O fim de ano é uma época em que estamos acostumados a olhar para trás, fazer balanços, ver o que valeu (ou não) a pena. A programação da televisão estará repleta de retrospectivas sobre o 2021 que acaba, fatos marcantes, dores e conquistas. Mas em Fé na vida, série documental em três episódios que a Globo estreia terça-feira, o olhar está no presente e no futuro. “Como vai ser nossa vida após a pandemia?”
A pergunta que não quer calar serve como guia para o jornalista Murilo Salviano em Fé na vida. E a mensagem, como pressupõe o título, é de otimismo. “Durante o ano inteiro mostramos em nossos telejornais as dificuldades nas diversas áreas, da saúde, da economia, sociais. No especial, fomos atrás de personagens que já estavam fazendo esse futuro de esperança, que não deixaram de sonhar nem de realizar, apesar de muita dor”, conta Murilo, que uniu as forças das equipes do Fantástico e do Profissão Repórter na jornada.
Os episódios de Fé na vida serão temáticos, embora complementares entre si. O primeiro falará sobre reencontros e terá como foco principal a família. O segundo abordará emprego e trabalho. O terceiro encerra a série mostrando a realização de sonhos, como o de uma formatura. O especial vai ao ar após a novela Um lugar ao sol.
A procura pelas histórias começou na rodoviária do Tietê, em São Paulo, simplesmente o maior terminal da América Latina e um dos maiores do mundo. “Ali foi o ponto de partida, mas, no final, temos personagens de 13 estados, sempre procurando brasileiros comuns. Alguns encontrados em rodoviárias, outros indicados e muitos na rua mesmo, puxando conversa. São pessoas fortes, guerreiras que trazem histórias sobre resiliência, persistência e medo”, lembra Murilo, em entrevista ao Correio.
Entre as histórias, o público poderá acompanhar uma mãe que vai ao encontro do filho porque ele ficou desempregado na pandemia e precisava da ajuda dela; um zelador que volta a abraçar a mãe depois de três anos porque estava com medo de passar covid-19 para ela; uma família quilombola no interior da Bahia que precisava sobreviver; os trabalhadores do barracão da escola de samba São Clemente, que não param mesmo sob a incerteza do desfile; e a de dona Deia Lúcia, mãe do ator Paulo Gustavo, morto em maio deste ano vítima do coronavírus, que precisa seguir em frente mesmo com a dor dessa perda.
Com elas, uma lição trazida a Murilo, que voltava a entrevistar as pessoas olho no olho depois de muito tempo: “A vida impera. Essas pessoas tinham que driblar os medos e as dificuldades para seguir o sonho. Já conhecemos um tanto desse vírus, sabemos nos adaptar a ele. Temos muito o que aprender uns com os outros.”
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