Prime aposta na metalinguagem para retratar os folhetins

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Miguel Falabella está em Novela | Crédito: Ingrid Maoia/Amazon Prime Video

Estrelas de Novela, nova série da Amazon Prime Video, Miguel Falabella e Mônica Iozzi falam sobre o seriado e a importância da teledramaturgia nacional

 

Por Pedro Ibarra

 

O melodrama das novelas é uma excelente forma de distração e um entretenimento, mas parece muito distante das situações da vida real. Porém, e se fosse possível entrar em uma narrativa de folhetim sem interpretar o personagem? Essa situação é respondida pela série Novela, nova produção brasileira da Amazon Prime Video.

A produção acompanha Isabel, personagem de Monica Iozzi, que após ter o seu roteiro de novela roubado pelo grande autor Lauro Valente, vivido por Miguel Falabella, acaba sendo transportada, como mágica, para dentro do enredo que criou. Ela, então, precisa sobreviver na narrativa melodramática e exagerada que criou e provar que há vida real dentro da novela. A criação da produção fica a cargo de Gabriel Esteves e Valentina Castello Branco e o roteiro também é assinado por Débora Guimarães e Mariana Pinheiro.

O aspecto mais interessante disso tudo é a metalinguagem que o seriado propõe. Além de tratar dos bastidores do mundo das novelas, usa um elenco com atrizes e atores muito experientes das teledramaturgias brasileiras. Herson Capri, Marcello Antony, Suzy Rêgo e Yara de Novaes são alguns dos nomes que compõem essa constelação em cena. “Esse processo é bem diferente. A premissa da metalinguagem e brincadeira com o gênero novela, forma artística que une o Brasil, é legal, mas o mais interessante é que tudo isso é feito com atores que fizeram uma grande carreira na novela. É um acerto de escalação”, analisa Miguel Falabella, em entrevista ao Próximo Capítulo. “Eu sou espectador chato, mas eu fiquei tão encantado com essa série que esqueci que fazia parte dela”, elogia.

Mônica Iozzi está em Novela | Crédito: Ingrid Maoia/Amazon Prime Video

Há uma mistura de duas formas de se assistir a televisão em uma produção só. Existem atores que interpretam atores interpretando personagens em cena, por exemplo. Dessa forma, a produção trabalha com a empatia do público, que acaba envolvido na história. “Metalinguagem instiga a gente, porque escrever é também se projetar dentro de uma obra. O próprio espectador, noveleiro, se imagina dentro da novela. A série tem a identificação de quem está criando, mas, com certeza, também de quem está assistindo”, explica Renata Pinheiro, que assina a direção ao lado de Gigi Soares. “A gente olha para a novela com distância, enxergar convenções e poder subvertê-las e se divertir com elas. Enquanto, ao mesmo tempo, traz uma unidade e elegância de câmera, fotografia e figurino de forma muito única”, complementa Malu Miranda, chefe de Conteúdo Original Brasileiro para o Amazon Studios.

Exaltação da cultura brasileira

Para o elenco e a equipe, a importância dessa série está em colocar as novelas brasileiras no pedestal que merecem. Monica Iozzi, por exemplo, foi criada em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, e não tinha dinheiro nem oportunidades para frequentar assiduamente cinema e teatro, por isso cresceu vendo novelas. “Na minha infância, esse era o principal material cultural que chegava até mim e minha família, e é até hoje para muita gente. Então, temos que fazer com amor e respeito”, afirma a atriz.

“Eu tenho um respeito muito grande pela novela. Às vezes, as pessoas tendem a colocar o popular em um lugar como se não fosse tão bom, desmerecer o que é popular. Acho que é o contrário, a gente tem que respeitar”, complementa Iozzi. “Apesar de eu só ter feito duas novelas, tenho muito carinho pelo gênero. Foi o que me fez me apaixonar pela atuação. Levo essa minha paixão de infância pela novela para a minha personagem Isabel.”