Por Pedro Ibarra
O maior e mais popular universo compartilhado do audiovisual na atualidade, o Universo Cinematográfico Marvel (MCU) está ampliando o leque no que diz respeito à diversidade. Com um vácuo de lideranças após o fim de Vingadores Ultimato e a morte do virtual herdeiro, Chadwick Boseman que interpretava o Pantera Negra, o estúdio se permitiu ousar. Por esse motivo, na última quarta, estreou no Disney a série Eco, com a primeira protagonista de origem indígena e com deficiência.
A série acompanha Maya Lopez (Aliqua Cox), uma jovem que foi criada pelo pai, após sobreviver a um acidente que matou a própria mãe e a fez, ainda criança, ter uma perna amputada. Ela foi criada no meio mafioso de Nova York e adotada como pupila de Wilson Fisk (Vincent D’Onofrio), O Rei do Crime. Ela foi introduzida ao MCU na série Gavião Arqueiro, mas é conhecida nos quadrinhos do Demolidor, que até faz uma ponta na nova produção. O poder dela nos quadrinhos é copiar qualquer tipo de movimento do adversário em lutas, como um eco. No entanto, na série, ela ganha habilidades de mulheres fortes da ancestralidade indígena Choctow que corre no próprio sangue.
Dirigida por Catriona McKenzie e Sydney Freeland, e criada por uma sala de roteiristas, Eco é diferente de tudo que veio previamente na Marvel. É uma série mais violenta, sombria e gráfica, sem contar que em momento nenhum tanta diversidade foi apresentada em uma só personagem protagonista no MCU. Richie Palmer, estreante nessa história como produtor executivo, mas que esteve envolvido de alguma forma em praticamente todos os 10 anos de Marvel, acredita que realmente é algo novo e fresco na tela. “Foi realmente legal que nós conseguimos ver uma parte da MCU que nós não vimos antes. Nós estamos fazendo isso há mais de 10 anos, e nós ainda não tínhamos uma história parecida com Eco“, afirma em entrevista à Revista do Correio.
O produtor executivo é um defensor da importância de mostrar novidades no estúdio. Por isso, Eco é uma produção do selo Marvel Spotlight, voltado para personagens menos badalados, mas com a liberdade de contar histórias mais autorais. No selo, é liberado fazer produções que não tem a necessidade de focar no público juvenil e não é preciso ter nenhuma ligação com outras produções. Por isso, logo no primeiro episódio todo o contexto de Eco é explanado na tela, não sendo necessário nem assistir a primeira aparição dela no MCU.
Richie se orgulha de estar envolvido na produção. “Foi incrível que, em Eco, eu consegui fazer parte de contar esse novo tipo de história para nós. É muito gratificante estar na frente da televisão Marvel e introduzir novas coisas como Marvel Spotlight”, conta o artista que acredita ser integrante de uma virada no audiovisual focado em super-heróis. “Estar aqui, agora, é um momento tão emocionante e único para a cultura, para o estúdio, para a indústria em geral. Então estou superanimado para ver o futuro da televisão Marvel e espero que continuemos fazendo coisas como fizemos no Eco. Vamos nos empurrar para direções diferentes”, acrescenta.
Eco aposta em tudo que não estava em alta na Marvel nos últimos 10 anos de estúdio. Uma personagem fora dos padrões sociais, com deficiência física, em uma aventura contida e urbana. “Não há alienígenas de computação gráfica voando pelo céu. É uma história de nível rua, mas uma rua em Oklahoma, nem mesmo as ruas em Nova York”, explica o produtor, que vê com orgulho esse fato. “Nós conseguimos contar uma história muito íntima, sobre uma personagem muito complexa. Estamos em um momento do estúdio que é realmente emocionante, porque temos oportunidades para contar todos esses novos tipos de histórias”, diz.
Eles ousaram em tudo que tentaram. O outro ponto foi em colocar finalmente lutas e sangue na tela. Para alcançar uma nova estética visceral e violenta, olharam para dentro da casa, se baseiam nas boas lutas de séries como Demolidor, Luke Cage, Jessica Jones e Os defensores. “Nós vimos essas ótimas cenas de luta nas séries dos heróis da Marvel na Netflix, e dissemos que nós também queríamos fazer isso”, conta.
A ideia foi convidar a diretora Sidney Freeland, conhecida pelo bom trabalho em Reservation dogs para colocar o plano em prática. “Queríamos contar uma história assustadora, sobre um personagem assustador, fazendo coisas assustadoras. E, para isso, nós precisávamos aguentar o tranco de ousar, queríamos impulsionar Eco ao melhor possível”, avalia Richie.
Contudo, essa não foi uma ousadia gratuita, cada detalhe foi pensado, a começar pelo fato de estarem trabalhando com a primeira protagonista surda do MCU. Foi contratado um consultor surdo de linguagem de sinais para averiguar se tudo estava verossímil. A preparação de elenco também focou em criar contextos para cada personagem no que diz respeito à linguagem de sinais, cada um com um estilo próprio e uma forma de sinalizar as palavras. “Precisávamos fazer com que tivéssemos tudo certo, precisávamos fazer com que fosse autêntico, para a vida real”, lembra o produtor.
Para Richie, esse não é só o começo da Marvel Spotlight, mas também de Maya Lopez e tudo que a envolve ness a narrativa. “Eu espero que ela seja uma nova cara na Marvel. Vamos trabalhar para que ela e todos esses outros personagens apresentados voltem em um futuro próximo da Marvel”, crava.
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