Primeira temporada de O Justiceiro traz personagem que roubou a cena em Demolidor. Leia crítica da série!
Assim que a segunda temporada de Demolidor (ou Daredevil, no nome original) estreou na Netflix, um personagem em especial chamou atenção: Frank Castle. O ex-fuzileiro naval apareceu como uma espécie de vigilante, sob o nome de O Justiceiro (ou The punisher, em inglês), e esteve lado a lado com Matt Murdock, o Demolidor. A inserção do antagonista fez sucesso, muito pela ótima atuação de Jon Bernthal e também por se encaixar muito bem dentro do contexto da temporada. A boa repercussão garantiu ao personagem uma série solo, que teve os 13 episódios disponibilizados nesta sexta-feira (17/11) na Netflix.
A série solo O Justiceiro se passa seis meses após o espectador conhecer Frank Castle na segunda temporada de Demolidor. O ex-fuzileiro, que tem como principal história a perda da família (esposa e os dois filhos) em um piquenique no Central Park, conseguiu se vingar dos responsáveis pela morte dos entes queridos, foi dado como morto e assumiu uma nova alcunha, o trabalhador de obras Pete Casteglione.
Para ambientar o espectador, o piloto de O Justiceiro apresenta esse “novo Frank Castle”, que desconta nas paredes de um prédio em obras a raiva e a revolta que ainda são constantes em sua mente, ao mesmo tempo que insere personagens que serão importantes ao longo da temporada, como Curtis Hoyle (Jason R. Moore), responsável por um grupo de apoio a ex-soldados americanos que voltaram da guerra; Lewis Walcot (Daniel Webber), um militar em crise com “sua missão durante a guerra”, e Dinah Madani (Amber Rose Revah), uma agente do departamento de Segurança Nacional que volta do Afeganistão em busca de localizar os responsáveis pela morte de parceiro.
É preciso ter um pouco de paciência com o primeiro episódio. O ritmo é lento e a sensação é que diversas histórias desconectadas estão acontecendo ao mesmo tempo. É apenas nos minutos finais que o Frank Castle (que nos instigou em Demolidor) aparece. Mas é importante dizer que O Justiceiro que está aqui é, de certa forma, diferente também. O que é bom. Dessa forma, a série solo do anti-herói se descola completamente do universo Marvel/Netflix. E até a presença de Karen Page (Deborah Ann Woll) soa genuína, diferentemente da quase obrigatória escalação de Claire Temple (Rosario Dawson) com o objetivo de unir todas as outras séries do universo.
A partir do segundo episódio, O Justiceiro começa a conectar as pontas que pareciam soltas e estabelece um ritmo para a história. A necessidade de 13 capítulos pode ser contestada, assim como na maioria das outras séries da parceira entre Marvel e Netflix. Em alguns momentos, a impressão que se tem é de que para chegar à quantidade exata de episódios há uma enrolação desnecessária.
Apesar de O Justiceiro dar a impressão de que a história é mais um capítulo de vingança de Frank Castle, um dos grandes trunfos da produção é discutir temáticas que estão presentes na atmosfera do povo norte-americano, como a ausência de apoio aos soldados que voltam dilacerados psicologicamente dos campos de guerra e até a questão das armas nos Estados Unidos.
O outro é simplesmente ter Jon Bernthal de volta ao papel. O ator consegue fazer algo muito difícil: dar empatia ao personagem. Apesar das atitudes contestadas de Frank é quase impossível não abraçar o ex-fuzileiro e, de certa forma, entender todas as suas atitudes causadas pelos traumas do passado. Isso também acontece por conta das cenas de flashbacks, que servem para humanizá-lo e funcionam.