A bancada da cozinha virou um balcão de negócios. Assim é no reality show Self-Made Brasil, exibido às quintas-feiras, às 20h30, no Sony Channel. A competição é apresentada por Sheron Menezzes e tem como mentores o chef Guga Rocha, a empresária especialista em inovação e ativista brasileira Monique Evelle e o diretor criativo Fernando Andreazi.
Os competidores são empresários em início de carreira que precisam criar um produto alimentício e apresentá-lo como um negócio rentável. “Não é uma disputa, necessariamente, na qual você tem que fazer o melhor prato da forma mais bonita possível. Tem isso na primeira fase, para entendermos o sabor daquela comida, mas não se esgota nisso. Os empreendedores que vão ficando passam pelo laboratórios de construção de marca”, avisa Monique em entrevista ao Correio.
“Eu tive que eliminar sabores que eu realmente adorava porque não via como o negócio expandir. Para vencer, não é preciso ser um expert da cozinha e, sim, desenvolver um baita produto e ter um plano de onde quer chegar com ele”, completa Fernando.
Para chegar ao prêmio de R$ 25 mil de investimento inicial e de um acelerador para continuar na ativa, os competidores enfrentam cinco fases: pitch inicial, laboratório de produtos, laboratório de empreendedorismo, laboratório de marca e pitch final.
“Sempre buscamos excelência. Mas, além da excelência, a gente busca um produto que tenha uma conexão com a história da pessoa que está ali. Todos os empresários hoje deveriam olhar para a sustentabilidade. Que traga, também, algo que seja conectado com os produtores regionais, locais. Que seja um produto justo, limpo, coerente, e que tenha possibilidade grande de ser um produto vendável, um produto de sucesso”, ensina Guga.
Quem assistir à temporada perceberá algumas tendências para o mercado de produtos gastronômicos. Para Guga, a vez é dos produtos locais. Fernando elenca alguns nichos em alta: “Menos açúcar pode significar mais sabor; o uso de colorações naturais; ingredientes verdadeiramente brasileiros; e o veganismo, que veio para ficar e expandir”.
A aposta de Monique é na comida saudável e no veganismo. “O veganismo liderou (entre os participantes) e isso é maravilhoso, apesar de eu não ser vegana. Mostra que estamos apontando para um caminho de comida eficiente. Os pilares de veganismo, alimentação saudável e praticidade estão em ascensão e vão continuar”, explica.
Quais são os maiores cuidados que um empreendedor do ramo alimentício deve ter?
Guga Rocha: Prezar que o que ele está vendendo realmente seja um alimento. Você quer comer um produto à base de tomate que realmente tenha tomate; um produto que diz ali que é saudável e realmente seja saudável. A primeira coisa que você deve pensar é em vender um produto que seja verdadeiro mesmo.
Monique Evelle: A qualidade do produto e também a conservação. Alguns participantes conseguiram responder sobre isso, já outros, nem tanto. Se não tiver esse cuidado, vai vender um produto estragado e não vai ser bom para ninguém, muito menos para sua empresa.
Fernando Andreazi: Acredito que o maior desafio é pensar em marca e, a partir dela, tomar decisões de negócio. Que história esse produto vai contar pra quem o consome? Em que momento da vida ele vai fazer sentido? Indo mais longe ainda… O que ele simboliza para as pessoas? Liberdade, artesanalidade, brasilidade? Para um empreendedor, é importante ter essas respostas. Um biscoito de polvilho, um brigadeiro ou uma coxinha muita gente já faz. Mas qual a marca que só esse produto é capaz de deixar?
Houve alguma surpresa muito grande na temporada?
Guga Rocha: Tivemos produtos realmente surpreendentes, sejam eles pela criatividade, sejam eles pela tradição, pelo retorno das raízes, ou realmente sejam eles pelo sabor.
Monique Evelle: Um participante que trouxe um pão de sal redondo para hambúrguer, e eu falei “Gente, quem traz um pão?”. E ele foi surpreendentemente um ótimo empreendedor. Ele pode vender qualquer coisa com a garra que tem, com a mentalidade, experiência e com os conhecimentos que ele quer adquirir. Teve uma outra pessoa que falava tanto do produto que nem falou o nome e sobrenome dela, isso me deixou encucada. No meu momento de laboratório de empreendedorismo, queria entender quem está por trás do negócio e ali ela me conquistou.
E uma decepção ou caso inusitado?
Monique Evelle: Alguns participantes não conseguiram ter flexibilidade. Para alguns eu falei, “vamos imaginar um caso em que o seu mercado não exista…” e elas falavam que não tinha como não existir, e tem sim.
Fernando Andreazi: Acho que tiveram pessoas que encantavam pelo jeito de falar e vender o próprio peixe, mas na hora do “vamos ver” entregaram muito pouco. Seja na vida ou nos negócios, é importante cumprir com o que foi prometido. Quando isso não acontece, fica aquele gostinho de decepção na boca. Não vou ficar aqui contando caso a caso… Vejam o programa porque está bem legal.
O Brasil tem vários reality shows de gastronomia. Qual é o grande diferencial do Self-made Brasil? É preciso saber cozinhar, por exemplo?
Guga Rocha: Somos ali quatro potências que, juntos, tentamos realmente buscar e mentorear essas pessoas que lá aparecem. O programa também tem uma emoção muito grande porque nós somos muito humanos, nos conectamos muito às pessoas. Então, é um programa que eu tenho certeza que quem assistir também vai se emocionar. Você não precisa saber cozinhar para assistir, é lúdico, divertido e um programa de empreendedorismo.
Monique Evelle: O grande diferencial do Self-Made Brasil é que não é uma disputa necessariamente na qual você tem que fazer o melhor prato da forma mais bonita possível. Tem isso na primeira fase para entendermos o sabor daquela comida, mas não se esgota nisso. Os empreendedores que vão ficando passam pelo laboratórios de produtos, de empreendedorismo de construção de marca.
Fernando Andreazi: É um programa sobre empreendedorismo. Inclusive eu tive que eliminar sabores que eu realmente adorava porque não via como o negócio expandir. Para vencer, não é preciso ser um expert da cozinha e sim desenvolver um baita produto e ter um plano de onde quer chegar com ele.
Existe alguma tendência que vocês observaram para o setor?
Guga Rocha: A tendência de crescimento é exponencial, tendo em vista que
as pessoas, cada vez mais, se alimentam fora de casa, ou usam alimentos e
bebidas como formas de entretenimento. As pessoas estão trabalhando muito com produtos locais, regionais, criando seus próprios produtos, seja ele um produto mais trabalhado, para estar nas prateleiras do mercado, ou seja simplesmente uma geleia, um queijo, um produto diferente, regional, que você consiga atender a uma clientela específica.
Monique Evelle: Sinto que cada vez mais se é pensado em comidas saudáveis. Isso é importante. O veganismo liderou e isso é maravilhoso, apesar de eu não ser vegana. Mostra que estamos apontando para um caminho de comida eficiente. Os pilares de veganismo, alimentação saudável e praticidade, estão em ascensão e vão continuar.
Fernando Andreazi: De cabeça consigo me lembrar de muitas tendências: Menos açúcar pode significar mais sabor; colorações naturais; ingredientes verdadeiramente brasileiros; o veganismo, que veio para ficar e expandir.
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