Engajada nas redes sociais, atriz revelada em As five interpreta a protagonista de Mariana Santos na fase jovem da novela das seis
Patrick Selvatti
Uma das características atuais de Elas por elas é que, diferentemente da versão original, a história das sete amigas que se reencontram explora bastante as personagens no passado. Essa tem sido uma excelente oportunidade para os jovens atores que interpretam a fase de flash back da narrativa, especialmente no que se refere ao mistério em torno da morte de Bruno (Luan Argollo).
Quem está nadando de braçadas é Jade Mascarenhas, que interpreta a adolescente Natália — irmã do rapaz que, na fase adulta, é vivida pela veterana Mariana Santos. Para quem não conhece, a atriz atua desde os 16 anos de idade, é formada em artes cênicas pela Escola Superior de Artes Célia Helena e integrou o elenco da série As five, do Globoplay.
Jade conversou com a coluna sobre a novela da Globo, o sucesso da série derivada de Malhação, sua participação no filme O homem de ouro — que será lançado em 2024 —, o engajamento nas redes sociais e a denúncia que fez, no início deste ano, sobre uma importunação sexual sofrida.
ENTREVISTA/ Jade Mascarenhas
Como tem sido o entrosamento do elenco jovem da novela?
Para a maioria do elenco do flashback, tirando a Kiria Malheiros talvez, que fez novelas na infância, é nossa primeira vez na Globo. Temos uma cumplicidade linda no set de se ajudar, filmar o backstage da cena um dos outros e até dar feedbacks. Também saímos com alguma frequência.
Sua personagem, Natália, na fase madura, vive atormentada pelo passado. Como você faz para imprimir em cena essa prévia para justificar as atitudes da personagem na interpretação da Mariana Santos?
Pesando a mão na obsessão que ela tinha pelo irmão. Ele provavelmente era a primeira referência de segurança e controle.
Como você lidou com o grande sucesso de As five? Esperava tanto sucesso?
O sucesso já vinha desde Malhação, resultado da união de meninas incríveis, fala sério, Ana Hikari, Daphne Bozansky, Manu Aliperti, Heslaine Vieira e Gabi Medvedovski conseguiram arrastar um público fiel por anos! Jovens geniais, simplesmente. É uma série muito honesta sobre juventude, fala sem tabus sobre sexualidade, religião, sexo, maternidade na adolescência… É muito importante. A temporada que participei teve a condição genial da Dainara, que deixou tudo perfeito.
O que o público pode esperar do filme O homem de ouro? Como é a sua personagem?
Minha personagem é sobrinha do Mariel Mariecot (Renato Góes) e tem uma relação muito íntima e cúmplice dele. Em certa altura, ainda adolescente, ela vai ajudá-lo a esconder seus crimes e acompanhá-lo em missões. Foi a personagem mais rica que já fiz, com certeza, assisti tanta coisa sobre adolescentes um tanto quanto perturbadas…
Seus vídeos são um sucesso. Como surgiu a Jade engajada e a ideia de gravar esses conteúdos?
Com a necessidade de fazer minha própria vitrine. Eu sempre fui muito engajada na escrita, durante minha faculdade eu criava muito. Na pandemia, escrevia realmente diários do que estava acontecendo (ainda hoje escrevo). Foi uma época também que me politizou muito, então inevitavelmente minha escrita ganhou um cunho de revolta e ativista. Quis ir para a internet como uma tentativa final de mostrar meu trabalho de atriz e roteirista também. Não coleciono milhões de seguidores, mas deu certo. Com vários trabalhos audiovisuais, não consegui me dedicar nos últimos tempos a criação, mas está na minha lista de prioridades, eu nunca quero deixar de criar com propósito, seja vídeos pra internet, seja peças, seja personagens ou roteiros quem sabe
No início deste ano, você relatou ter sido vítima de assédio em transporte público. Em que momento você sentiu que era importante compartilhar esse episódio?
Acho que como pessoa pública temos o poder de compartilhar experiências que os outros também passam mas não compartilham. Não queria que tivessem pena de mim, queria que, na próxima vez que passassem por isso, não pensassem duas vezes antes de denunciar
O que você avalia da repercussão do fato?
É difícil falar sobre traumas abertamente porque dá muita abertura pra comentários maldosos, gente questionando minha dor, utilizando meus privilégios como apagador de fatos, citando que “você nem está tão mal assim” ou “acontecem coisas muito piores com mulheres todos os dias”. Eu não sei se teria psicológico pra expor novamente uma situação dessa. Espero que sim.