Paolla Oliveira e Taís Araújo comandam o episódio especial do programa Falas, em comemoração ao Dia Internacional da Mulher
Por Gabriela Sena*
Vai ao ar na noite desta sexta-feira (8/3), na TV Globo, o especial de Dia Internacional da Mulher do programa Falas. Intitulado de Louca, o episódio foi apresentado por Paolla Oliveira e Taís Araújo, e tem como foco abordar questões relacionadas à exaustão feminina e aos desafios enfrentados cotidianamente pelas mulheres.
Por meio de experimentos sociais, entrevistas e depoimentos, a produção investiga o machismo na sociedade brasileira e revela diversas realidades, incluindo manipulação, sobrecarga, assédio e abandono. Combinando cenas leves e bem-humoradas com momentos de maior seriedade e reflexão, Louca será exibido logo após o BBB 24.
Em roda de conversa realizada nos Estúdios Globo, a equipe de produção do episódio, juntamente a Paolla e Taís, respondeu a perguntas e, sob a condução da influenciadora digital Anaterra Oliveira, debateram o processo de criação do especial.
Exaustão e sobrecarga
Um dos temas mais abordados no episódio, a exaustão feminina está muito relacionada à dupla jornada de trabalho das mulheres. “Desde lavar uma louça, até a criação de filhos, acho que a gente ainda carrega muitas responsabilidades sozinhas”, afirmou Paolla. “Em muitas mulheres, ainda está agarrada a sensação de culpa e de dever. A primeira coisa que eu penso nessa situação é na necessidade de criar uma consciência de que essas responsabilidades devem ser redistribuídas” continuou a atriz.
Segundo a roteirista Veronica Debom, a preocupação com a exaustão feminina transpõe a esfera privada e alcança toda a sociedade. “É de interesse de todos, inclusive do Estado, criar condições ideais para que a mulher possa estar confortável e sã”, declarou. “Acho que, de maneira geral, a ideia é destruir essa concepção de que o trabalho doméstico e de cuidado é responsabilidade da mulher”, avaliou. “É dever de todo mundo se incumbir da tarefa de aliviar esse peso das nossas costas”, finalizou.
“Um dos nossos objetivos com o programa foi conseguir mostrar que está tudo bem ter tempo livre, isso não é errado. Essa é uma das verdades que a gente tentou questionar e fazer as pessoas repensarem, tudo para que as mulheres possam tirar um pouco desse peso dos ombros”, pontuou Antônia Pardo, diretora do programa. “A gente quer que esse programa seja libertador para as mulheres e questionador para a sociedade”, complementou.
Estabelecendo uma linguagem
Para Antônia, um dos exercícios e desafios do Falas Femininas foi estabelecer o diálogo com o Brasil em toda a sua diversidade, deixando de lado as polarizações e trazendo mais gente para a escuta. “Nós não queremos falar só para quem já nos ouve. Queremos falar com todo mundo, até porque a solução vem de todos”, ressaltou.
Ela destacou, ainda, a relevância de se ter uma equipe predominantemente formada por mulheres à frente da produção do episódio. “A gente tentou ter lideranças femininas, porque é importante que todos os aspectos do programa sejam vistos sob uma ótica feminina”, declarou.
Ainda precisa desenhar
Com o objetivo de alcançar um público maior, um dos principais direcionadores do programa, os experimentos sociais, aparecem em peso no especial. Antônia contou que esse formato veio como uma provocação da TV Globo e busca tornar o programa mais direto, didático e interessante para os espectadores. “Os experimentos são uma forma de retratar a sociedade e ilustrar situações comuns sem que as pessoas saibam que estão participando”, explicou.
“Esse formato mostra situações que são absurdamente corriqueiras e que, muitas vezes, quando são apenas faladas, as pessoas não conseguem captar a mensagem” afirmou Tais Araujo. “Se a gente desenha, fica tudo mais claro para as pessoas entenderem”, completou a influenciadora digital e condutora da coletiva Anaterra Oliveira.
Antônia revelou que uma das principais preocupações da equipe em trabalhar com os experimentos era criar uma linguagem que não vilanizasse as pessoas. “Estamos falando de assuntos complicados e sabemos do alcance da televisão. Então a gente se perguntou: como que a gente faz para mostrar a situação, mas também trazer todos os questionamentos para a conversa?”, relatou a roteirista.
De acordo com ela, para 2024, o Falas continuará investindo nos experimentos sociais. “Vem aí uma série de seis episódios, sendo Louca o primeiro. Os formatos mudam um pouco, mas todos vão ter algum tipo de experimento”, revelou.
Dupla inspiradora
Verônica e Antônia também compartilharam um pouco sobre o processo de escolha da dupla Paolla e Taís para a apresentação do programa. “A gente precisava de uma dupla que fizesse as mulheres se sentirem representadas. Além disso, a gente também precisava de boas atrizes, porque o texto desenvolvido tem nuances, ironias, doçura e força. Não era qualquer pessoa que poderia fazer isso” garantiu Antônia. “A necessidade de escolher excelentes atrizes, apresentadoras e grandes mulheres rapidamente fez com que a gente chegasse no nome das duas” concluiu.
Para Tais Araújo, a participação no programa foi fundamental. “Quando eu li, eu soube que valia a pena. Eu sabia que era importante eu estar presente”, relatou. “Na minha carreira como atriz, eu opto por fazer coisas que me alimentem, coisas que eu considero importantes para mim e para a sociedade”, complementou.
“Tem batalhas que a gente trava não como atriz, nem como celebridade, mas como mulher. Eu já venho travando minhas batalhas e tomando consciência delas”, declarou Paolla. “Por isso, a hora que chega um programa desses que valida tudo que a gente vem fazendo dentro de todas essas mulheres que a gente pode ser na vida, a gente sabe que vale a pena”, finalizou.
*Estagiária sob supervisão de Pedro Ibarra