Chef francês Olivier Anquier faz parte da história da inserção da culinária na tevê. Ele relembra a trajetória e fala da atração atual, o Bake off Brasil
Programas dedicados à culinária são uma marca da televisão brasileira. Esse gênero, que hoje é sucesso entre o público em geral, passou por mudanças nos últimos 30 anos. A transformação tem as mãos de alguns nomes, entre eles, do chef francês radicado no Brasil Olivier Anquier. Ele foi um dos pioneiros nos diferentes formatos que misturam televisão e gastronomia.
A primeira experiência foi em 1996, na Record, com o programa Forno, fogão & cia. Na atração, testou o modo próprio de apresentação, em que vai além das receitas. “Inseri uma maneira de cozinhar contando história. Coisa que os apresentadores da época não faziam. Eles eram mais concentrados na receita. Resolvi incluir as histórias para, justamente, enriquecer o conteúdo, porque eu acho que a televisão é um grande meio de educação”, afirma em entrevista ao Correio.
A partir daí, acumulou produções do gênero. Fez um quadro em 1998 para a Globo, durante a Copa do Mundo; no ano seguinte, lançou o Diário do Olivier, no GNT. Depois, voltou à Record para o Domingo espetacular. Retornou em 2016 e ficou até 2018 no GN. Entre as atrações que comandou, o primeiro programa de competição culinária da tevê, Cozinheiros em ação!. “Acredito que tenho feito um trabalho muito importante para a televisão brasileira. Fiz essa passagem do passado para o moderno da gastronomia. Depois dos meus programas, nasceram dezenas de outros. Também sou pioneiro nos realities. Fiz o primeiro reality culinário da tevê, sendo um programa e não um quadro”, lembra.
Experiência de Olivier Anquier como jurado
Há três anos, Olivier está no time do SBT, onde, atualmente, é um dos jurados do reality show Bake off Brasil, uma disputa dedicada à confeitaria. Na quarta temporada, a atração teve que passar por mudanças por conta da pandemia da covid-19. “Está um pouco diferente do usual. Uso de máscaras, de luvas, há uma tela transparente entre cada bancada. Não podemos nos aproximar muito dos participantes. Eu, Beca (Milano, jurada) e Nadja (Haddad, apresentadora) também mantemos um distanciamento. Mudou completamente a operação do programa. Mas não impediu de fazermos um programa interessante, cativo, rico em informações e engraçado, também.”
Ele elogia o elenco da quarta temporada, que define como interessante, e conta que avalia os participantes de forma muito espontânea. “Tudo que falo, quando estou em ação, é o que sinto, seja com os meus colegas, seja com os participantes. Eu fico completamente solto”, revela ao explicar que a direção do programa, que tem Lucas Gentil no cargo, serve apenas para guiá-lo.
Ainda este ano, o SBT lança o Bake off Celebridades, que substituirá a edição infantil. De acordo com Olivier, a temporada está gravada. Mesmo sem dar detalhes, ele adianta: “Será uma substituição interessante. Foi uma temporada muito legal de gravar. Um astral muito bom. Vi um empenho dos participantes, que levaram tudo de forma muito séria. Eles surpreenderam a gente e vão surpreender o telespectador”.
Duas perguntas // Olivier Anquier
Como você conseguiu perceber lá atrás que a televisão poderia ter espaço para a gastronomia?
Antes de fazer televisão, eu sou um empresário do ramo de restaurante e padaria. Então, na rua, nas minhas operações empresariais eu já estava sentindo que a culinária estava em via de pegar uma consistência no universo da televisão. Porque, na época, não existia a internet como conhecemos hoje, então a televisão tinha esse papel de ser um grande meio de conhecimento. Quis fazer isso dando um acréscimo de conteúdo, trazendo carisma e história num programa de culinária. A partir daí, acredito que a minha inserção ajudou nesse movimento.
Quais são seus planos para quando o Bake off Brasil terminar?
Meu novo projeto é que, assim que terminar, em 12 de outubro, vou treinar todos os dias para em 3 de novembro participar do Rally dos Sertões. Vou participar de moto, sou piloto de moto off road há muitos anos. Já fiz outros rallys, mas essa competição é a primeira. Eu gosto de viver intensamente. Tenho ainda muitas coisas e desejos para fazer.