Assim que estreou na plataforma de streaming em 2016, a série 3% dividiu opiniões. No Brasil, choveram críticas. Lá fora, a atração se tornou a mais assistida produção de língua não inglesa.
Grande parte das reclamações tinha motivo. A primeira temporada teve atuações fracas, um figurino que denunciava um orçamento não tão robusto (como de produções internacionais) e algumas decisões de roteiro duvidosas. Mas, desde a primeira temporada, 3% tem alguns trunfos a seu favor: a ousadia em ser uma ficção científica brasileira e de apresentar uma história envolvente.
Em sua segunda temporada, 3% mostrou que aprendeu bastante com os erros da estreia. A atuação subiu de patamar — apesar de eu ainda achar que Vaneza Oliveira (Joana) poderia melhorar e, agora, é a única que destoa do elenco mesmo tendo uma personagem incrível — e, ao expandir o universo, a série atingiu seu ápice, com uma boa história, com início, meio e fim redondinho e com um gancho interessante para uma terceira temporada.
“Quando lançamos a primeira temporada estávamos atentos ao que todo mundo passava para gente. Sabíamos o que era essencial para a segunda temporada e o que poderíamos fazer um trabalho melhor e tentar fazer isso. Somos totalmente a favor de buscar análises para sempre melhorar. Não existe série perfeita”, analisa Pedro Aguilera, criador da série.
Mas se você ainda não se convenceu, confira a seguir cinco motivos para dar uma chance (ou uma segunda, se for o caso) à segunda temporada de 3%.
1. A história se desenvolve (e muito)
Na primeira temporada, Pedro Aguilera, criador da série, apresentou uma futuro distópico em que apenas 3% da população, quando atinge 20 anos têm o direito de após uma seleção, o Processo, conquistar o direito de deixar o Continente para uma vida de privilégios no Maralto.
Tudo isso foi mostrado pelo ponto de vista dos jovens do Continente que participavam do Processo 104. Destes, seguem na segunda temporada Michelle (Bianca Comparato) e Rafael (Rodolfo Valente), que agora vivem no Maralto, e Fernando (Miguel Gomes) e Joana (Vaneza Oliveira), que permaneceram no Continente.
E é, pela perspectiva do quarteto, que o espectador conhece o Maralto, aprende mais sobre o cotidiano do Continente e se prepara para a chegada do Processo 105, que enfrentará um plano promovido pelos agentes da Causa que pretendem derrubar o sistema.
A segunda temporada explora o passado e o presente dos quatro protagonistas e também se dedica à história de Ezequiel (João Miguel), o nome por trás do processo. Além disso, traz o passado do “casal fundador” — e, sem dar spoilers, esse é um dos melhores enredos da atual sequência de episódios.
2. Novos personagens
Para expandir o universo, 3% traz novos e importantes personagens. No Continente, aparecem com destaque Glória (Cynthia Senek, leia entrevista com a atriz), melhor amiga de Fernando e uma jovem pronta para o Processo 105; e Silas (Samuel de Assis), um médico integrante da Causa. Já no Maralto são apresentados Elisa (Thais Lago), uma das médicas do local; a comandante Marcela (Laila Garin); e André (Bruno Fagundes, leia papo com o ator), o irmão de Michelle.
“Assim que a gente decidiu que a segunda temporada iria expandir os universos seria preciso ter novas pessoas interagindo de outras maneiras mostrando diferentes pontos de vista. Acho natural que a série crescendo e andando vá introduzindo novas pessoas para dar sangue novo”, afirma Aguilera.
3. Força feminina
Desde a primeira temporada ficou bem claro que Michelle e Joana eram personagens fortes. O sucesso das protagonistas na estreia garantiu que elas tivessem mais espaço na sequência, tanto que o episódio de estreia é bem dividido entre as personagens de Bianca e Vaneza.
Ao longo dos 10 episódios, 3% ainda explora outras personagens femininas fortes, como Glória, Marcela e Samira, papel de Maria Flor.
4. Mensagem forte e universal
3% é uma ficção científica, mas sempre teve um paralelo com o mundo real. A desigualdade, a corrupção e os privilégios em uma sociedade sempre foram abordados na trama. “Desde a primeira temporada, a gente tinha a intenção de fazer uma série que tivesse todas as questões intelectuais e racionais, ao mesmo tempo que fosse emocionalmente arrebatadora”, explica Pedro Aguilera.
Na sequência, isso ganha ainda mais força, tanto na história quanto no desenvolvimento da narrativa dos personagens, que são dúbios e mostram diferentes pontos de vista em torno do Processo, da Causa, do Maralto e do Continente.
5. Ritmo envolvente e um final que vale a pena
Um dos pontos positivos da primeira temporada da série foi conseguir criar enredos envolventes e curiosos, que levavam o espectador ao episódio seguinte no melhor estilo de maratona.
Essa característica permanece: ao unir as pontas soltas deixadas na primeira temporada, 3% instiga o espectador a seguir pelos 10 episódios.
Como dito anteriormente, a segunda temporada de 3% consegue ter início, meio e fim apresentando uma história bem superior à primeira temporada e, mesmo assim, deixando um gancho para uma possível sequência.
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