Ator de produções como Vai que cola e Segunda chamada, Silvio Guindane dirige o humorístico Vai passar e escreve roteiros para o cinema
O isolamento social está longe de ser sinônimo de pausa para o ator, diretor e autor Silvio Guindane. O professor Marco André de Segunda chamada aproveitou o tempo em casa para trabalhar. “Não parei de trabalhar nem um dia, não só com os projetos que estou tocando de forma remota (on-line), mas também focado em roteiros e textos que já estavam na minha demanda, antes mesmo da pandemia. Estou adaptando Tempo de despertar, de Oliver Sacks, para o teatro (projeto que irei dirigir também), escrevendo um espetáculo infantil, desenvolvendo dois projetos de séries e mexendo no roteiro do longa-metragem que irei dirigir em 2021”, conta, em entrevista ao Próximo Capítulo.
Uma das novidades é o Vai passar, programa que ele dirige no Multishow com piadas sobre o isolamento social. “Ter a possibilidade de fazer um projeto para alegrar as pessoas neste período é mais que uma honra, é a possibilidade de, por meio do nosso ofício e com a comédia, colaborar com um alento para a vida dos brasileiros, afirma.
A seguir, você lê a entrevista em que Silvio fala sobre os projetos atuais, a profissão de ator e a quarentena. Confira!
Entrevista// Silvio Guindane
Com o Vai passar, você acaba fazendo graça com o período de isolamento que estamos enfrentando. O humor pode ser uma válvula de escape para um momento de dificuldades como esse?
O humor vem da observação do mundo, é uma espécie de lente de aumento das situações e do comportamento humano. Esse triste momento que estamos vivendo com a pandemia do coronavírus nos dá muita apreensão, inseguranças e muitas adaptações para o nosso cotidiano. Ter a possibilidade de fazer um projeto para alegrar as pessoas neste período é mais que uma honra, é a possibilidade de, por meio do nosso ofício e com a comédia, colaborar com um alento para a vida dos brasileiros.
Como surgiu a ideia do programa?
A série Vai passar chegou até mim por um convite do Multishow e da produtora responsável pela produção de série Floresta. O projeto parte da ideia original do diretor Erick Andrade, que também assina a direção da série.
Como você está lidando com o isolamento social?
Totalmente confinado. Porém, não parei de trabalhar nem um dia, não só com os projetos que estou tocando de forma remota (on-line), mas também focado em roteiros e textos que já estavam na minha demanda, antes mesmo da pandemia. Estou adaptando Tempo de despertar, de Oliver Sacks, para o teatro (projeto que irei dirigir também), escrevendo um espetáculo infantil, desenvolvendo dois projetos de séries e mexendo no roteiro do longa-metragem que irei dirigir em 2021.
Ator, diretor, roteirista e produtor… com que faceta você mais se identifica?
Sou ator de profissão, mas todas as outras funções se completam. Um ator não deixa de ser um autor e dirigir foi algo que se consolidou em minha trajetória de forma muito natural. Fui criado dentro de sets de filmagens e de teatros, trabalho desde muito novo. Automaticamente esse olhar de concepção da direção foi se fundindo comigo. Não tenho uma preferência, o meu barato é contar histórias, jogar, fazer com que o público se identifique, se observe, reflita o mundo. E, nessa brincadeira, vou refletindo também e amadurecendo como pessoa. Acredito que a busca do autoconhecimento é infinita e fascinante. Por isso, sou apaixonado por dramaturgia, exercendo a função que for.
A carreira artística no Brasil é instável. Essa diversidade de atividades é uma forma de fugir dessa instabilidade?
Uma vez eu ouvi uma frase que dizia “O ser humano é feito de duas coisas: Desejo ou necessidade”. Tive a sorte de ter as duas no meu caminho, uma coisa motivou a outra. Acho que daí se desdobrou essa diversidade de atividades ligadas às artes cênicas na minha vida. Vim de uma família simples, classe média baixa, nunca cheguei a passar fome ou coisa assim, mas minha infância e adolescência foram sem luxo. Sempre soube que a hora que eu parasse de trabalhar seria difícil me manter na profissão. Minha família nunca teve um colchão financeiro farto, muito menos heranças. Porém, meus pais conseguiram me dar uma boa educação, isso me salvou. Sem a menor sombra de dúvidas, foi a maior riqueza que poderiam me proporcionar. Me considero um privilegiado de ter tido a possibilidade dos livros, neles difundi esse sonho que até hoje me mantém vivo e, consequentemente, no mercado.
Você estará na segunda temporada de Segunda chamada. O que pode adiantar sobre o que vem por aí? As gravações chegaram a começar antes da pandemia? Como é retomar um papel depois de uma pausa e de outros trabalhos entre os intervalos?
Estávamos gravando a segunda temporada da série antes da interrupção por conta da pandemia. Mesmo com a pausa, estamos todos (elenco, direção, autores, equipe..) muito dentro dos personagens e da história. Retomar não será um problema, será um alívio, uma alegria, tenho certeza que voltaremos com força total e com o mesmo afinco que nos acompanhou durante a primeira temporada e durante esse período que gravamos parte da segunda. Agora, adiantar o que vem por ai…. Isso é segredo rs.. Em breve todos nós iremos ver nas telas.
Você também está envolvido na direção da terceira temporada de O dono do lar. Como será essa temporada? Teremos novidade?
Sim! A segunda temporada está no ar no Multishow e já gravei a terceira. Olha ai… É tanta coisa que me esqueci de listar isso, neste período de isolamento me dediquei muito à edição da terceira temporada da série. Estou muito feliz com o resultado. Para a terceira temporada temos novidades, personagens novos… Mas o que posso adiantar é que a confusão da casa de Américo seguirá a mesma. (risos) Nosso dono do lar terá, cada vez mais, que provar que é um exímio dono de casa, mesmo com aquela família, que ele tanto ama, não o ajudando muito.
Você é roteirista do filme Eike Batista. Como foi o processo de roteirizar a história de uma pessoa que realmente existiu?
Uma aventura! Foi um ano de processo para escrever o roteiro e muitas coisas foram acontecendo com a vida real do protagonista durante esse período. Tenho muito carinho por esse projeto. Não vejo a hora de o ver no cinema.
Você ainda estará no elenco de Boca de ouro. Como é reviver um texto clássico como esse?
Boca de ouro é o tipo de projeto inegável, é aquele convite que, quando você recebe, você festeja. Obra do Nelson Rodrigues, que já foi filmada pelo Nelson Pereira dos Santos e hoje é refilmada pelo mestre Daniel Filho! Na profissão, às vezes, acontecem projetos que só te dão prazer. Boca de ouro é um desses. Texto maravilhoso, uma adaptação primorosa do Euclides Marinho e com o nosso querido Daniel dirigindo, uma aula e um mergulho no bom cinema a cada dia de filmagem. Vi o filme e amei!
Haverá alguma forma de contextualização com os dias atuais?
Não houve contextualização para os dias atuais necessariamente, pois só se faria necessário se Boca de ouro fosse uma obra datada, o que não é. Na concepção de Daniel, o filme é atemporal. Não quero parecer repetitivo, mas preciso frisar aqui: assistam a esse filmaço!