Antologia com elenco estrelar, Solos inova sem necessariamente ser completamente original
Por Pedro Ibarra*
O que nomes Anthony Mackie, Helen Mirren, Constance Wu, Anne Hathaway, Morgan Freeman e Uzo Aduba têm em comum? Todos estão na nova minissérie da Amazon Prime Video, Solos, ou Sozinhos, no Brasil. A série tem um protagonista por episódio e apresenta o que é ser um humano em um contexto tecnológico distópico. O Blog Próximo Capítulo assistiu aos três primeiros episódios da produção e já pode adiantar o que esperar da nova aposta da plataforma de streaming da Amazon.
Solos tem personagens humanos e situações tecnológicas
A série apresenta personagens no futuro, em situações que só é possível vislumbrar, como clonagem e venda de memórias, até circunstâncias que conversam muito com a atualidade, como traumas pós-pandemia ou viagens para o espaço. Contudo, o que importa não é o contexto em que estão inseridos, e, sim, a mensagem humana e pessoal que os episódios passam.
Cada episódio é como uma viagem interna na memória, nos sentimentos e nos traumas do personagem, é uma conversa franca e muito aberta com uma pessoa fictícia, mas que por vários momentos soa muito real. Tudo gira em torno da palavra, da história e, apesar de ser esteticamente muito bem produzido, o visual é o segundo plano. Quem manda é o texto, a palavra.
É como um Black mirror, mas que explora uma linguagem muito diferente. Em momentos quebra a quarta parede, em outras tem dois personagens, mas é sempre uma conversa ou contação de história que envolve o espectador. O roteiro é muito bem construído para prender e engajar o público nesses personagens desenvolvidos nos mínimos detalhes. O detalhismo também é importante. Os episódios são antológicos, cada com a própria história, contudo possuem pequenas referências que os conectam. Vale a pena assistir aos episódios em ordem.
O elenco potente também auxilia. Os três primeiros episódios têm atuações impressionantes de Anthony Mackie, Helen Mirren e Constance Wu, respectivamente. Muito sentimento faz parte pano de fundo desses personagens, e o contexto tecnológico critica de forma muito delicada porém pertinente a forma como a população lida e vê a tecnologia. O novo não é vilão, mas é um contexto não muito agradável para os personagens.
Pandemia e novas formas de produção
A série não se chama Sozinhos por um acaso. Ela foi uma saída para a produção durante os tempos de pandemia. Os episódios são praticamente monólogos, foram gravados de forma a expor o mínimo de pessoas possível ao risco de contrair a covid-19.
O resultado é bastante positivo, a série encontra boas saídas para suprir a pouca quantidade de atores e as locações reduzidas. Além disso, vence a principal pulga atrás da orelha que deixou quando foi anunciada: Seria chato um episódio de apenas um personagem? A resposta, a princípio, é não. O seriado começa muito bem e prende o público a partir de um texto muito bem feito, que leva o espectador a lugares muito distantes do que é mostrado nas cenas.
Amazon Prime Video e as boas minisséries
Solos inicia na promessa de se juntar a títulos como Modern love, Pequenos incêndios em toda parte e O gerente noturno, como um dos destaques da plataforma na categoria Minissérie. Este tipo de produção tem se tornado uma especialidade da casa de ideias da Prime Video e já rendeu indicações e até vitórias em prêmios com Emmy, Globo de Ouro e Critics Choice Awards.
Solos apresenta bons personagens e muito potencial de ser uma produção aclamada em premiações. Tudo é feito da melhor forma possível, nas circunstâncias que foram impostas por uma pandemia. A série é uma dos mais interessantes lançamentos recentes do streaming, e não só por investir em grandes talentos, mas em histórias interessantes.
*Estagiário sob a supervisão de Vinicius Nader