvez nunca estivemos tão desorientados e ao mesmo tempo com tanta urgência de organização de pensamento, de um plano em conjunto de sobrevivência. Minha vontade de falar disso surgiu da necessidade de eu mesma voltar a ter esperança, de ver saída para esse labirinto que nossa civilização entrou. A modernidade criou uma espécie de anestesia coletiva, em que os estímulos não entram mais. Então, no jornal, está escrito “temos sete anos para reverter o aquecimento global”, e isso impacta zero no nosso dia a dia. Estamos inebriados na dopamina dos likes das redes sociais e não estamos olhando o abismo que nos espera logo ali. Então, acredito que todas as pessoas minimamente conscientes e com o prato de comida garantido na mesa têm a obrigação de botar a cabeça pra funcionar neste momento, fazer de tudo para cavar outros horizontes, imaginar junto um outro mundo possível.

Como muitos atores e atrizes, você pode ser vista novamente em reprises. No seu caso, em Flor do Caribe. Você aproveita para ver?
Não curto muito ficar me vendo, não, a não ser que tenha uma utilidade para o trabalho em si, como uma novela no ar ou algo que pode ter continuação. Quando vejo Flor do Caribe, eu me acho uma menina. É engraçado, porque não me via tão jovem na época. (risos)

Você está confirmada na série Mal secreto, uma das atrações que teve de ser paralisada na pandemia. O que pode contar sobre esse projeto? Já há alguma conversa sobre volta das gravações?
Minha personagem é uma advogada criminalista que se envolve com o psiquiatra forense vivido pelo Sergio Guizé. Não posso dar spoliers (risos), mas espero em breve poder começar a gravar.

Adriana Izel

Jornalista, mas antes de qualquer coisa viciada em séries. Ama Friends, mas se identifica mais com How I met your mother. Nunca superou o final de Lost. E tem Game of thrones como a série preferida de todos os tempos.

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