Produção dinamarquesa, The rain entrega ótima história, mas com tropeços técnicos

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Longe do circuito de séries norte-americanas, The rain aposta na ficção de um mundo pós-apocalíptico. Série está na Netflix

Quase como uma miragem em um deserto de produções seriadas exclusivamente norte-americanas, as apostas de conteúdos europeus estão, cada vez mais, preponderantes ao público. Longe de ser um evento creditado ao streaming, séries como a norueguesa Skam (com versões na Itália, na França e na Alemanha), a alemã Dark e espanhola La casa de papel mostram que há tevê de qualidade além das terras do Tio Sam. E a bola da vez é a dinamarquesa The Rain.

A produção, que chegou à Netlix no último dia 4 (no esquema de coprodução, sendo a primeira deste tipo no país pela empresa de streaming), aposta em um gênero já consolidado junto ao público europeu: as ficções científicas. Na história, criada por Jannik Tai Mosholt, Esben Toft Jacobs e Christian Potalivo, é apresentado ao público o enredo da jovem, doce e gentil Simone (Alba August), que, de uma hora para outra, é arrastada pelo pai para dentro de uma escotilha após o mundo estar sendo devastado por um chuva contaminada por um vírus mortal.

Crédito: Reprodução/680news.com – ‘The Rain’ consegue botar medo

Simone e o irmão mais novo dela Rasmus (Lucas Lynggaard Tonnesen) ficam dentro do local, isolados, por seis anos, até que são descobertos por um grupo de sobreviventes e acabam tendo o abrigo saqueado. Simone, então, é obrigada se juntar ao bando – composto por Martin (Mikkel Folsgaard), Beatrice (Angela Bundalovic), Jean (Sonny Lindberg), Lea (Jessica Dinnage) e Patrick (Lukas Lokken) – para ter mais sucesso em manter o irmão em segurança, assim como buscar alimento.

Se deparando com um mundo muito mais selvagem e perigoso do que o último que conheceu, Simone parte, com o grupo, em busca do pai, que pode ser o grande salvador da humanidade contra o vírus mortal.

Crédito: Reprodução/bustle.com – Um dos maiores desafios dos sobreviventes é ter de lidar com os outros sobreviventes

Crítica de The rain

A história de The rain é empolgante ao ponto de que é difícil terminar um episódio sem ver, pelo menos, um pouco do outro. O mistério dosado sobre a catástrofe é perfeito. De certa forma se sabe tudo o que ocorreu com o mundo e, mas, de certa forma, também não temos certeza da solução.

A dinâmica entre os personagens é boa e, apesar de serem muito estereotipados, a apatia e a antipatia que os une parece criativa e, mesmo com os romances de praxe, é possível sentir prazer em acompanhar. Os flashbacks sobre a vida dos personagens antes da catástrofe são um elemento a mais. Com toda aquela áurea à la Lost, a volta ao passado mostra com mais profundidade aquelas figuras, e como eles sobreviveram à chuva fatal.

Outro detalhe fundamental a se frisar é o excelente ritmo que o enredo aposta. As situações acontecem sem grandes enrolações e, a cada episódio, o público entende mais para onde toda aquela história segue (por exemplo, vi – até o momento – o enredo apresentado até o sexto capítulo, e já é possível fazer a conexão sobre a doença de Rasmus ainda criança a tentativa desmedida do pai dele em procurar uma cura resultando na chuva mortal).

Crédito: Reprodução/pipocamoderna.com – Será que eles conseguirão vencer a chuva?

Ironicamente, um dos piores defeitos de The rain é o próprio ritmo intenso. Por vezes, a história parece ser atropelada por ela mesma, ocasionando erros técnicos desconfortáveis ao resultar em situações absurdas.

Os personagens clichês também são incômodos: Simone se torna o símbolo de Rousseau do bom-selvagem, sendo a ingênua e boazinha do grupo. Martin é o líder durão, mas que no fundo só quer o bem de todos. Patrick é o cara infantil apontado como vilão (mesmo que isso mude ao longo dos oito episódios da primeira temporada). Jean é o fofinho, bom garoto. Beatrice é a menina durona e forte, Lea, por sua vez, é a religiosa, que acredita no bem, e, por fim temos Rasmus, o grande “bebê” do grupo, que vive se machucando e é apaixonado por Beatrice.

No entanto, nenhuma falha de fato reduz as qualidades de The rain, que segue como uma agradável surpresa no catálogo da Netflix.

Ronayre Nunes

Jornalista formado pela Universidade de Brasília (UnB). No Correio Braziliense desde 2016. Entusiasta de entretenimento e ciências.

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