No limite Amazônia: Dedé vence a temporada com mais alma de Survivor

Publicado em Programas, Reality show, Séries

Ao se aproximar mais do original, No limite Amazônia termina, nesta quinta-feira (17/8), provando que tem fôlego e musculatura para mais temporadas

 

Por Patrick Selvatti

Com colaboração especial de Elton Pacheco

 

Dedé é o grande vencedor de No limite Amazônia. Após um retorno triunfante, em repescagem eletrizante, o paratleta paulista de 45 anos superou limites e conquistou o título ao ganhar o desafio final do programa, exibido na noite desta quinta-feira (17/8), na Globo. Ele leva para casa a bolada de R$ 500 mil.

 

No limite Amazônia: encanto e medo na selva 

 

Após duas edições atropeladas pela gestão Boninho — uma exclusivamente formada por ex-BBBs e outra inchada com 24 anônimos —, a terceira temporada da retomada — a sétima da versão brasileira de No limite, interrompida em 2009 com uma edição catastrófica — foi anunciada com a promessa de se aproximar ainda mais de Survivor — um grande sucesso mundial. Logo de cara, o programa veio sob nova direção. No comando, Rodrigo Gianetti, que também assina o excelente A ponte, da HBO Max.

Essa é a segunda temporada que não conta com o Big Boss na linha de frente. A primeira foi o No limite 2, em 2001, que, por “coincidência”, foi a que mais se aproximou do formato original, assim como a deste ano. A fotografia, o estilo documentário e o foco nas relações sociais fizeram parecer que o No Limite não apenas mudou de direção, mas recebeu um olhar respeitoso depois de tantos anos sufocando e literalmente lutando pela sobrevivência no Brasil. E um grande mérito disso, com certeza, é a apresentação, pela segunda vez consecutiva, de Fernando Fernandes,  muito melhor que na temporada passada — inclusive, utilizando várias frases que são de Jeff Probst, apresentador de Survivor.

Ambientado em um local mais desafiador — que também serviu de locação para a sexta temporada do Survivor, dos EUA, em 2003 —  o reality show versão Amazônia agradou os fãs do original ao tirar do público a decisão sobre quem seria o vencedor, abusou dos ídolos de imunidade escondidos e retomou o formato de um júri com poderes de decisão. Os dramas do jogo social também apareceram, ainda que timidamente, muito mais presente no participante Fúly — um fã declarado, sócio da comunidade brasileira de seguidores do formato original e jogador inveterado da versão on-line do programa.

 

Rai, Carol, Dedé, Fuly e Greici, os cinco semifinalistas de No limite Amazônia | Crédito: Reprodução

Puro suco

Como pontos altos, destaque para as reviravoltas no enredo, como a repescagem de um eliminado por meio de uma prova onde as alianças eram determinantes. Houve, ainda, a jogada estratégica de Paulo Vilhena ao destinar seu poder de imunidade a Fúly quando este estava na berlinda — simplesmente porque queria desistir do programa —, o que garantiu a sobrevida de um dos participantes com mais “sangue nos olhos” para vencer, e que chegou à grande final.

O público raiz também vibrou com a manipulação mental feita por Carol Nakamura e Fúly para que Greici mudasse seu voto e eliminasse a amiga Paulinha. Um plot twist incrível foi terem adotado a regra de Survivor em caso de empate: se não houver consenso, ou seja, se alguém não mudar o voto e desempatar, os dois votados ficam imunes, e os restantes tiram na sorte quem sai. Isso foi um acerto imenso e fez com que Greici mudasse de lado no penúltimo episódio, eliminando a aliada. Puro suco de Survivor.

As provas dessa temporada de No limite também beberam muito da fonte de Survivor, sem deixar de lado a adaptação bem brasileira. Uma mistura que só prova que dá certo quando é bem feito.

Gostinho de quero mais

Entre os pontos baixos, além da ausência sentida da icônica prova da comida — que já colocou os participantes diante de texturas, cheiros e sabores exóticos como os do lendário olho de cabra —, podemos assinalar a escalação de quatro famosos e uma ex-participante. Em relação a esta, Pipa, vice-campeã da primeira edição, de 2000, foi precocemente eliminada e ainda não teve a oportunidade de ser repescada. Nome forte do jogo no passado remotíssimo dos primórdios do programa no Brasil, ela não vingou porque não jogou bem. Vale lembrar que trazer ex-participantes para novas temporadas é bem comum no formato original. Pipa, enfim, poderia ter rendido muito.

Também foi questionável a agilidade com que a temporada foi exibida, deixando a sensação de que muito mais poderia ter sido explorado na dinâmica. O programa final, por exemplo, contou com cinco participantes no jogo, além do júri formado por sete eliminados. Os fãs, entretanto, têm consciência de que foi estratégia da emissora para ver se vingava ou não. A última cartada da Globo para ver se vale o investimento e renovar o formato. 

O No limite Amazônia termina “grandona” e com missão cumprida, provando que tem musculatura para mais temporadas. Inclusive, há esse movimento pedindo renovação. No Twitter, a comunidade Survivor — gigante — tem subido a #RenovaGlobo, porque esta temporada trouxe fôlego para o formato, que não estava sendo bem aproveitado no Brasil.