A nova produção da HBO Max finalmente chegou! Gossip girl não é um remake e segue receita que transformou antecessora em sucesso
Poderíamos começar este texto com tantos bordões de Gossip girl que provavelmente já seria “over”. Entre o “XOXO”, “Spotted” e o “Who am I?”, a produção que fez sucesso nas telinhas da CW ainda em 2007, voltou — com mesmo nome, mas uma história diferente. Na Gossip girl de 2021 (agora da HBO Max), a elite do Upper East Side ganhou importantes atualizações, mas se manteve no tom divertido e ácido da produção original.
O piloto de Gossip girl, chamado Just another girl on the MTA, chegou ao HBO Max no último 8 de julho. O segundo, She’s having a maybe, está previsto para 15 de julho. A primeira temporada será composta de 10 episódios liberados semanalmente.
A nova Gossip girl não é um remake, está mais perto de um reboot, uma continuação. Os novos personagens endereçam e fazem referências aos colegas do passado. A vertente de originalidade da série é relativa. Os novos teens não são os velhos personagens, porém, de certa forma eles ocupam as posições de um ou outro nome da trama original (e a própria série pontua isso de forma clara). Um exemplo é a relação de amor e ódio entre Julien (Jordan Alexander), na posição de Blair (vivida em 2017 por Leighton Meester), e Zoya (Whitney Peak), lembrando Serena (originalmente interpretada por Blake Lively).
Mas calma, vamos por partes.
Tudo novo (de novo) em Gossip girl
Cuidado, spoilers a seguir:
Mesmo Julien (J) e Zoya (little Z) soando como Blair e Serena, elas, na prática, guardam importantes diferenças das personagens originais. As duas, na nova versão, são irmãs por parte de mãe, e se amam — pelo menos a principio. O relacionamento da matriarca com o pai de Julien não deu certo e a mulher acabou engatando um novo relacionamento com o pai de Zoya e tendo a jovem logo antes de morrer.
Agora, com a chegada de Z, as duas estão juntas na Constance St. Jude, prestigiada escola de arte para a elite de Nova York. O complicado mesmo vai ser os amigos de Julien darem uma chance para Z, a garota que cresceu fora daquele universo de riqueza.
O grupo, inclusive, compôs importante diversão do piloto. Emily Lind interpreta Audrey, que é uma amiga de infância de J e tem um romance com Aki (Evan Mock). A relação, contudo, passa por um momento complicado, tendo em vista a atração da moça por Max (Thomas Doherty), um riquinho de gênero fluido que está querendo se meter na relação sexualmente falando — sim, no melhor estilo Carla, Polo e Christian, de Elite.
O grupo de “ninjas” ainda tem Luna La (Zión Moreno) e Monet (Savannah Lee Smith), também amigas próximas de J. Eles farão tudo para defender o “reinado” da BFF em Nova York. Por fim, Obie (Eli Brown) é um herdeiro que faz o melhor estilo comunista (e mais distante dos sete). O rapaz é namorado de J, mas acaba se apaixonando pela irmã, Z — isso é Gossip girl no seu estado mais puro.
Juntos, os sete personagens conseguem imprimir à nova Gossip girl uma dose quase exagerada da geração Z. Esteja preparado para referências muito jovens, uma imersão na vida em redes sociais (todos os personagens tem um perfil no Insta. Lembrando que para eles, Twitter já é coisa de velho), diálogos rápidos, ácidos, cheio de maldades em mundo onde rótulos de orientação sexual não importa — pelo menos não tanto quanto importa o status social ou o número de seguidores.
O grupo funciona. Cada um tem um papel importante (pelo menos neste piloto) e ajudam a história a caminhar de forma mais dinâmica — mesmo ainda ficando um passo atrás de J e Z. Vale lembrar que os pais, pelo menos nesta primeira parte, estão totalmente fora de foco (a presença dos adultos na Gossip girl “original” foi um problema e levantou substanciais críticas na época).
A grande novidade
Talvez a grande carta na manga da nova Gossip girl seja a revelação de quem é a Gossip girl. De forma surpreende, o piloto já deixa claro que o público vai ficar sabendo quem é a “Who am I”: um grupo de professores! E sim, a explicação funciona.
Ganhando pouco, sendo humilhada por alunos riquinhos (que não sabem o que é pegar metrô) e estando constante ameaça por pais milionários — e irresponsáveis com os próprios filhos, Kate (Tavi Tulle) e um grupo de professores enxergam nas fofocas contra os alunos uma forma de se defender, e tentar manter os teens “com os pés no chão”.
A novidade não é muito ortodoxa, mas funciona. E sinceramente? Criticar essa perspectiva — em um série que tem outras prioridades, como é o caso de Gossip girl — é o que realmente não faz muito sentido. Como o piloto deixa claro, a estratégia da professora funciona.
Não é novidade, mas também é bom
Talvez não faça muita diferença para quem só quer assistir e se divertir com a nova Gossip Girl, porém um detalhe vale ser comentado sobre a produção: os “retornos” nos bastidores. O mais importante deles é o de Eric Daman. O figurinista da edição original está de volta — e que acerto da HBO Max! A identidade fashion de Gossip girl é algo que outras poucas produções na TV alcançam, e mesmo em 2021, ainda consegue falar por si só. Além de Damam, também voltou Josh Schwartz, que na versão original era o showrunner, agora fica na produção executiva. E por fim, mas não menos importante, a narração das fofoquinha também voltou para a voz de Kristen Bell.
Hit?
Em síntese, a nova Gossip girl não veio querendo um sucesso de crítica. A ordem aqui é ser pop e divertida, e nessa receita — como é de costume — algumas idiossincrasias rolam (como um professor tirar fotos de alunos semi-nus pela janela). Porém, o grande campo de ação de Gossip girl é a diversão, os draminhas teens, as piadinhas infames e um mergulho em um mundo de privilégios e abusos. E neste campo, a nova GG tira a tarefa de letra.