Segunda chamada: Leonardo Bittencourt brilha no episódio desta semana. Leia entrevista

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Intérprete do xará Léo, o ator Leonardo Bittencourt fala sobre Segunda chamada, relembra o início da carreira em Malhação e olha para o futuro com o filme em que vive Daniel Cravinhos. Confira!

Da marra à ternura. A trajetória de Léo no episódio da série Segunda chamada desta terça-feira (10/12) foi um prato cheio para o ator Leonardo Bittencourt mostrar o quanto evoluiu desde o Hugo, garoto-problema e engraçado de Malhação – Vidas brasileiras (2018). O rapaz emocionou ao deixar claro que a rebeldia é uma forma de mostrar amor pelo pai, o diretor da escola Jaci (Paulo Gorgulho).

Para Leonardo, Segunda chamada é uma oportunidade de a arte cumprir o papel de “retratar os costumes e as questões de nossa época. A série traz, de uma maneira muito precisa, essa realidade e traz para o público esses conflitos.”

Em entrevista ao Próximo Capítulo, o ator manauara que deixou Manaus aos 19 anos revela que a série tem uma identificação forte copm a história da família dele. “Minha tia é professora na rede pública de ensino e já passou por uma situação igual a que viveu a Lúcia (personagem da Débora Bloch) em que um assaltante mascarado invade a escola e aponta uma arma para sua cabeça. Na maioria das vezes, nós só escutamos um lado do crime e a série traz o contexto em que isso acontece. Minha tia se sentiu representada enquanto educadora nessas dificuldades de trabalho”, conta.

Entrevista// Leonardo Bittencourt

Foto: Maurício Fidalgo/TV Globo. Leonardo Bittencourt e Paulo Gorgulho são pai e filho em Segunda Chamada

Segunda chamada discute de forma muito crua a educação pública no país. Você acha que levantar essa temática é função da arte?
Entre as funções da arte, acredito que nosso ofício tem o papel de retratar os costumes e as questões de nossa época. A série traz, de uma maneira muito precisa, essa realidade e traz para o público esses conflitos.

Você teve alguma experiência com ensino público? Como foi?
Eu sempre estudei em escola particular e tenho noção de como fui privilegiado. Minha tia é professora na rede pública de ensino e já passou por uma situação igual a que viveu a Lúcia (personagem da Débora Bloch) em que um assaltante mascarado invade a escola e aponta uma arma para sua cabeça. Na maioria das vezes, nós só escutamos um lado do crime e a série traz o contexto em que isso acontece. Minha tia se sentiu representada enquanto educadora nessas dificuldades de trabalho.

De uma certa forma, Malhação também fala sobre educação, mas em outro tom. A repercussão do Hugo e do Léo foram diferentes?
O Hugo e o Léo aprontaram bastante nas suas escolas, mas as coincidências param por aí. Por ser mais novo, muito do que o Hugo fazia era inconsequente e, após reconhecer seu erro, sempre se mostrava interessado em mudar. O Léo já tem a personalidade mais formada e tem consciência de suas atitudes. São informações que nos dão a possibilidade maior de questionar o caráter dele.

Malhação é tida como uma escola de atores na Globo. Seu primeiro personagem fixo na tevê foi na novela. Sente que ali é um grande aprendizado mesmo? Saiu de lá “outro ator”?
Aprendemos muito com a prática, criamos maior intimidade com esse ambiente de gravação e isso é muito enriquecedor para nossa carreira. Acredito que o maior aprendizado vem da rotina e além das câmeras. Poucos produtos te dão a oportunidade de viver tanto tempo o mesmo projeto como Malhação. Saí de lá mais completo como profissional.

No cinema você será um dos irmãos Cravinhos em A menina que matou os pais. Viver um personagem que existiu e que teve participação em um caso de repercussão nacional é mais desafiador?
É um processo de criação diferente do que eu já tinha feito antes. Antes de analisar o personagem pelo texto, houve um estudo minucioso sobre os fatos existentes. Essa preocupação em retratar, da forma mais fiel possível, o que é dito nos processos jurídicos do caso foi uma dificuldade maior para criar semelhança com esse personagem que existe, mas que eu nunca conheci.

O filme trará duas narrativas: do Daniel e da Suzane Von Richthofen. As histórias têm, na sua opinião, dois lados? Qual a importância de dar voz a essas duas versões?
Essa foi a maneira que os produtores do filme encontraram para contar toda a história da forma mais real e fiel. Existiram várias contradições entre os depoimentos da Suzane e do Daniel, por isso, na visão deles, não seria correto apresentar apenas uma versão.

Você teve alguma preparação especial para esse trabalho? Em suas redes sociais você parece mais forte…
Eu tive, além da preparação de ator com a Larissa Bracher, aulas de prosódia para aprender o sotaque paulista. Tive aulas de aeromodelismo e pequenas noções de mecânica (coisas que representam o universo do personagem antes de o crime acontecer). Fora isso, aliei o trabalho de texto com os exercícios físicos porque sabia que seria um trabalho que me exigiria bastante fisicamente.

Você é de Manaus. O incentivo à arte ainda é muito diferente no Norte e no Sudeste? Sair de lá foi uma opção ou uma necessidade?
Infelizmente, foi uma necessidade. Ainda é muito difícil viver da arte e continuar morando em Manaus, cidade em que nasci e vivi até os 19 anos. Acho que a distância geográfica dificultou muito o acesso durante todos esses anos, mas acho que vamos ver, cada vez mais, artistas do Norte se destacando nos polos artísticos. Entendo a representatividade que estou desempenhando e quero, cada vez mais, que as pessoas que me assistem sintam-se confiantes para ir atrás do sonho independente da dificuldade imposta.

Vinícius Nader

Boas histórias são a paixão de qualquer jornalista. As bem desenvolvidas conquistam, seja em novelas, seja na vida real. Os programas de auditório também são um fraco. Tem uma queda por Malhação, adorou Por amor e sabe quem matou Odete Roitman.

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