Paulo José não precisava de protagonistas para brilhar nas novelas

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Ator Paulo José morre, aos 84 anos, deixando órfã a geração que se encantou com Shazan, parceiro de Xerife. Com talento, deixou a marca em vários coadjuvantes de luxo como em Por amor

O Brasil perdeu nesta quarta-feira (11/8) o ator e diretor Paulo José. Gênio que brilhou especialmente nas telonas do cinema, Paulo teve presença marcante na telinha também. O ator teve poucos protagonistas na televisão, o que não quer dizer pouco brilho, pois os personagens periféricos, como o alcoólatra Orestes de Por amor (1997), nos levaram às lágrimas algumas vezes. Paulo tinha 84 anos e sofria de mal de Parkinson.

Uma geração inteira se deliciou com o clássico Shazan, Xerife e Cia., entre 1972 e 1974. Ao lado de Flávio Migliaccio, o Xerife, Paulo José viveu Shazan na novela O primeiro amor, mas mal a novela saiu do ar e o autor Walther Negrão deu um seriado aos personagens. O sucesso atravessou gerações e Shazan voltou para participação especial em Era uma vez… (1998), do mesmo autor. Curiosamente, a partir da semana que vem a novela entra para o catálogo do Globoplay.

O cigano Jairo, de Explode coração (1995), também foi um personagem marcante de Paulo José na telinha. O pai da protagonista Dara (Tereza Seiblitz) era bem rígido no decorrer da trama de Glória Perez. Ele fazia de tudo para que Dara e a caçula Ianca (Leandra Leal) seguissem as tradições ciganas mesmo morando na cidade. Com o tempo, Paulo foi humanizando Jairo e, no fim, já estávamos achando graça daquele pai superprotetor que também foi abrindo a guarda e comemorando a aprovação de Dara no vestibular.

Como Orestes em Por Amor
Shazan em O primeiro amor
Jairo em Explode coração
Érico em Araponga
Pedro em A madona de cedro
Benjamim em Em família

Depois de Shazan, Orestes talvez tenha sido o personagem mais popular de Paulo José na telinha. Criado por Manoel Carlos especialmente para ele, o professor de matemática de Por amor dobrava a esposa Lídia (Regina Braga) para se entregar ao vício. Mais uma vez, Paulo José humanizou o personagem, a partir da relação dele com a filha Sandrinha (Cecília Dassi) e com o enteado, Nando (Eduardo Moscovis).

Também foi emocionante a passagem de Paulo como Benjamim na novela Em família (2000), do mesmo Manoel Carlos. O personagem também sofria de mal de Parkinson. Mais uma vez, a delicadeza da dobradinha entre ator e autor foi marcante e uma das melhores coisas da irregular novela das 21h. Essa foi a última novela inteira dele.

Era assim que o Brasil via Paulo José: com carinho, se afeiçoando até aos raros vilões. Era como se Paulo estivesse ali, ao nosso lado, dividindo o sofá conosco. Mais um grande que se vai.

Vinícius Nader

Boas histórias são a paixão de qualquer jornalista. As bem desenvolvidas conquistam, seja em novelas, seja na vida real. Os programas de auditório também são um fraco. Tem uma queda por Malhação, adorou Por amor e sabe quem matou Odete Roitman.

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