Série Demi Lovato: Dancing with the devil traz relatos fortes da cantora sobre a overdose sofrida em 2018

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A produção documental estreia nesta terça-feira (23/3) no YouTube, quando serão liberados dois episódios de Demi Lovato: Dancing with the devil de forma gratuita

Em 24 de julho de 2018, a cantora Demi Lovato se tornou notícia no mundo inteiro após sofrer uma overdose. O fato aconteceu dias depois da artista celebrar publicamente os seis anos de sobriedade. Desde a adolescência, o vício em álcool e em drogas e os distúrbios alimentares são enfrentados pela estrela do pop.

Todas essas “sombras” que rondam a trajetória de Demi Lovato estão expostas na série documental Demi Lovato: Dancing with the devil (Demi Lovato: Dançando com o demônio, em tradução livre), que estreia nesta terça-feira (23/3), no canal da artista do YouTube. Serão divulgados os dois primeiros exibidos de forma gratuita. A temporada completa é composta por quatro, que serão disponibilizados para assinantes do YouTube Premium.

Com direção de Michael D. Ratner, o material foi todo gravado no ano passado durante a pandemia depois que outro documentário, produzido em 2018 com foco na turnê Tell me you love me, foi dispensado. “É triste porque gravamos um documentário que nunca será visto”, diz a cantora no início da série documental. O conteúdo feito em 2018 não será divulgado, mas algumas cenas são aproveitadas em Dancing with the devil até para ilustrar o momento de fragilidade ao qual Demi vivia no período antes da internação.

Narrativa de Dancing with the devil

Tudo em Dancing with the devil é honesto. Demi Lovato se despiu de qualquer medo de exposição e compartilha, em cada episódio, relatos fortes e verdadeiros sobre como lidou, ao longo dos anos de fama, com o álcool, as drogas, os distúrbios alimentares e as feridas criadas por uma relação complicada com o pai, que era alcoólatra, e por um estupro sofrido quando teria a primeira relação sexual.

Durante a temporada inteira, Demi e os convidados que toparam participar do documentário — a família (mãe, padrasto e irmãs), os melhores amigos, a dançarina Dani Vitale que foi acusada de dar drogas à artista, a assistente, os empresários, os médicos e até amigos cantores (aparecem Elton John e Christina Aguilera) –, reforçam que ela poderia ter morrido naquele dia. Num relato bastante doloroso, a artista admite que se a ajuda demorasse a chegar entre 5 a 10 minutos, ela não estaria viva contando essa história.

Crédito: YouTube/Divulgação. Demi Lovato e o segurança pessoal

Até por isso, Demi fez questão de abrir o coração e compartilhar tudo. Choca quando a artista revela o que passou por causa da overdose: ela teve três AVCs (acidente vascular cerebral), um ataque cardíaco, asfixia, alguns órgãos do corpo falharam e perdeu a visão (ela chegou a ficar cega, hoje em dia tem problemas que a impedem de dirigir e de enxergam objetos próximos) por causa de danos cerebrais. Também é assustador quando a cantora compartilha quais drogas estava usando tempos antes do fato: crack e heroína. Na fatídica noite, ela tomou um coquetel de opioides misturados com fentanil após uma noite regada de bebidas com os amigos.

Quando o espectador acha que não tem mais como ser surpreendido com os relatos, Demi acrescenta que o traficante que levou as drogas para ela no dia da overdose abusou sexualmente dela e a deixou para morrer. Ela foi encontrada no quarto pela assistente pessoal completamente nua, desacordada e ficando azul. “Quando acordei no hospital as pessoas perguntaram se eu tinha feito sexo consensual”, afirma. A cantora contou ter tido um flash da situação e respondeu que sim. Apenas um mês depois, foi capaz de perceber que o homem havia tirado vantagem dela. “Esse trauma não vai embora de forma rápida. Isso amplificou meu trauma com o meu pai”, completa.

Essa não foi a primeira vez que Demi sofreu abuso. Ela relata no documentário que a primeira relação sexual da vida dela foi um estupro. Por ser uma pessoa com quem ela tinha contato nos tempos de Disney, ela teve que ficar calada e ainda conviver com o abusador, se culpando. O fato foi mais uma ferida que a artista teve que enfrentar cedo, sendo um gatilho para a bulimia, que também se apresentava pelos próprios problemas com o peso.

Demais episódios de Dancing with the devil

Crédito: YouTube/Divulgação

Os dois primeiros episódios focam na overdose e no problema de Demi com as drogas e com o álcool. O espectador acompanha como a pressão por se manter sóbria fez com que a artista tivesse uma recaída, além, claro, de tudo que aconteceu antes, durante e depois da overdose.

A partir do terceiro episódio, a narrativa passa por mudanças. O terceiro capítulo dá voz as pessoas ao redor de Demi e como a overdose dela as afetou. Como a própria artista contou no festival SXSW Online, o foco está, principalmente, em Dani Vitale que teve a vida transformada após ser acusada de ser a causadora da overdose de Demi. A dançarina e amiga de Demi teve oportunidade de contar o lado dela da história, algo que a cantora fez questão.

O episódio mostra ainda a vida de Demi sendo reconstruída depois da overdose e de um período de reabilitação numa clínica. Ela voltou a escrever e daí surgiu Anyone, canção que apresentou 18 meses de se afastar dos palcos na cerimônia do Grammy em janeiro de 2020. “A letra é tudo que eu estava sentindo no hospital”, conta.

Já o quarto e último episódio estabelece a vida atual de Demi, revelando o trabalho num novo álbum que também terá o mesmo nome da série documental, que é o título de uma das faixas. Ainda exibe o período de isolamento social, quando iniciou um relacionamento, noivou e depois acabou terminando tudo. Mas o mais impactante é a honestidade da cantora em dizer que não está sóbria. Ela conta que só conseguiu encontrar um equilíbrio fumando maconha e bebendo socialmente, o que os amigos e os familiares, em geral, são completamente contra.

“Essa é uma doença poderosa (fazendo referência ao vício, mas Demi ainda tem depressão, distúrbios alimentares e bipolaridade). Tenho que trabalhar todo dia”, afirma. Apesar de admitir estar consumindo maconha e álcool com moderação, ela não faz apologia e nem diz que esse é o caminho certo. Pelo contrário, ela diz que cada um precisa encontrar o seu com muita ajuda. O documentário, inclusive, tem antes e depois de cada episódio avisos de gatilho e também indicações de ajuda para que pessoas que possam estar assistindo e passem por problemas parecidos possam buscar tratamentos.

Adriana Izel

Jornalista, mas antes de qualquer coisa viciada em séries. Ama Friends, mas se identifica mais com How I met your mother. Nunca superou o final de Lost. E tem Game of thrones como a série preferida de todos os tempos.

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