Com passagem por diferentes formatos cênicos, o ator está atualmente no ar em Topíssima como o chefe de segurança Seu Nelson
“Seu Nelson é um cara simples e carinhoso. Já fiz na minha carreira personagens com essa pegada mais séria. Acho que os produtores de elenco gostam de me escalar para esse tipo de papel”. É assim que o ator Rodrigo Candelot explica ao Próximo Capítulo o motivo pelo qual não teve dificuldades em construir o mais novo personagem, o chefe de segurança do Hospital Universitário Alencar — um dos cenários em que se passa novela Topíssima, da Record.
Candelot já tinha passagens por novelas bíblicas do canal, e agora, se arrisca em uma produção contemporânea. Ainda neste ano, ele fez uma participação especial em Verão 90, da Globo. No entanto, sem garantias da outra emissora, resolveu voltar à Record: “Como a produção não me deu certeza de que o personagem iria continuar ou crescer (o que acontece muito em participações) e recebi na mesma época um convite para fazer Topíssima, desde o começo, e um personagem maior, resolvi aceitar”.
O ator também pôde ser visto no streaming neste ano. Ele interpretou o chefe de redação da revista Ângela, em Coisa mais linda, da Netflix. Apesar de a trama estar confirmada para uma segunda temporada, Candelot não deve voltar. “Infelizmente meu personagem não volta, já que a Tereza (Mel Lisboa) ocupa o lugar dele como chefe de redação da revista Ângela. Mas que eu estou torcendo para pintar uma participação relâmpago, eu estou. Quem sabe…” Mas o ator não deve ficar longe do mundo da séries.
Confira abaixo a entrevista completa com Rodrigo Candelot! Nela, o ator fala sobre os projetos atuais e futuros, além de analisar os formatos em que já trabalhou.
Entrevista / Rodrigo Candelot
Você estava em Verão 90 antes de ir para Topíssima. Como se deu essa transição?
Fui convidado para fazer uma participação especial na novela. Como a produção não me deu certeza de que o personagem iria continuar ou crescer (o que acontece muito em participações) e recebi na mesma época um convite para fazer Topíssima, desde o começo, e um personagem maior, resolvi aceitar. Também pesou o fato de eu já ter feito algumas participações em produtos da Record, geralmente bíblicos, e essa era uma novela contemporânea e que vinha com uma roupagem moderna e com a direção geral de Rudi Lagemann, de quem sou grande admirador, e com quem já fiz trabalhos no passado em publicidade.
Como foi a sua preparação para viver Seu Nelson em Topíssima? Quais são os principais arcos do personagem?
Seu Nelson, por mais que seja um chefe de segurança de um hospital, e tenha que passar respeito e credibilidade, é um cara simples e carinhoso. Já fiz na minha carreira personagens com essa pegada mais séria, como o Coronel Formoso no Tropa 2, por exemplo, além de advogados e juízes. Acho que os produtores de elenco gostam de me escalar para esse tipo de papel. Além disso é um cara que tem um filho e faz tudo por ele, na medida que pode. Como não são ricos, vivem no subúrbio e um só tem o outro, os laços entre os dois são muito fortes. Seu Nelson estão sempre fazendo de tudo para o que o filho tenha uma boa educação e não lhe falte nada, ao mesmo tempo que Zico (João Villa) tem um profundo carinho e admiração pelo pai. Dentro de nós temos todas as emoções que precisamos “emprestar” aos personagens: carinho, amor, respeito, ódio, inveja, alegria, tristeza. Só precisamos saber usá-las no momento e na dose correta, com o personagem que estamos vivendo naquele momento de nossas carreiras.
Você vê semelhanças entre você e o personagem?
Sim muitas. Tenho o lado sério, atento e que impõe respeito quando preciso, do Seu Nelson e o lado afetuoso, solidário, amigo e carinhoso também.
Você é um ator com experiência em diferentes formatos. Tem preferência por algum?
