Atriz Nicette Bruno nos encantou com talento e com um sorriso capaz de fazer muitos de nós sorrirmos
Do alto dos seus 1,52m de altura, a atriz Nicette Bruno se agigantava ao ouvir o “gravando” em um estúdio ou ao subir num palco para encenar um espetáculo. A atriz nos deixou neste domingo (20/12) aos 87 anos, devido a complicações da covid-19 e abre uma lacuna na televisão brasileira, da qual participou da história desde a década de 1950, quando nos acostumamos a querer abraçar Nicette ー atriz de poucas vilãs na carreira.
Nome criado nos palcos, Nicette começou na televisão fazendo os teleteatros da TV Tupi ao lado de nomes como Fernanda Montenegro, Fernando Torres e Nathalia Timberg. As novelas chegaram em 1967 com Os fantoches, escrita por Ivani Ribeiro e dirigida por Walter Avancini na TV Excelsior.
De lá para, Nicette deu vida a várias mulheres. Todas encantadoras e muitas criadas por Ivani Ribeiro, com quem trabalhou em A muralha (1968), O meu pé de laranja lima (1970), Camomila e Bem-me-quer (1972) e Mulheres de areia (saindo do comum como a cômica Julieta Sampaio da versão de 1993).
Em Éramos seis (1977), Nicette se tornou essa figura a quem todos querem por perto. Um sorriso que contagiava o público. Nicette e sua Dona Lola quebravam a tal da quarta parede e chegavam para tomar café na sala do público. Assim como era com a Dona Benta da versão de O Sítio do Picapau Amarelo dos anos 2000. Era difícil imaginar uma atriz para viver a personagem imortalizada por Zilka Salaberry décadas atrás. Nicette conseguiu.
Foi bonito ver a homenagem feita a Nicette na versão recente de Éramos seis, como a freira Joana, que se encontrava com Lola (Gloria Pires) numa sequência de cenas que ainda incluía Irene Ravache (a dona Lola da versão do SBT).
Nicette ainda brilhou em Alma gêmea (2005) e Órfãos da terra (2019), sempre nos lançando esse olhar generoso e acalentador. É como se Nicette deixasse a todos nós órfãos.