Para Debora Bloch, a vilã Odete Roitman é atual. “Essas pessoas ainda estão aqui”

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Atriz foi escolhida para ser a nova intérprete, no remake de Vale tudo, da icônica personagem, e uma das mais odiosas da tevê

Patrick Selvatti

“Infelizmente, Odete Roitman é atual. Por mais que tenhamos evoluído, tenha havido um letramento sobre muitas questões, eu acho que essas pessoas ainda estão aí”, afirma Debora Bloch, a nova intérprete da icônica personagem e uma das mais odiosas da tevê.  A veterana, com mais de 40 anos de carreira na teledramaturgia e inúmeras protagonistas, participou do segundo encontro do elenco com a imprensa, realizado nesta terça-feira (11/3).

Debora conta que lembra de Vale tudo, mas assistiu pouco e reviu mais um pouco agora. “Para cada um, é uma experiência diferente. Eu vi a novela um pouco, não via todo dia, eu comecei a rever, mas achei que não estava me ajudando muito. Decidi me concentrar no texto, e contar a minha Odete, a minha maneira de fazer e viver essa personagem. Sempre que se remonta um clássico, os atores e o diretor vão dar a sua leitura, cada um vai acrescentar o seu repertório”

Para a atriz, Odete Roitman é um retrato de uma classe brasileira muito atual. “A Odete é uma puta personagem, ela é um retrato de uma classe brasileira que despreza o Brasil ao mesmo tempo que se beneficia e suga suas riquezas. E é muito atual, infelizmente. O Brasil mudou muito, mas estamos vendo uma volta no mundo de um pensamento conservador, preconceituoso, retrógrado… Caminhamos tanto nas questões humanistas, não imaginei que fôssemos assistir de novo essa ode a ideias conservadoras, ultrapassadas e fascistas. É como se a História estivesse se repetindo, e a Odete representa esse pensamento. É um pensamento atual, então estou tentando fazer a Odete dos dias de hoje”, conclui.

Débora foi questionada como Odete aceitará o fato de Maria de Fátima ser negra, sendo uma mulher racista. “Ela é preconceituosa, classista e extremamente atual, mas é uma mulher controladora e manipuladora. A vontade dela é imperativa e ela age em função dos seus próprios interesses. Ela define o que é certo e usa as pessoas, então ela vê na Maria de Fátima como alguém que ela terá nas mãos, que ela usa como instrumento para manipular o filho e  conseguir dele o que quer”, argumenta.

A família

No alto de uma mansão na zona central do Rio, vivem os Roitman, uma das famílias mais ricas e poderosas do Brasil. Se, para uns, o sobrenome Roitman é símbolo de poder e requinte, para outros, é sinônimo de ambição, manipulação e falta de escrúpulos. Isso graças à fama de Odete Roitman, uma viúva intrigante, de uma frieza extrema, que faz de tudo para conseguir o que deseja, muitas vezes usando métodos cruéis e antiéticos.  Dona do Grupo Almeida Roitman, que herdou do marido, Odete é a soberba em pessoa. Mesmo já tendo vencido na vida, a vilã sente necessidade de odiar tudo o que tenha ar popular e detesta o Brasil, que julga “tupiniquim” demais para o seu gosto. Por isso, mora no exterior e só coloca os pés no país quando realmente é necessário. A empresária joga o jogo sujo dos que não têm caráter, dá seus golpes com muita classe e é temida por muitos. Até pelos próprios filhos.  Como Odete nunca teve tempo nem paciência para a maternidade, coube a sua irmã, Celina Junqueira (Malu Galli), dona da mansão, criar Afonso (Humberto Carrão), Heleninha (Paolla Oliveira) e o filho mais velho, morto tragicamente num acidente de carro.

Patrick Selvatti

Sabe noveleiro de carteirinha? A paixão começou ainda na infância, quando chorou na morte de Tancredo Neves porque a cobertura comeu um capítulo de A gata comeu. Fã de Gilberto Braga, ama Quatro por quatro e assiste até as que não gosta, só para comentar.

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