Desde o último dia 19, o National Geographic Brasil exibe a série nacional Em busca das cobras, com transmissão toda quinta às 22h30. Apresentada pelos biólogos Rato e Vini, a atração mostra a dupla na missão de encontrar cobras para serem estudadas. O objetivo é desvendar para o telespectador o ecossistema dos répteis das florestas brasileiras. Tudo isso de forma popular.
“Podem esperar uma série com muitas informações relevantes sobre esses incríveis animais que são as cobras. Informações que vão desde a biologia, a ecologia, a evolução etc. Além de imagens fantásticas dos locais por onde passamos e ainda muita aventura e bom-humor”, conta Vini.
A ideia de série nasceu quando a dupla participou do documentário da Grifa Filmes, Novas espécies — A expedição do século, que mostrava uma equipe de cientistas em uma região montanhosa e remota chamada Serra da Mocidade, em Roraima. “Um cinegrafista chamado Thiago Silva e o diretor Maurício Dias acharam que eu e o Vini tínhamos algum tipo de talento para as câmeras, e então nos convidaram para gravar um piloto, lá mesmo no meio da mata. Esse piloto foi o início de tudo, embora a série tenha saído do papel apenas três anos mais tarde”, lembra Rato.
Na primeira temporada, os estudiosos atravessarão o país em 16 episódios tentando levar ao público uma visão diferenciada sobre a natureza e dos animais protagonistas da produção. “Nós desejamos desconstruir alguns preconceitos decorrentes do desconhecimento, como a falácia de que cobras são animais maléficos e assassinos frios. Mas também queremos chamar atenção para a importância de protegermos ecossistemas naturais, tão importantes para regulação do clima global, e, portanto, para nossa própria qualidade de vida”, complementa Rato.
Como veio a ideia e a oportunidade de criar a série documental Em busca das cobras?
Rato: A ideia veio da possibilidade de apresentarmos as cobras como representantes da incrível biodiversidade que ainda existe nas maravilhosas florestas brasileiras. Além disso, vimos uma oportunidade para mostrarmos às pessoas um pouco sobre o tipo de curiosidade que move cientistas como o Vini e eu. Humanos tendem a ser bastante curiosos em relação às cobras, e geralmente mostram reações intensas. Por exemplo, egípcios antigos cultuaram cobras como deusas, e gregos as viram como símbolos de renovação física e espiritual. Infelizmente as culturas ocidentais contemporâneas desenvolveram a percepção generalizada de que cobras são assassinas cruéis, mas a série é também uma ótima oportunidade para quebrarmos preconceitos decorrentes do desconhecimento. De qualquer forma, seja qual for o tipo de emoção estimulada por uma cobra, admiração ou pânico, ela chama a atenção das pessoas. Portanto as cobras são muito boas para falarmos sobre coisas importantes como a evolução biológica e a conservação de ecossistemas naturais.
O que podemos esperar da produção?
Rato: O público pode esperar um programa sobre ciência e conservação da biodiversidade, mas sem a parte chata de gráficos complicados e linguagem carregada de jargões acadêmicos. Procuramos popularizar a ciência de forma leve e divertida, e esperamos que as pessoas se sintam parte das nossas expedições, como se tivessem no meio da floresta com a gente, compartilhando as nossas alegrias e frustrações. Não estamos apenas interessados em mostrar cobras na televisão, mas também em oferecer às pessoas uma experiencia de imersão na imensidão das florestas.
Qual é a importância de abrir espaço na televisão para mostrar as cobras e desmitificar alguns paradigmas desses animais?
Vini: Cobras em geral são consideradas malvadas e causadoras de acidentes. O que pretendemos é mostrar para sociedade não científica que a maioria das cobras são inofensivas e um percentual muito baixo são de cobras peçonhentas. Da mesma forma que gostamos de aves, peixes, anfíbios, primatas, golfinhos…enfim, do que consideramos “fofo” também podemos passar a gostar das cobras. O medo se dá pela falta de conhecimento sobre esses animais… Portanto, esperamos que a série possa levar informações importantes para as pessoas leigas no assunto.
O que aconteceu de mais inusitado nas gravações?
Rato: Em um dos episódios gravados na Floresta Nacional do Tapajós nós encontramos uma falsa cobra-coral dentro de um tronco de árvore caído, muito grande e quase completamente oco. Como o Vini é muito grande e não caberia naquele tronco, sobrou para mim me arrastar para dentro do buraco e capturar a cobra. Foi bem difícil, e um pouco claustrofóbico, mas valeu a pena. Foi uma das cobras mais legais que encontramos ao longo da nossa jornada.
Vini: Teve um momento muito emocionante pra gente… Estávamos gravando no Parque Nacional de Anavilhanas, estado do Amazonas. Nessa localidade tinha uma comunidade de indígenas (etinia Kambeba)… Povo que nos recebeu com muito carinho e respeito. Nessa comunidade havia uma escola estadual. Tivemos ideia de realizar uma palestra sobre cobras (livro que o Rato produziu sobre as cobras da região de Manaus) pra comunidade… Trocar informações entre o conhecimento empírico vs conhecimento científico. Durante a palestra o Tuchauá da comunidade fez uma pergunta “é verdade que o coração da cobra é na ponta do rabo”. Foi uma noite muito produtiva e divertida onde pudemos expor um pouco do nosso conhecimento e saber sobre as histórias seus antepassados… Além de muitos mitos e lendas que eles conhecem.
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