Não. Amo teatro, tevê e cinema. E também publicidade, a quem devo muito, já que fui “descoberto” lá depois de inúmeros comerciais que fiz. Acho que o teatro é o templo do ator. Ali é onde nos sentimos mais seguros, temos tempo para investigar e criar personagens incríveis e contar histórias que encantam a todos que vão ao teatro assistir a uma peça. Mas acho que os três veículos têm suas particularidades e seus encantos.
Você esteve e está em diversas séries. Como você vê esse novo cenário de produção seriada no Brasil?
Acho incrível. Essa nova política de que os canais estrangeiros precisam investir e produzir ao menos 30% de conteúdo nacional, abriu um leque de possibilidades para nós, atores. Antes só tínhamos a Globo, o SBT, um núcleo pequeno de dramaturgia na Band e depois veio a Record. Agora com os canais a cabo, o streaming e a entrada forte da Netflix, um mundo se abriu para todos que trabalham com o audiovisual. E ainda estão chegando a Amazon e Apple TV.
Você integra o elenco da série Coisa mais linda, que foi um sucesso na Netflix e está com uma segunda temporada confirmada. Como foi essa experiência para você? E podemos esperar um retorno do seu personagem na sequência?
Foi incrível. Fui convidado pelo diretor Caito Ortiz e pela produtora de elenco Renata Kalman para a série. Todo trabalho novo deixa a gente super esperançoso e na expectativa de realizá-lo e ainda mais de como será recebido pelo público. Quando me juntei a um time tão especial de artistas como Mel Lisboa, Maria Casedeval, Fernanda Vasconcelos e muitos outros, fiquei extremamente feliz; quando entrei no set e vi uma equipe com tantos profissionais incríveis e um cuidado todo especial para se contar aquela história do surgimento da Bossa Nova, no fim dos anos 1950, pensei: isso aqui vai ser maravilhoso. Depois que li todos os roteiros e fiquei por dentro da história e da forte pegada de cunho crítico da nossa sociedade machista daquela época e de como as protagonistas iam lutar para transformar aquilo, eu tive certeza: essa série vai ser um sucesso. E foi. Tanto que vem a segunda temporada por aí. Infelizmente meu personagem não volta, já que a Tereza (Mel Lisboa) ocupa o lugar dele como chefe de redação da revista Ângela. Mas que eu estou torcendo para pintar uma participação relâmpago, eu estou. Quem sabe… (risos)
Além de Topíssima, você tem outros projetos atualmente?
Gravei a série Dona da Banca, de Marton Olympio e Rafael Leal, para o canal Cine Brasil TV que deve estrear no segundo semestre. Gravei ainda o piloto de duas séries de tevê, uma como ator e idealizador e outra como ator, roteirista e diretor e estou procurando canais e emissoras para vendê-las; estou buscando patrocínio para voltar com a minha comédia Enrolados e ainda estou esperando resposta de dois editais de cultura para montar duas peças inéditas, uma de Mario Bortolotto e outra de Ivan Fernandes.
Como é para você compartilhar com outros atores esse conhecimento?
Aprendi com um dos meus mestres Ricardo Blat que depois que morremos tudo vai para debaixo da terra. Então por que não compartilhar com outros o conhecimento que adquiri nesse tempo de carreira? É claro que um ator ou uma atriz com mais experiência que eu, tem muito mais a passar. Mas a experiência que eu adquiri, muitas pessoas ainda não possuem. E mais: muitos não sabem ou não tem paciência para dar aulas. Eu tenho e muita, principalmente com as crianças. Acredito que tenha me tornado melhor ator depois que comecei a fazer coach de atores e ministrar cursos, oficinas e workshops de interpretação para tevê e cinema; e eu amo dar aulas. Esse é um ofício que você tem que amar, não basta gostar. Porque não se ganha muito, mas o prazer de ver o outro aprender e colocar aquilo em prática, é extremamente gratificante. E a troca, a energia, as vivências que cada ator e aluno passam em sala de aula são únicas e transformadoras. E estar junto deles e vivenciando isso, é algo imprescindível nesta arte de ensinar. E isso acaba transbordando para o nosso dia a dia e nosso oficio como ator. Nesse meio, juntos somos sempre mais fortes.