Game-of-Thrones_-4-1024x683 Crédito: HBO/Divulgação

Os últimos Starks: No quarto episódio da oitava temporada, Game of thrones volta às origens

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Capítulo após a Batalha de Winterfell, Os últimos Starks tem como foco o “jogo dos tronos”, com politicagem de personagens por trás dos conflitos, além de mortes surpreendentes

Game of thrones esqueceu de vez o enredo dos caminhantes brancos após o episódio A longa noite e, no quarto episódio da oitava temporada, voltou a focar no que levou a série ao sucesso nas primeiras temporadas: as engrenagens por trás da disputa do Trono de Ferro. Isso aconteceu porque, com o fim da guerra contra os white walkers, a narrativa agora segue de Winterfell para Porto Real recolocando uma das personagens mais inteligentes e estrategistas do seriado de volta ao protagonismo, a rainha Cersei (Lena Headey).

O CONTEÚDO ABAIXO CONTÉM SPOILERS DO EPISÓDIO

Antes de chegar a Porto Real, o episódio Os últimos Starks mostrou como Winterfell ficou após o conflito contra o Rei da Noite e o exército de zumbis e aproveitou para exibir os personagens se despedindo dos mortos do conflito: Daenerys Targaryen (Emilia Clarke) de Jorah Mormont (Iain Glen); Jon Snow (Kit Harington) de Lyanna Mormont (Bella Ramsey); Sansa Stark (Sophie Turner) de Theon Greyjoy (Alfie Owen-Allen); Arya Stark (Maisie Williams) de Beric Dondarrion (Richard Dormer); e Samwell Tarly (John Bradley-West) de Edd Doloroso (Ben Crompton). A cena é bonita e conta ainda com um discurso bacana de Jon, que é, inclusive, um aviso do episódio de que a liderança do personagem será um dos focos do capítulo.

Depois do adeus aos mortos, o episódio seguiu para momentos de descontração entre os personagens em Winterfell e também começou a mostrar o retorno da “politicagem” ao enredo de GoT. A leveza ficou em torno dos diálogos entre Brienne de Tarth (Gwendoline Christie), Tyrion Lannister (Peter Dinklage), Jaime Lannister (Nikolaj Coster Waldau) e Podrick Payne (Daniel Portman). Conversas essas que levaram à  primeira noite entre Brienne e Jaime, algo que já era esperado há algumas temporadas.

Crédito: HBO/Divulgação

Já as artimanhas políticas começaram com Daenerys nomeando Gendry como o lorde de Ponta Tempestade, o transformando de bastardo para legítimo filho de Robert Baratheon (Mark Addy) e “perdoando” o filho do antigo rei da morte da família Targaryen na Rebelião de Robert. O personagem aproveitou para pedir Arya em casamento e levou um fora da Stark, que disse não ter nascido para ser uma lady e seguiu seu caminho.

Outro momento em que Daenerys colocou estratégia em prática foi quando pediu a Jon Snow que ocultasse a informação de ser um Targaryen, afinal de contas, pelas convenções de Westeros, ele teria mais legitimidade — por ser homem — e pelo fato de Jon ter a fidelidade do povo do Norte. Mas ele não conseguiu deixar o assunto em segredo e contou a Sansa e Arya quem ele realmente era durante uma conversa dos Starks, iniciada pelo medo do clã de como Daenerys será quando chegar ao Trono de Ferro. Na cena, as personagens garantiram guardar segredo. Só que, como Sansa não quer Daenerys de jeito nenhum como rainha, ela colocou em prática o que aprendeu sobre o jogo dos tronos revelando a informação a Tyrion, aproveitando para colocar pulga na orelha do anão de que Jon seria um rei muito melhor do que Daenerys.

A partir daí, o episódio mostrou uma movimentação em torno da possibilidade de Jon ser coroado rei, em vez de Daenerys. Esse enredo proporcionou bons momentos de Tyrion e Varys (Conleth Hill), personagens que estavam sendo deixados de lado há algumas temporadas e foram grandes articuladores em outros momentos na série.

Essa decisão da série levou muitos fãs a contestarem a trama, principalmente, porque essa construção foi feita por meio da “instabilidade emocional” da personagem. Há quem diga que o seriado construiu isso de uma hora para outra, há quem aponte machismo. Só que isso não é bem verdade. Ao longo da série, Game of thrones mostrou uma Daenerys com decisões contraditórias, que, ao mesmo tempo que libertava escravos, também matava os inimigos sem dó. A construção de “Daenerys louca” ainda é uma teoria bastante popular entre os fãs dos livros, já que os Targaryen, em geral, tiveram figuras descontroladas em sua história, incluindo o pai de Daenerys, Aerys II, que ficou conhecido como “O rei louco” e foi assassinado por Jaime depois de ordenar que todos fossem queimados em Porto Real.

Mostrando que estratégica bélica não é bem o forte do “time de Daenerys”, a mãe dos dragões e seu exército foram surpreendidos no retorno à Pedra do Dragão antes de irem para a “grande última guerra” — como Daenerys chamou o confronto com Cersei — pelos navios de Euron Greyjoy (Johan Philip Asbæk). A decisão custou caro a Targaryen, que perdeu seu segundo dragão Rhaegal, alguns dos navios, parte da tropa e seu braço direito, Missandei (Nathalie Emmanuel), que foi levada como refém para Porto Real.

Crédito: HBO/Divulgação

Mas se Daenerys foi inocente, isso não foi o que aconteceu com Cersei. O capítulo reafirmou a inteligência da Lannister, que, no mesmo episódio, colocou Euron ainda mais ao seu lado afirmando estar grávida dele — apesar de a criança ser de Jaime –; colocou a população de Ponto Real dentro da Fortaleza Vermelha para impedir que Daenerys aparecesse tacando fogo no castelo; e ainda desafiou a mãe dos dragões ao mandar executar Missandei, que, numa outra ótima cena, mandou um “Dracarys” segundos antes de ser decapitada.

Com mortes surpreendentes e artimanhas políticas, Os últimos Starks recolocou Game of thrones de volta ao seu trilho de origem, o que é um acalanto aos fãs da essência da série, que, pouco a pouco, vem se perdendo. Nesse “bom caminho”, Game of thrones segue para a batalha final, que será exibida no quinto e penúltimo episódio no próximo domingo (12/5), às 22h, na HBO.