Em um oceano de campeonatos musicais na tevê, The Four não consegue se destacar
Em 11 de junho de 2002, chegava à tevê pelo canal Fox uma verdadeira inovação em programas musicais. American idol dava o ar da graça com uma superestrutura, arrebatando o mundo com talentos que se tornaram famosos no mundo da música. Após o estrondoso sucesso do programa, a onda de reality shows musicais invadiu as telinhas, com títulos como America’s got talent, The voice, The X factor, e agora The four.
Ironicamente, após 16 anos, The four foi justamente a aposta da Fox para substituir American idol – já que este foi para o canal ABC e, inclusive, tem estreia marcada para março na emissora. Entretanto, dificilmente, o reality, que conta com Meghan Trainor, Charlie Walk, DJ Khaled e Sean Combs “Diddy” como jurados e Fergie como apresentadora, emplacará tanto quanto o antecessor.
The four, que estreou no começo de janeiro nos Estados Unidos – e, segundo assessoria da Fox no Brasil, segue sem previsão de estreia no Brasil – até tenta montar para si um diferencial, mas não é bem-sucedido. A ideia do programa é mostrar uma arena de competição entre os cantores. Os participantes competem entre si por quatro cadeiras durante seis semanas, sendo que no final o público escolhe o melhor.
Dinâmica de The four
O programa selecionou quatro cantores (sim, do nada), e posteriormente outros chegam e desafiam algum desses quatro. Os jurados que precisam “permitir” o desafio, e depois, a audiência escolhe o que vai ficar na cadeira. A rotina é simples e as quase duas horas de programa tornam o processo uma repetição cansativa.
A ideia da exclusão das audições para tentar apresentar maior profissionalismo dos cantores não funciona muito, pelo simples fato de que algumas apresentações são péssimas, e poderiam ter ficado “nas audições”. Outro grande problema são os jurados. Por mais que as vinhetas insistentes teimem em empurrar os quatro como “os maiores da indústria”, “quem tem o segredo do sucesso” e por ai vai, o público sabe que isso não é totalmente verdade.
Óbvio que eles são bem-sucedidos, mas nenhum dos quatro tem grande repercussão – ou experiência – no topo das paradas, e dificilmente ajudarão o ganhador a se tornar “a próxima lenda da música”. Além disso, é importante lembrar que o formato não é tão inédito assim, já que o The X factor tem um próprio “6 chair challenge” em que os participantes também precisam lutar por um salvamento.
As apresentações musicais são simples, e com exceção de Zhavia, os cantores dão a impressão de tanta imaturidade musical que chega a dar agonia. A escolha da trilha sonora também é muito estranha, entre adaptações de faixas de um gênero para outra, a impressão que fica é: “talvez, no estilo original, tivesse ficado melhor”.
Ponto positivo de The four
Um dos aspectos positivos da atração é a sua apresentação. Por mais surpreendente que seja não ver a ex-Black Eyed Peas na bancada dos jurados (eu, pelo menos, acho que ela tem mais experiência com o “sucesso” que a Megan, Khaled e o Diddy juntos), Fergie faz um trabalho impecável mantendo o a velocidade do programa e o alto-astral da atração.
Entretanto, ela sozinha não tem a capacidade de manter o ritmo da produção. No final, a impressão que fica é a de que os executivos da Fox deviam ter aprendido sobre a máxima: ao entrar no ring de grandes reality shows musicais, é bom ter a certeza de qualidade, ou ele será apenas mais um entre tantos outros.
Confira a performance de Zhavia e Kendyle Paige: