Exibida originalmente em 2007 e nunca reprisada em canal aberto, folhetim de Gilberto Braga volta no Vale a pena ver de novo
Patrick Selvatti
Reverenciar a obra de Gilberto Braga nunca é demais. Morto há dois anos, o novelista é (assim, no presente mesmo) um gigante da teledramaturgia que fez literalmente História. Lembrado por clássicos como as novelas Escrava Isaura (1976) e Vale tudo (1988) e as minisséries Anos dourados (1986) e Anos rebeldes (1992), a sua obra vai muito além. Nem todas as suas obras foram aclamadas, mas todas, de alguma forma, são memoráveis. É o caso de Paraíso tropical, de 2007. Não arrebatou multidões, mas tem seu lugar de destaque no imaginário afetivo.
Criada e escrita com Ricardo Linhares, com direção de núcleo de Dennis Carvalho, a história das gêmeas antagônicas Paula e Taís (Alessandra Negrini) chega nesta segunda-feira (27/11), pela primeira vez, ao Vale a pena ver de novo.
Passados 16 anos da exibição original, Tony Ramos, no ar em Terra e paixão, celebra a reprise. “É bonito ver de volta essa novela para uma geração que não assistiu. Imagine um jovem de 25 anos que à época tinha 8, 9 anos de idade e agora pode rever ou pela primeira vez assistir. E afirmo: assistirá a uma grande e das maiores novelas da TV brasileira”, afirmou o ator veterano, que deu vida ao poderoso empresário Antenor Cavalcanti, em torno do qual gira a trama.
Ambientada em Copacabana, com toda beleza e contradições que o tornam um bairro-símbolo do Rio de Janeiro, o folhetim fala sobre cobiça e ética e reúne personagens marcantes como o bom moço Daniel (Fábio Assunção), que tenta escapar da cova dos leões: a arrivista Taís, o mau-caráter Olavo (Wagner Moura), a controversa Bebel (Camila Pitanga) e a decadente Marion (Vera Holtz) e o todo-poderoso Antenor, seu padrinho e patrão.
Alessandra Negrini enfrentou o desafio de interpretar duas personagens idênticas e opostas, especialmente quando as gêmeas contracenaram. “As cenas eram inacreditáveis, difíceis de executar”, recorda, mas ressaltando que gostava de sair de “uma e entrar em outra”. A atriz resume: “É um novelão como poucos, daqueles de se deliciar, com uma trama boa e grandes atores!”
Uma das maiores lembranças de Paraíso tropical, com certeza, é a icônica Bebel. Linda, atraente e sem caráter, a personagem de Camila Pitanga era uma prostituta de calçadão que viveu um romance com o vilão Olavo e aprontou muito— com diversos bordões que caíram na boca do povo, como “catiguria” e “cueca maneira'”. É, sem dúvida, a grande atração que o público poderá (re) ver no novelão.