Acelino “Popó” Freitas teve a carreira de sucesso no boxe televisionada. O Brasil parou em diversas ocasiões para acompanhar as disputas do pugilista quatro vezes campeão mundial. O que muita gente não sabe é o caminho que o boxeador trilhou para se tornar em um dos maiores atletas brasileiros. Como forma de compartilhar essa trajetória, surge a série Irmãos Freitas, que estreia neste domingo (20/10), às 21h, no canal Space.
A produção surgiu inicialmente como um filme. Com tantas histórias para contar, ganhou mais tempo em uma versão seriada com oito episódios. “A gente quis fazer uma série sobre o início da carreira de um campeão. O que a gente quer mostrar, na verdade, para esse público jovem de hoje, é que é possível mudar. Não importa a classe social, aqui nessa série, a gente mostra verdadeiramente como o atleta brasileiro sofre para vencer, e isso tem que ser um estímulo, de superação, de garra. O lutador não sofre só no ringue”, diz o próprio Popó em entrevista ao Correio.
Na telinha, o papel do boxeador ficou a cargo do ator paulista Daniel Rocha. Popó conta que se fez disponível para o elenco e para a equipe da série, que foi criada por Sérgio Machado e Walter Salles, com direção de Sérgio Machado e Aly Muritiba e supervisão artística de Walter Salles. “Falei desde o início que estava disponível para entrevistas, tanto eu quanto minha família. Mas não fiz interferência em nada”, conta.
Coube a Daniel Rocha fazer a sua versão do personagem. Ele contou com o apoio de uma preparadora de elenco, se dedicou ao boxe — algo que ele teve facilidade, já que foi atleta de kickboxing na juventude —, teve de emagrecer 10kg — apontado como o maior desafio — e ainda aprender a falar com sotaque baiano. “Foi bem difícil. Primeiro porque eu estava com um peso muito diferente do dele. Foi um desafio. Sou paulista e ele, baiano. Nossa realidade de vida também era muito diferente. Tive uma preparação longa e intensa”, revela Daniel Rocha.
Mais do que uma história sobre Popó, Irmãos Freitas é uma narrativa sobre a família boxeadora, que teve no esporte a oportunidade de mudar de vida. Quando resolveu ingressar na luta, Acelino já tinha como referência o pai, Niljalma Freitas — aqui apresentado como Babinha (Claudio Jaborandy) —, e o irmão Luís Claudio (Rômulo Braga). Na época, havia uma expectativa de que Luís fosse se destacar antes mesmo do irmão. “Pouca gente conhece a história do Popó. Todo mundo já o viu quando ele ficou famoso. O Luís Claudio que era o grande atleta da família. As pessoas vão ver essa história, do Popó virando profissional. É uma história de superação no esporte”, analisa o protagonista Daniel Rocha.
Ao longo dos oito episódios, Irmãos Freitas mostra a trajetória de amor e rivalidade entre Popó e Luís, desde os ringues na periferia de Salvador até o campeonato mundial de boxe dos super-penas, quando Acelino conquistou o primeiro título da carreira. Paralelamente aos irmãos, há o destaque para a mãe, Dona Zuleica (Edvana Carvalho), uma figura guerreira que fez de tudo para tirar os filhos da miséria.
A série foi gravada seguindo o padrão de longas-metragens, com extensas rotinas da filmagem e rodando o mundo. No Brasil, a equipe passou por São Paulo e Salvador. Fora, tiveram cenas gravadas na França, nos Estados Unidos e na Inglaterra. “Foi um ano e pouco dedicado à série. Foi a primeira vez, como artista, que tive a possibilidade de ter uma preparação tão grande para um projeto, o que foi muito legal”, garante Daniel Rocha.
Apesar de a produção estar confirmada, por enquanto, apenas para uma temporada. Há a expectativa de uma sequência. Popó garante que tem história para contar e torce pela renovação. “Eu não trabalhei nessa temporada, ficou tudo a cargo do Daniel (Rocha), que já vinha pesquisando quem eu era, a forma como eu lutava, o meu sotaque baiano. Mas se tiver mais uma temporada, faço questão de participar de alguma forma. Não como ator, mas em termos de lutas”, adianta.
Como era a sua relação com a figura do Popó antes da série?
Daniel Rocha: Eu era pequeno na época em que ele foi campeão mundial. Eu tinha 8 anos. Mas eu sempre assistia às lutas com o meu pai. Já era muito fã. Também fui atleta de kickboxing, que tem muito do boxe, então eu estudava o estilo dele quando era mais novo.
Como foi para você revisitar toda uma trajetória de luta para a série?
Acelino “Popó” Freitas: Verdadeiramente, não tenho nenhum trauma quanto a isso. Tive uma infância feliz, até tudo que passei para chegar, vejo com felicidade. O único trauma que sempre tive foi de perder peso. Minha infância, meus treinamentos, até os empresários que me passaram a perna, tudo foi perfeito. Agora, perder peso sempre foi meu sofrimento. Passei fome na infância, então tenho pavor de geladeira vazia. Para mim, era difícil ver uma geladeira cheia e não poder comer.
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