Por Pedro Ibarra e Vinicius Nader
A gente bronzeada brasileira está mostrando cada vez mais valor na batucada do streaming. Setembro se despede com uma quinzena repleta de produções nacionais que, certamente, não deixam nada a dever a muito título gringo. O Correio separou algumas estreias que esbanjam diversidade: os musicais Só se for por amor (Netflix) e O coro: Sucesso aí vou eu (Disney ), a série documental Rota 66 — A polícia que mata (Globoplay), o drama Manhãs de setembro (Amazon Prime Video) e o terror Vale dos esquecidos (HBO Max).
Quarta-feira, o sertanejo invade a Netflix, com a estreia de Só se for por amor. O ritmo embala as dores e os romances dos personagens. A paraibana Deusa (Lucy Alves) e o goiano Tadeu (Filipe Bragança) estão juntos na banda homônima à série. Quando o grupo bomba, Deusa recebe uma proposta muito boa para seguir carreira solo e deixa os parceiros e o relacionamento em segundo plano. Tadeu, Valdo (Micael), Nelton (Adriano Ferreira) e Patrício (Giordano Castro) precisam de outra vocalista e a procuram no Bar do Corno, estabelecimento comandado por Gorete (Laila Garin), onde se apresentam Roberta (Luiza Fittipaldi) e Eva (Agnes Nunes).
“Gorete tem um passado misterioso e é dona do Bar do Corno, que é onde os artistas e os empresários do meio musical de Goiânia se reúnem. Ela é uma espécie de Lilian Gonçalves. Adora festa, adora música e promove encontro entre artistas. Ela também canta e tem uma vida sexual bem livre”, adianta Laila Garin, em entrevista ao Correio.
O repertório de Só se for por amor traz roupagem nova para antigos sucessos sertanejos, como Evidências, mas também flerta com o pop e com o forró. “Eu ouvia mais o sertanejo raiz, como Renato Teixeira e Almir Sater, que conheci através de minha mãe. Mas andei me encantando ultimamente por Marília Mendonça, com seu timbre emocionante e sua comunicação direta. Na nossa série, cada arranjo traz algo novo para aquela versão”, afirma a atriz, que é cantora e adora quando pode juntar as duas formas de se expressar.
Crônica policial
No dia seguinte, quinta-feira, é a vez de Rota 66 — A polícia que mata chegar ao catálogo do Globoplay. Inspirada no livro-reportagem de Caco Barcellos, a produção parte da investigação do assassinato de três jovens paulistanos e chega a um intricado esquema de violência militar. O ator Humberto Carrão vive o jornalista cuja biografia acaba se misturando à ação. O elenco ainda traz nomes como Lara Tremouroux, Gabriel Godoy e Naruna Costa sob a direção de Philippe Barcinski e Diego Martins. O roteiro é assinado por Teodoro Poppovic, Déo Cardoso, Mariah Schwartz, Philippe Barcinski, Felipe Sant’Angelo e Guilherme Freitas.
Família é escolha
Chega à segunda temporada, em 23 de setembro, a série Manhãs de setembro. A produção da Amazon Prime Video, muito aclamada no primeiro ano, dá continuidade à história de Cassandra (Liniker), Leide (Karine Teles) e Gersinho (Gustavo Coelho). Desta vez, eles saem de São Paulo e vão para o interior do Paraná. Na nova temporada, personagens como Lourenço (Seu Jorge), pai de Cassandra, são adicionados à trama e geram novas nuances à história que toca na forma como são construídas as famílias, nas várias maternidades e na independência da protagonista — isso tudo sem contar com temas já explorados, como a transfobia e a solidão da mulher.
Manhãs de setembro foi a estreia de Liniker como atriz. Agora, a artista está mais confortável no papel e agradece pela oportunidade de viver Cassandra mais uma vez. “A Cassandra mostra o ponto de vista do que parece ser impossível em uma realidade em que recebemos tanto ódio apenas por existir como pessoas trans”, conta. “Esta série mostra um processo em que uma pessoa trans brasileira está sendo tratada pela primeira vez de forma tão humana, com tanta dignidade”, complementa.
Seu Jorge, que entra no elenco ao lado de nomes como Ney Matogrosso, Mart’nália e Samantha Schmütz, exaltou a importância dessa série. “Todo homofóbico tem que ver essa série. O tema família é muito bem trabalhado, essa nova família, essa família moderna. Os conservadores e os caretas precisam ver isso para entender como é lindo ser uma família da forma como for”, afirma o cantor e ator, que também classificou a experiência como transformadora. “A série mostra que a família é o que a gente escolhe, o que a gente quer. Um texto maravilhoso, humano, delicado, sucinto e profundo ao mesmo tempo”, acrescenta Samantha Schmütz.
Presos em um pesadelo
A HBO Max lança o primeiro suspense brasileiro da plataforma no final do mês, em 25 de setembro. Em Vale dos esquecidos, um grupo de jovens se embrenha em uma trilha em uma floresta misteriosa. O risco da floresta e a vontade de explorar fazem com que eles cheguem à Vila Sereno para dormir. No entanto, o local é amaldiçoado. Lá, o tempo não passa, e é impossível sair. A série é protagonizada por Caroline Abras e Daniel Rocha.
Tudo pelos sonhos
Quase fechando o mês, o Disney traz o musical O coro: Sucesso, aqui vou eu, estreia do dia 28. A série chega com a chancela de ser escrita, dirigida e estrelada por Miguel Falabella, em seu primeiro grande projeto no audiovisual desde que deixou a Globo há dois anos. Na trama, um grupo de jovens adultos vai em busca de um sonho e participa da seleção do elenco de uma companhia de teatro. A convivência e a expectativa entre eles acaba despertando novos amores, novos medos e também trazendo alguns fantasmas do passado. Além do próprio Falabella, O coro tem Sara Sarres, Daniel Rangel e Gabriella Di Grecco. A trilha sonora mescla canções originais com clássicos de compositores como Gonzaguinha, Rita Lee e Chico Buarque.
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