Por Pedro Ibarra
Filme sobre gangsters e máfia de muito sucesso lançado nos 2000, Sexy beast parecia esquecido no passado. Porém, algo naqueles personagens chamou a atenção de Michael Caleo, roteirista de televisão conhecido por produções de máfia. O cineasta acreditou que ainda havia uma história para contar e trouxe para a Paramount+ um seriado sobre a origem dos personagens Gal e Don e como eles chegaram ao topo da cadeia alimentar do crime urbano. A série Sexy beast estreou na última quinta e é uma das apostas da plataforma para o início de ano.
A história é um prelúdio para o filme de mesmo nome dirigido por Jonathan Glazer. Enquanto no original Don (Ben Kingsley) contrata Gal (Ray Winstone) para um último trabalho, a série acompanha o início da relação dos dois e como eles se aproximaram, cresceram e se separaram. Os dramas das relações alternam com momentos de adrenalina e ação que apenas filmes de máfia e gangsters são capazes de trazer.
Antes interpretado por Ray Winstone, agora Gal é um personagem de James McArdle; o papel indicado ao Oscar de Ben Kingsley, Don, é vivido por Emum Elliott. Deedee, também muito importante da trama tem sua versão jovem interpretada por Sarah Greene, que tenta calçar os sapatos de Amanda Redman. O ator Stephen Moyer está na pele de Teddy Bass, antes interpretado por Ian McShane. Os roteiristas originais David Scinto e Louis Mellis assinam a produção executiva.
Por mais que seja o lugar onde tudo começou e tenha uma obra original como base, a série de Sexy beast promete algo novo para as telinhas. “A primeira vez que eu vi a série fiquei muito animado, porque é muito divertida e muito diferente do filme. Claro que fazemos a homenagem e somos muito respeitosos, mas fazemos algo nosso”, conta James McArdle em entrevista à Revista.
Os atores envolvidos acreditam que o valor está na potência do inexplorado nos cinemas. “O legal é que, no filme, não se sabe muito sobre a história prévia desses personagens. Não é muito do falado, mas trata da atmosfera que muda. É tudo muito rico e ainda pouco explorado”, afirma Sarah Greene. “Várias questões que o filme deixa estão no não falado. As informações sobre as histórias anteriores desses personagens são muito escassas no longa. São muitas perguntas não respondidas”, explica James.
As dúvidas podem ser várias perguntas. “Como eles foram parar na Espanha?”, “o que separou os personagens?”, “como eram as relações antes de tudo acontecer”, se resume a uma só pergunta-chave que rege a nova narrativa. “A pergunta: ‘como eles chegaram ao ponto em que estavam no filme?’ é o que sustenta esses episódios, com certeza”, classifica o protagonista da produção.
O mais interessante neste processo é o impacto de Sexy beast. Mesmo próximo de completar 25 anos de idade, o filme ainda é aclamado. Não foi apenas Michael Caleo que viu potencial nessa história. Todos envolvidos na produção tinham uma relação especial com essas figuras que chegam ao streaming. “Eu já estava muito animada de saber que ia ter um prelúdio para essa história, principalmente porque iria aprofundar os personagens”, lembra Greene.
Tanto Sarah Green quanto James McArdle tinham uma intensa relação prévia com a história que irão mergulhar durante oito episódios na Paramount . “Eu era grande fã do filme e da performance do Ray Winstone. Tudo sobre o filme é icônico. Porém o que mais estou animado é para trazer elementos diferentes para história e este desafio foi o que me moveu”, complementa James.
Sexy beast não é a primeira e nem será a última produção relativamente recente a ganhar continuação ou uma nova versão. O poderoso chefão ganhou a série The offer, o aclamado seriado Família Soprano teve um prelúdio no filme The many saints of Newark. Fora da máfia, Percy Jackson está no ar com uma nova versão, Meninas malvadas é sucesso com versão musical nos cinemas, As crônicas de Nárnia e até Harry Potter vão ganhar reboots.
Para o elenco de Sexy beast, esse interesse por produções de décadas atrás, principalmente dos anos 1990 e 2000, diz muito sobre a sociedade atual. “Parecia que o final dos anos 1990 e início dos 2000 foram a última gota de um sentimento de muita esperança, de algumas liberdades e de oportunidades de grandeza. A gente não vê o mesmo futuro agora que vimos antigamente, por isso que voltamos ao passado”, analisa James. “Não tem mensagem, passar para o lado ou descer timelines. Tem algo muito mais romântico sobre esse período que meio que estamos todos necessitados”, crava Greene.
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