Nando Cunha faz da arte um grito contra a invisibilidade

Compartilhe

Ator Nando Cunha comemora o bom momento da carreira nos palcos, no cinema, com um Kikito de melhor ator, e nas telinhas, como Pentephres, da novela Gênesis

O momento da carreira do ator Nando Cunha é especial. Ele ganhou o Kikito de melhor ator no Festival de Cinema de Gramado e comemora “o melhor trabalho em TV” como o Pentephres, da novela Gênesis. Em comum, os dois trabalhos contribuem para tirar o negro da invisibilidade, muitas vezes retratada no audiovisual e na teledramaturgia.

“Só de Gênesis mostrar um negro fazendo um nobre sacerdote do Egito, bem sucedido, já ressignifica o olhar para nós. A teledramaturgia e o audiovisual, por muito tempo, nos colocaram sempre como bandidos ou serviçais. Essas oportunidades têm que ser mais normatizadas, temos que ter mais personagens desses para nós na TV, no cinema, no teatro. Somos 56% da população, consumimos, fazemos parte do PIB deste país – além da construção com a nossa cultura e anos de força de trabalho. Portanto, temos que começar a nos enxergar como pessoas comuns”, reflete o ator, em entrevista ao Próximo Capítulo.

Crédito: Valmyr Ferreira Luz/Divulgação. Antônio Pitanga e Nando Cunha no espetáculo O filho do pai

“Com Pentephres eu pude exercer, de verdade, o meu ofício de ator. Um personagem sem estigmas ou estereótipos; um homem amoroso, sensível, diferente de como nos veem (raivoso, violento). Ou seja, interpretei um ser humano, e não ‘um negro’”, completa Nando, que está com a agenda cheia. Nos últimos meses, ele fez três filmes para a Netflix, Gênesis e o filme Os Malês, de Antonio Pitanga.

Isso sem falar no Kikito como melhor ator em Gramado pela performance em O novelo. “O novelo se tornou um filme de protagonismo negro a partir de um posicionamento meu em 2017, também em Gramado. Com todo respeito e gratidão à diretora Claudia Pinheiro, se eu não fizesse aquele discurso em prol de mais oportunidades para nós, atores negros, eu ainda ficaria invisível. Mas, por sorte e pelos deuses do acaso, o filme se transformou num lindo filme, delicado, sensível e traz um olhar diferente para nós. Historicamente, o audiovisual sempre nos colocou com armas na mão, e o filme mostra cinco homens pretos com novelos nas mãos. Talvez seja essa a melhor resposta para esse histórico de estereótipos e estigmas. O novelo mostra esses homens pretos com sutilezas, fragilidades, especificidades e humanidades, simplesmente sendo humanos” afirma. Vale ressaltar que o prêmio por O novelo foi o segundo Kikito do ator, vencedor em 2017 pelo curta Teleentrega, de Roberto Burd.

Incansável, Nando Cunha também tem projetos para os palcos. Sim… no plural! Ele se prepara para retomar os espetáculos Filho do pai, ao lado de Antônio Pitanga, e o monólogo Sambas e outras histórias. Além disso, o ator tem o projeto de viver Almir Guineto no teatro, “um espetáculo sobre a vida desse grande mestre da música.”

Vinícius Nader

Boas histórias são a paixão de qualquer jornalista. As bem desenvolvidas conquistam, seja em novelas, seja na vida real. Os programas de auditório também são um fraco. Tem uma queda por Malhação, adorou Por amor e sabe quem matou Odete Roitman.

Posts recentes

Com Grazi Massafera, Dona Beja estreia em fevereiro na HBO Max

Plataforma de streaming marca data para disponibilizar a nova novela original, que traz Grazi Massafera…

2 semanas atrás

Marina Rigueira celebra destaque de personagem em “Dona de mim”

Ela vive a advogada Vivian, que ganha profundidade na relação com a família Boaz na…

3 semanas atrás

Arthur Monteiro celebra realização de sonho com “Arcanjo renegado”

O ator Arthur Monteiro, 41 anos, estreia no Globoplay na quarta temporada da série de…

3 semanas atrás

Após cangaço, Romeu Benedicto mergulha na máfia dos jogos

Em Os donos do jogo, da Netflix, ator vive o deputado Mandele Neto, autor do projeto…

3 semanas atrás

Análise: Avenida Brasil 2 — como seria a nova história?

Em meio às especulações sobre a continuação do sucesso escrito por João Emanuel Carneiro em…

4 semanas atrás

Análise: Um novo e necessário olhar para o coração do Brasil

Tevê e streaming se voltam para o Brasil central, entendendo que há muito mais por…

4 semanas atrás