Rodrigo Felha, de Favela gay: “Para além de pedir socorro, é pedir respeito”

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Com o documentário Favela gay, Rodrigo Felha leva representatividade ao Globoplay. Ideia é estrear outra produção, Declame, no YouTube, em breve

Muitas vezes, o favelado é invisível e sem voz no Brasil. O que ele pensa não é levado às telas. O mesmo acontece com os homossexuais. Por isso, o cineasta Rodrigo Felha comemora o fato de o documentário Favela gay, assinado por ele, estar no catálogo do Globoplay. Exibido no Festival de Cinema do Rio em 2014, o longa acabou levando o prêmio de melhor longa-metragem documental pelo júri popular.

“Devemos ocupar os espaços e fazer com que esses temas sejam debatidos e refletidos de forma natural. Acho maravilhoso diversos festivais e mostras de cinema criarem sessões destinadas a essas obras, porém, acharia mais maravilhoso se esses mesmos produtos entrassem em qualquer sessão como uma obra como todas as demais”, reflete Rodrigo, em entrevista ao Correio.

O cineasta completa, ressaltando que as pessoas LGBTQIA+ precisam ser vistas sem estereótipos no audiovisual: “Eu me sinto lisonjeado de conseguir colaborar para o debate. Isso se deve ao mostrar com naturalidade como as pessoas LGBTQIA+ vivem e podem ser felizes, mesmo com o preconceito. Para além de pedir socorro, é pedir respeito.”

Com o sucesso de Favela gay, Rodrigo se prepara para lançar Declame, no YouTube. Nessa produção, ele vai abordar poetas e escritores da Cidade de Deus, favela carioca onde preside o Instituto Arteiros na Cidade de Deus. “O Declame nasce da necessidade de unir os profissionais altamente qualificados que moram na Cidade de Deus e atuam no setor audiovisual. Sabendo também da potencialidade dos artistas oriundos das favelas cariocas, é criada uma parceria em que os mesmos são convidados para integrarem o time do Declame, que também faz questão de trabalhar textos de favelados e pretos”, explica.

Três perguntas // Rodrigo Felha

Você recebe muito retorno do público por causa de Favela gay? Como é essa abordagem?
Por meio das redes sociais, recebo muita positividade e incentivo para continuar a caminhada. É lindo poder conversar e fazer conexões com pessoas de todas as partes do país, que agradecem e chamam para parabenizar. Faço questão de responder cada mensagem, inclusive aquelas que chegam regadas de ódio, me atacando.

Financeiramente, é mais difícil viabilizar um projeto como esse no Brasil? Sentiu preconceito na hora de conseguir incentivos ou patrocínios?
Na atual conjuntura política do país, sabemos o quanto esses produtos que abordam esse tema estão sendo invisibilizados, retirados de circulação e atacados como sendo de malefício para a sociedade. Por isso, toda a esfera federal regrediu na relação de apoio. Sabemos o quanto hoje, lamentavelmente, dependemos de organizações estrangeiras e apoios de pessoas físicas para que consigamos apoio financeiro.

Tanto em Favela gay quanto em Declame você usa as plataformas visuais como arma para uma mudança social. Acredita na arte como um dos motores para essa mudança?
A arte visual, no geral, sempre fez os olhos do favelado brilharem. A acessibilidade nos trouxe a possibilidade de protagonizar nossas próprias histórias. Tanto artisticamente quanto jornalisticamente, estamos ocupando esses lugares que deveriam nos pertencer há décadas. Não na velocidade que desejamos e merecemos, mas há um progresso.

Vinícius Nader

Boas histórias são a paixão de qualquer jornalista. As bem desenvolvidas conquistam, seja em novelas, seja na vida real. Os programas de auditório também são um fraco. Tem uma queda por Malhação, adorou Por amor e sabe quem matou Odete Roitman.

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