O reinado da global Sharam Diniz, agora no Brasil

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Supermodel internacional, a atriz angolana Sharam Diniz, de 33 anos, vive Rainha de Sabá em Reis

Patrick Selvatti

Há 10 temporadas narrando as aventuras de homens em suas jornadas de monarquia no mundo antigo, a série Reis, da Record, agora inova, ao trazer os holofotes para uma potente figura feminina pertencente à realeza: Makeda, a Rainha de Sabá. E não se trata de uma rainha comum. Afinal, é uma majestade preta, que representa a realeza africana.

Dando vida à soberana emblemática que chega para virar a cabeça do Rei Salomão (Guilherme Dellorto), está Sharam Diniz, uma atriz angolana que faz a sua estreia no Brasil e compreende a importância dessa representatividade para o povo negro brasileiro. “Espero realmente que (a representação da rainha preta) ajude a diminuir o racismo e, consequentemente, faça qualquer pessoa negra de qualquer parte do mundo perceber que podemos ser o que quisermos com educação, trabalho, dedicação e fé”, afirmou à reportagem.

Aos 33 anos, a artista, que também pode ser vista ao lado de atrizes portuguesas e da brasileira Luana Piovani na série O clube, gravada em Lisboa e disponibilizada no Globoplay, é uma top model internacional. Sua projeção ocorreu aos 17 anos, quando venceu o concurso do Supermodel of the World 2010. Dois anos depois, foi eleita a Melhor Modelo do Ano no Moda Luanda e, em seguida, desfilou como uma das Angels da Victoria ‘s Secret, tornando-se assim a primeira luso-angolana a desfilar para a marca.

Sharam Diniz também foi a primeira angolana a estampar a capa da Vogue portuguesa e já estrelou publicações e editoriais de várias revistas importantes. A bela ainda fez campanhas de dezenas de marcas pelo mundo e participou de grandes desfiles, como Balmain, Calvin Klein, Carolina Herrera e Vivienne Westwood.

Após uma carreira bem-sucedida em Nova York, mudou-se para Lisboa para estrear na novela da TVI A única mulher, em 2015. Três anos depois, ganhou seu primeiro grande personagem na TV em Alma e coração, da SIC. Em 2020, mirou no Brasil, vindo para o Rio de Janeiro fazer mais um curso de interpretação, mas a covid-19 a colocou em quarentena e frustrou seus planos. “Desde a primeira vez, não parei de tentar e de arriscar e hoje, mais do que nunca, acredito que valeu muito a pena”, concluiu a atriz.

ENTREVISTA | Sharam Diniz

Como se deu a sua transição das passarelas e da publicidade internacional para o audiovisual?

Há muito que vinha manifestando o interesse em representação. Em 2015/2016, comecei a fazer cursos de interpretação em Nova Iorque (New York Film Academy e The Barrow Group), após uma pequena participação na telenovela A única mulher, da TVI em Portugal, e percebi que era realmente o que queria fazer pois fiquei com “gostinho de quero mais” e passei a me dedicar de forma mais séria. Anos mais tarde, quando passei no casting para a novela Alma e coração, da SIC, enquanto gravava, em simultâneo também tinha aulas na AMA (Academia do Mundo de Artes), em Lisboa. Assim que terminei a novela, em 2020, fui para o Brasil, no Rio de Janeiro, para outra formação na escola Romer Canhães, sem sucesso, pois se deu a covid e ficamos de quarentena obrigatória. Resumindo: desde a primeira vez, não parei de tentar e de arriscar e hoje, mais do que nunca, acredito que valeu muito a pena.

O que te chamou a atenção para encarar esse projeto no Brasil?

Sou fã da dramaturgia brasileira. Desde muito novinha, assistia a telenovelas e filmes brasileiros, clássicos como Cidade de Deus e Tropa de Elite. E sempre pensava: “Quero muito fazer parte desse nível de atuação. É tudo tão natural e ao mesmo tempo real”. Minhas preces foram ouvidas, da melhor maneira possível. Hoje, posso dar vida a uma rainha, numa época diferente, mas ao mesmo tempo com o mesmo grau de profissionalismo e excelência.

Você compreende o que representa aqui no Brasil esse marco de mostrar ao público uma rainha que era preta?

Como cidadã do mundo, alguém que começou a trabalhar ligeiramente cedo, compreendo que seja realmente um marco histórico, pois como modelo, fora de Angola, já vivi situações menos boas que pessoas da minha etnia vivem diariamente. Então, poder representar alguém da realeza, sendo negra, espero realmente que ajude a diminuir o racismo e, consequentemente, faça qualquer pessoa negra de qualquer parte do mundo perceber que podemos ser o que quisermos com educação, trabalho, dedicação e fé.

Como é para você ser uma mulher preta e ocupar um lugar tão privilegiado em nível mundial, como top model internacional e atriz que atua em produtos de dois países diferentes?

Para além de ser divertido, poder representar vários personagens é também uma benção pois nos permite tirar várias lições de vida e não menosprezar ninguém.

Sua rainha em Reis se encanta pela sabedoria de Salomão. Para você a beleza do homem também deve estar no intelecto?

Com certeza. O físico é “ok”, mas a beleza interior e inteligência é realmente o que me cativa. Estar com alguém com quem eu possa aprender e ser melhor do que ontem.

Quais eram as suas referências brasileiras antes de vir trabalhar no Brasil?

Fernanda Montenegro, Taís Araújo, Juliana Paes, Giovanna Antonelli, Adriana Esteves, entre muitas outras.

Como tem sido a adaptação ao Brasil depois de ter passado por Angola, Portugal e Nova Iorque?

Incrível. Gosto do clima tropical, da música, da comida e desse povo caloroso.

Patrick Selvatti

Sabe noveleiro de carteirinha? A paixão começou ainda na infância, quando chorou na morte de Tancredo Neves porque a cobertura comeu um capítulo de A gata comeu. Fã de Gilberto Braga, ama Quatro por quatro e assiste até as que não gosta, só para comentar.

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