Último capítulo da novela das 18h seguiu receita de bolo: vilões punidos, mocinhos felizes e nada de novo. Sol nascente passou e não será lembrada.
O último capítulo da novela das 18h da Globo, Sol nascente, foi exibido nesta terça (21/3) e será reprisado na tarde de quarta (22/3). A trama de Walther Negrão (afastado no meio a novela por motivos de saúde) e Suzana Pires não decolou. O pior: naufragou desde o início nas belas águas de Búzios e Arraial do Cabo, balneários onde foram gravadas as cenas da fictícia Arraial do Sol Nascente.
Na última semana (como é de costume em novelas que cozinham o espectador em banho-maria), todos os conflitos foram resolvidos a toque de caixa. Os mocinhos Alice (Giovanna Antonelli) e Mario (Bruno Gagliasso) viveram felizes para sempre, mas não sem antes César (Rafael Cardoso) sequestrar a empresária após ser liberado da prisão — oportunidade aproveitada com louvor pelos autores para que a personagem de Giovanna criticasse o sistema judicial brasileiro.
No mais, nada de novo: vilões punidos, reencontros amorosos, anúncios de gravidez e o meloso “e foram felizes para sempre”. Que venha Novo mundo!
A química entre os intérpretes de Mário e Alice é inegável. Mesmo vivendo personagens imaturos para a idade deles, os dois se saíram bem e fizeram o principal: o público torceu pelo final feliz do casal de amigos que se torna uma família de comercial de margarina.
O ator vinha colecionando boas performances como mocinhos e se destacado com um galã da nova geração. Com César teve a primeira oportunidade como antagonista e a agarrou com unhas e dentes. Foi destaque na novela!
A vilã dona Sinhá foi merecedora dos melhores momentos de Sol nascente. Tanto que quando a atriz Laura Cardoso teve que ficar cerca de três meses fora dos sets por causa de uma infecção urinária, a novela perdeu o fôlego e nunca mais se recuperou. Caricata, Sinhá parece ter saído das páginas de uma história em quadrinhos. Prato cheio para a experiente atriz, que no penúltimo capítulo, ao tramar fuga para o México pediu pressa antes que “o presidente bochechudo erga o tal muro.”
A família Tanaka era uma das principais de Sol nascente. Descendente de japoneses, o clã era liderado por Kazuo Tanaka. O personagem tem nome de japonês, família japonesa, mantém alguns costumes orientais, mas tem cara de brasileiro. A escalação de Luis Mello foi polêmica desde o início e poderia ter sido justificada se o ator tivesse tido uma performance fora do comum. Não foi o caso. Na época da estreia, a direção do folhetim ainda disse que não havia encontrado atores orientais da faixa etária desejada com competência para o papel. Abram os olhos, diretores!
Quando o elenco de Sol nascente foi anunciado, logo chamou a atenção um casal. Os italianos Geppina e Gaetano foram interpretados por Aracy Balabanian e Francisco Cuoco. A promessa era que os excelentes atores fossem discutir o amor na terceira idade. Nada aconteceu e os personagens ficaram cada vez mais na periferia. Pra que escalar dois atores desse quilate para papéis tão pequenos?
Até agora já falamos de japoneses e italianos. Mas e os motoqueiros, caiçaras, tatuados, roqueiros… Pois é! Tantas tribos fizeram com que autores e público se perdessem.
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