WhatsApp Image 2024-02-20 at 17.52.31 Paula Cohen, atriz | Crédito: Ana Alexandrino

“Onde há verdade, há tudo”, afirma Paula Cohen, vilã em Elas por elas

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Prestes a completar 50 anos, a atriz multifacetada defende a personagem Miriam na novela das 18h. “Não posso julgar”, argumenta

 

Patrick Selvatti

Um dos destaques da novela Elas por elas é Paula Cohen, que está de volta às novelas como Miriam, a enfermeira que atormenta Sérgio Aranha (Marcos Caruso) e a filha dele, Helena (Isabel Teixeira) e que movimenta a trama. A personagem foi vivida por Nathália Timberg na versão original, em 1982. “É uma honra para mim. A Nathália é uma das maiores atrizes de todos os tempos, foi muito inspiradora para mim ao longo da vida, até hoje, então é claro que é uma responsabilidade linda”, afirmou a atriz ao Próximo Capítulo.

Ardilosa, armadora, oportunista e cruel, Miriam é uma das maiores vilãs da novela, mas sua intérprete se permite evitar julgamentos. “Gosto de dizer que, para fazer uma personagem de maneira vertical, não podemos julgar e, sim, temos que entender os caminhos que fizeram e fazem ela agir dessa maneira. E esses labirintos pela qual a personagem me leva são bem estimulantes para qualquer atriz. Uma personagem recheada de conflitos internos, máscaras, cheia de mistérios”, argumentou.

Sergio (Marcos Caruso) é a maior vítima das maldades de Miriam (Paula Cohen), em Elas por elas

Melhor atriz

Com uma carreira sólida no teatro, na tevê e no cinema, Paula se consagrou em diversos trabalhos, que lhe renderam prêmios importantes. Em 2021, ela ganhou o Prêmio APCA de melhor atriz em televisão por sua atuação na novela Nos Tempos do Imperador, interpretando Lota. “A personagem foi de composição, sempre feita com muita verdade. Digo que, quando existe verdade, a personagem pode ter tintas fortes, um desenho mais marcante, mas cabe, e sempre caberá na linguagem, na dramaturgia televisiva. Onde há verdade, há tudo. E a Lota era isso uma figura absolutamente diferente de mim, que eu me divertia muito fazendo. Levava a sua personalidade aos extremos e adorava trocar com meus colegas, atores brilhantes”, comemorou.

Na tevê, Paula Cohen, de 49 anos, é conhecida por personagens com uma pegada mais cômica, mas ela entende que, mesmo nessas composições, existem camadas dramáticas. “Quando pensamos em Lota e mesmo em Rosicler, de I love Paraisópolis, a comédia era a linguagem estabelecida, embora a Lota, quando perdeu o filho, teve uma virada bem trágica. Já a Miriam começou com mais humor, mas eu penso nela como uma personagem que carrega uma sociopatia forte em sua personalidade, então, acho que ela lança mãos de máscaras, tipos e estados, para conseguir o que quer. Às vezes ela está densa e dramática e, às vezes, ela usa do subterfúgio da graça, da inteligência do humor. Ela é multifacetada”, argumentou a atriz.

Paula Cohen ressaltou que também fez personagens dramáticas na tevê. “É o caso da Feitora Terrível de Liberdade, liberdade, da babá surtada em 13 dias longe do sol e até a Milagros de Eu a Vó e a e a Boi, que trazia um rasgo trágico no seu DNA. Sou uma atriz absolutamente versátil, vou da comédia à tragédia passando pelo drama e farsa, e digo isso sem nenhuma arrogância; apenas tenho uma trajetória de muita preparação para exercer o meu ofício na sua maior potência”, concluiu.

Cinquentinha

Além da novela, a filha de uruguaios nascida no Brasil está no filme Rodeio Rock (2023), onde interpretou Matilde, primeira dama de uma cidade, “uma mulher despachada, divertida e cheia de vida”. Multifacetada, a atriz está trabalhando na produção de seu novo espetáculo, chamado Finlândia, do dramaturgo francês Pascal Rambert. No palco, ela estará em cena com o marido, Jiddu Pinheiro e acrescentou que será uma espécie de celebração. É que Paula celebra, em abril, 50 anos. “Me sinto feliz. Olho para o tanto de coisas que tenho feito, muito cedo escolhi o que queria fazer da vida, o meu caminho de artista, e olho para essa estrada que trilhei até aqui, tenho muito orgulho do caminho. Muitos desejos pela frente para trilhar, nos próximos anos, mais filmes, séries e novelas. E também, por eu ser parte uruguaia, e já ter feito alguns filmes lá fora, Argentina e Uruguai, quero e vou, nestes próximos anos, estreitar mais esse diálogo com a produção audiovisual latino-americana”, adiantou.

Em relação ao etarismo, especialmente no que diz respeito às mulheres, Paula é taxativa: “Temos é que mudar esse paradigma. Não pode ser que a juventude seja o tema único, ou mais interessante para uma população que está ficando maioritariamente mais velha. É preciso explorar a dramaturgia para todos as fases da vida, retratando as pessoas com seus conflitos reais, sem estereótipos. Quero ver dramaturgia com protagonismo de mulheres de 70, 80 anos”. E finalizou afirmando estar pronta para atuar até o fim da vida. “Com muito vigor e entrega da mesma forma que fazia quando tinha vinte anos só que com muito mais bagagem e recursos como atriz”.